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À medida que as regulamentações sobre jogos de azar se tornam mais rigorosas, uma nova categoria de jogo começa a ganhar espaço nos cassinos — uma que não depende da sorte e, em muitas jurisdições, sequer é classificada como jogo de azar.
Em entrevista exclusiva à SiGMA News, o cofundador e CEO da MegaFair Games, Yan Shif, explica por que os jogos de habilidade podem representar uma alternativa valiosa às tradicionais slots. Segundo ele, esse novo modelo pode atrair uma nova geração de jogadores e ainda contornar as barreiras regulatórias.
“Percebemos que ninguém estava oferecendo jogos casuais de habilidade para o setor de iGaming”, conta Shif. “É um mercado enorme, onde os jogadores entram em torneios, pagam uma taxa de inscrição e disputam um prêmio com base na sua performance. Nada de RNG, nada de sorte — apenas uma competição justa.”
A primeira leva de jogos da MegaFair inclui paciência (solitaire), bingo, jogos de pesca e o “Mega Candy Cash” — um título visualmente semelhante a slots, mas com decisões estratégicas ao longo da partida. Apesar do visual familiar, a lógica é diferente: o resultado não é aleatório, e sim determinado pelas escolhas do jogador.
“Você ainda vê as tradicionais linhas de pagamento, como em qualquer slot”, explica Shif. “Mas é você quem escolhe os símbolos que vão preencher essas linhas. Quanto melhor a combinação, mais pontos você marca — e quem fizer a maior pontuação leva o prêmio.”
Todos os participantes competem sob as mesmas condições. “Mesmo layout, mesmos símbolos, mesma ordem, mesmas regras”, destaca. “Ninguém tem vantagem. Tudo depende da sua habilidade.”
Como não há uso de geradores de números aleatórios (RNG), esses jogos não são classificados como apostas em grande parte do mundo. Isso os torna mais fáceis de implementar e promover.
“Como o jogador não está enfrentando a ‘casa’, em cerca de 85% do mundo — incluindo 45 estados norte-americanos — esses jogos só precisam de uma análise jurídica para serem liberados”, diz Shif.
Em mercados como o Reino Unido, esses jogos também ficam fora da alçada das autoridades reguladoras, desde que não sejam usados para promover conteúdo tradicional de cassino.
Como em qualquer jogo multiplayer, existe o risco de conluio entre jogadores. Mas Shif afirma que a plataforma já foi desenvolvida para evitar isso desde o início.
“Você não pode escolher o adversário nem jogar contra um amigo. O sistema faz o pareamento automaticamente, com base no seu nível de experiência”, afirma. “Mesmo que duas pessoas tentassem trapacear, as chances de caírem no mesmo torneio são estatisticamente ínfimas. Tipo ganhar na loteria.”
Além disso, os jogos seguem uma estrutura fixa: não há formas de manipular o resultado. Nada de bônus, vantagens ou compras dentro do jogo. E as condições são sempre iguais.
Embora os jogos de habilidade sejam novidade nos cassinos, o público já está familiarizado com esse estilo. Muitos jogadores alternam entre slots e jogos casuais, e essa interseção vem crescendo.
“Já vimos que jogadores de slots e de habilidade costumam se misturar”, comenta Shif. “Os usuários mais jovens, principalmente, preferem jogos em que suas escolhas influenciam diretamente o resultado.”
Curiosamente, os jogadores tendem a apostar mais por rodada em jogos de habilidade do que em slots. “Na Índia, por exemplo, as apostas em slots variam entre cinco e dez centavos. Nos nossos jogos, geralmente giram em torno de um dólar”, explica. “Não é só sobre girar. É sobre jogar bem e vencer.”
Para os operadores, os jogos de habilidade também representam vantagens de marketing. Eles não estão sujeitos às mesmas restrições que os produtos de aposta e costumam ter um custo de aquisição mais baixo.
“Esses jogos são mais fáceis de promover e mais baratos para anunciar”, diz Shif. “A concorrência é menor e há mais canais disponíveis.”
E o interesse dos operadores já começou a crescer. “Um ano atrás, quase ninguém entendia o que estávamos fazendo”, comenta. “Agora estão voltando para conhecer os jogos de novo.”
Um dos principais desafios dos jogos PvP (jogador contra jogador) é a liquidez — ou seja, ter jogadores suficientes para formar partidas rapidamente. A MegaFair resolveu isso conectando todos os sites parceiros.
“Criamos um sistema de pareamento global”, explica Shif. “Se um operador não tiver jogadores suficientes, usamos nossa rede mais ampla para preencher as partidas.”
Ainda é cedo para saber, mas o interesse está em alta. Shif cita como exemplo o sucesso dos jogos do tipo “crash” — que já foram vistos como algo secundário e hoje são populares em mercados como Brasil e Índia.
“Acho que estamos no início do ciclo de adoção”, diz. “Os operadores são conservadores. Eles se apegam ao que dá certo. Mas, cedo ou tarde, vão precisar de novidades para manter o engajamento dos jogadores.”
E quando a nova geração de consumidores de cassino — criada jogando no celular e acostumada à interação constante — se tornar maioria, essas expectativas vão prevalecer.
“Eles ainda vão jogar slots”, finaliza Shif. “Mas slots não serão mais a história toda.”