Talento e vendas antecipadas ganham destaque na era da IA

David Gravel
Escrito por David Gravel
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

A temporada de leilões breeze up de 2025 terminou de forma estrondosa e histórica. No Tattersalls Ireland, o volume de negócios ultrapassou a marca de €10 milhões pela primeira vez na história do evento.

Em toda a Europa, os números mostram um desempenho excepcional em relação ao ano anterior: o Craven registrou um crescimento de 25,7%, a Arqana avançou 24,8% e a Goffs UK teve alta de 12,4%. Novas marcas foram estabelecidas no Craven em dois dias consecutivos: um potro de Acclamation foi vendido por £1,4 milhão para a Godolphin, seguido por um potro de Havana Grey, arrematado pela Amo Racing por £1,75 milhão. A mensagem foi clara: o mercado para potros de dois anos de elite não apenas segue forte – está acelerando.

Mas por trás dos lances milionários e da movimentação intensa dos agentes de sangue puro, uma transformação mais silenciosa está em curso. A inteligência artificial está dando seus primeiros passos reais no ringue de apresentação, começando a moldar o futuro dos leilões breeze up e transformando os galopes em orientações estratégicas. Stephen Davison, Diretor de Operações Comerciais da Pythia Sports, compartilhou com exclusividade à SiGMA News como os algoritmos da empresa estão detectando o que até os olhos mais experientes podem deixar passar.

Os dados por trás das decisões nos breeze ups

“Trabalhamos como um serviço de consultoria que atua lado a lado com o processo tradicional de compra”, explicou Davison. “Ainda há muito espaço para expandir.”

O modelo de IA proprietário da Pythia analisa mais de 100 fatores relacionados a passada, biomecânica e tempo para gerar uma nota de desempenho para cada cavalo nos leilões breeze up. A proposta não é substituir a intuição humana, mas reduzir vieses e atuar como um segundo par de olhos – que não piscam.

“Os treinadores e agentes de sangue puro continuam selecionando os cavalos que mais gostam”, disse Davison. “Eles perguntam: como o lote 73 ou o 105 se saiu segundo os dados? Se nossas pontuações confirmam o instinto deles, eles aprofundam a análise. Se não gostarmos do perfil de passada ou da mecânica da marcha, e o tempo for apenas razoável, talvez deixem o cavalo de lado.”

Essa parceria é essencial. Em vez de romper com a tradição, o modelo trabalha ao lado dela.

O que o modelo enxerga

“Nosso modelo de passada leva em conta mais de 50 fatores individuais. As pessoas sempre perguntam: é o comprimento da passada? É a cadência? Na verdade, é um conjunto de muitos elementos”, explicou Davison. “Não existe um indicador mágico. Mas cada detalhe conta.”

O modelo, descrito como um sistema de “caixa preta”, é treinado com base em dados históricos de vendas e nos resultados posteriores das corridas.

“Ele analisa como os cavalos correram no passado, compara essas pontuações de passada e aprende com o que deu certo ou errado”, acrescentou Davison. “Podemos revisar e ajustar as notas com base no desempenho real nas pistas.”

Claro que, mesmo o modelo mais avançado, não acerta tudo. O que ele não enxerga também é importante. “Não temos acesso aos dados veterinários”, ressaltou. “Você pode gostar de um cavalo, mas se ele não passar na avaliação veterinária, dificilmente será vendido por um preço alto. Às vezes, estamos tentando encontrar valor justamente nesses pontos cegos.”

O cavalo que escapou

Embora Davison tenha evitado citar nomes de cavalos que o modelo teria sinalizado, ele reconheceu que o olhar retrospectivo é sempre tentador.

“Todo mundo nas corridas tem uma história de um cavalo que escapou. Não vou citar nomes porque não seria justo”, disse. “Mas vimos vários se destacarem nas últimas duas ou três semanas, cavalos que estavam bem colocados na nossa lista. Um deles venceu ontem à noite. Não o compramos, mas ele venceu com estilo. Provavelmente vai mirar Royal Ascot.”

E não são só os cavalos recomendados pela Pythia que validam o modelo. “Avaliamos todos os cavalos de todos os leilões”, destacou Davison. “Então, quando vemos um cavalo se destacar e que estava bem ranqueado na nossa lista – mesmo que não tenhamos comprado – é uma boa confirmação de que o trabalho está funcionando.” E, à medida que os dados de desempenho passam a fazer parte da narrativa das vendas, cresce também o debate sobre responsabilidade. Para um olhar mais aprofundado sobre como questões éticas e cuidados pós-carreira estão evoluindo, confira o recente relatório da SiGMA News sobre o futuro do bem-estar animal nas corridas britânicas.

Dados na tomada de decisão

Os impactos da avaliação de cavalos com auxílio de IA não se limitam ao ringue de vendas. Agentes de sangue puro, treinadores e proprietários estão utilizando esses dados para embasar decisões – especialmente quando surgem divergências de opinião.

“Se o treinador gosta, o agente gosta e os dados também gostam, é o cenário ideal. Mas se houver discordância, os dados podem ajudar a esclarecer. Não prometemos vitórias em Grupo 1 ou milagres instantâneos. Nosso objetivo é reduzir o risco de comprar um cavalo que talvez não seja tão bom quanto parece”, afirmou Davison.

Alguns treinadores e agentes já estão revisitando as classificações da Pythia agora que os cavalos começaram a correr. “Eu sei que estão checando como avaliamos os cavalos agora que eles estão nas pistas. Alguns agentes já nos deram feedback, elogiando por uma escolha ou perguntando por que demos determinada nota a outro”, contou Davison. Por enquanto, a Pythia segue focada na análise pré-venda, mas as possibilidades vão além da queda do martelo.

Do paddock às apostas?

Embora a tecnologia da Pythia não tenha sido desenvolvida para o mercado de apostas, Davison reconhece que alguns operadores já estão atentos.

“Uma casa de apostas do Reino Unido já acompanha os tempos dos breeze ups”, comentou. “Nas corridas para potros de dois anos, não há histórico de forma para analisar. Então, pedigree, preço de venda e dados de breeze up são os primeiros indicadores. Nossos dados podem ajudar a formar opiniões iniciais, mas ainda não tivemos contato direto com eles.”

As análises em tempo real para apostas ainda estão apenas começando, mas o potencial já está ganhando velocidade. A SiGMA News recentemente mostrou como dados e inovação estão redesenhando o cenário das corridas no Reino Unido e nos EUA. E quanto às análises em dia de corrida? “Nosso modelo foi criado para avaliar desempenho em pista e para o mercado de sangue puro, não para apostas. Mas acho que é algo para ficar de olho, especialmente nas provas iniciais para dois anos.”

Escalando com inteligência: até onde pode chegar o modelo da Pythia?

Com a temporada de breeze ups encerrada, a Pythia já olha para frente.

“Algumas pessoas já nos perguntaram sobre aplicar o modelo a potros de um ano (os chamados yearlings, ainda em fase de desenvolvimento)”, disse Davison. “Há menos dados disponíveis, mas nosso modelo biomecânico já está pronto para avaliar a caminhada dos cavalos. Vamos precisar fazer alguns ajustes, mas certamente estamos de olho nisso.”

Eles também estudam expandir para leilões de cavalos em treinamento, onde há mais informações sobre desempenho em corrida. Mas Davison faz questão de ressaltar a cautela: “Tudo o que fazemos é baseado em tempo e controle de qualidade. Não vamos lançar nada às pressas.”

E incluir dados de saúde ou fisiologia? “Sinceramente, não sei. Sempre será necessário ter um veterinário para examinar as pernas de um cavalo”, respondeu.

Sobre expansão internacional: “Poderíamos adaptar esses modelos e aplicar em qualquer breeze up ao redor do mundo. Tudo depende de escalabilidade.”

Inteligência e linhagem lado a lado

Do ringue de sangue puro ao mercado de apostas, a IA começa a influenciar como as decisões são tomadas. O modelo de análise de passada da Pythia pode não garantir sucesso, mas em um mercado de alto risco e alta volatilidade, oferece algo cada vez mais raro: evidência.

No ritmo acelerado dos breeze ups, até meio segundo de informação pode mudar tudo. “O que importa é o desempenho do cavalo na pista”, concluiu Davison. “Mas estamos ajudando os compradores a manter a mão firme antes do sprint final rumo ao ringue.”

*Stephen Davison é um gerente de operações comerciais com mais de 10 anos de experiência nos setores de apostas esportivas e corridas de cavalos. Defensor de longa data de decisões mais inteligentes e baseadas em dados, ele alia sua paixão pelo esporte a uma visão aguçada para oportunidades comerciais.

Depois de iniciar sua carreira como trader na Kambi, Stephen cofundou a Black Type, onde chegou a ocupar o cargo de COO. Durante seu tempo na empresa, liderou iniciativas em parcerias, operações e desenvolvimento estratégico. Desde que ingressou na Pythia Sports, em 2020, tem se dedicado a desenvolver e expandir as soluções B2B da companhia.

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