AGOK critica governo por proibição generalizada de anúncios de jogos

Mercy Mutiria
Escrito por Mercy Mutiria
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

A Associação de Operadores de Jogos do Quênia (AGOK) criticou abertamente a recente decisão do governo de proibir todos os anúncios de jogos de apostas, alegando que a medida penaliza injustamente operadores legítimos e em conformidade com a legislação, enquanto deixa de coibir plataformas ilegais e estrangeiras. A entidade defende uma abordagem mais equilibrada, que promova o jogo responsável sem comprometer empresas que atuam dentro da legalidade.

A proibição e seus fundamentos

No dia 29 de abril de 2025, o Conselho de Controle e Licenciamento de Apostas (BCLB) — órgão regulador queniano — emitiu um comunicado suspendendo por 30 dias todos os anúncios de apostas em qualquer meio de comunicação. Segundo o conselho, a medida foi motivada por “grave preocupação” com o crescimento das atividades de apostas no país. No comunicado assinado pela presidente da BCLB, Jane Mwikali, a entidade afirmou que alguns promotores de jogos vêm “distorcendo cada vez mais o jogo de apostas como se fosse uma oportunidade legítima de investimento e um atalho para a criação de riqueza”, resultando em “consequências socioeconômicas negativas, com efeitos devastadores sobre indivíduos, famílias e a comunidade em geral”.

A suspensão faz parte de um esforço mais amplo para limitar a influência da publicidade de jogos, especialmente sobre os jovens quenianos, e incentivar práticas responsáveis no setor. No entanto, a AGOK criticou essa abordagem, apontando que ela não faz distinção entre operadores licenciados e que pagam impostos, e empresas ilegais.

Em uma declaração divulgada em 30 de abril de 2025, a AGOK destacou que a proibição geral afeta desproporcionalmente empresas de jogos confiáveis e legalmente estabelecidas, que já investem significativamente em práticas de jogo responsável. “Proibições generalizadas de publicidade penalizam inadvertidamente empresas em conformidade e que pagam impostos, enquanto operadores ilegais e estrangeiros continuam atuando livremente”, afirmou a AGOK.

A associação defende um diálogo mais estruturado e equilibrado, com a participação de todas as partes interessadas — incluindo a BCLB, a força-tarefa interagências de fiscalização, os veículos de mídia e os representantes da indústria — para a elaboração de diretrizes publicitárias mais justas. Para a AGOK, a regulação responsável deve ser construída em conjunto com o setor, a fim de garantir que operadores legítimos não sejam prejudicados.

Apoio ao jogo responsável e à educação pública

Apesar de ser contra a proibição ampla, a AGOK reafirmou seu compromisso com a promoção do jogo responsável. A associação anunciou planos para intensificar suas campanhas de conscientização em todo o país, em colaboração com psicólogos, parceiros da mídia e órgãos reguladores. “A AGOK está ativamente empenhada em ampliar sua campanha nacional de jogo responsável, em parceria com a BCLB, psicólogos e a mídia”, informou a entidade.

Além disso, a associação pediu o fortalecimento da fiscalização contra plataformas ilegais e operadores estrangeiros que miram o público queniano. Para a AGOK, é fundamental agir em conjunto para eliminar essas entidades ilegais, que representam riscos sérios à segurança pública e à integridade do setor de jogos no país.

Proposta de quatro pontos para superar o impasse

Com o objetivo de avançar para uma regulamentação mais eficaz e justa, a AGOK apresentou um plano de quatro etapas que visa promover uma regulação colaborativa:

1. Diálogo estruturado: A AGOK manterá o diálogo com a BCLB, a força-tarefa interagências e demais partes envolvidas para criar diretrizes de publicidade equilibradas, que incentivem o jogo responsável sem prejudicar empresas que atuam dentro da lei.

2. Apoio à regulamentação: A associação se mostrou disposta a colaborar no desenvolvimento de uma estrutura clara e transparente para os anúncios de apostas, destacando a importância da participação do setor na definição dos padrões regulatórios.

3. Campanhas de conscientização: A AGOK pretende intensificar os esforços de educação pública sobre práticas seguras de jogo, trabalhando em estreita parceria com a mídia e especialistas em saúde mental.

4. Parceria para fiscalização: Um dos pilares da proposta é o fortalecimento da colaboração com as autoridades para identificar e erradicar plataformas de jogos ilegais e estrangeiras que visam o público queniano.

Equilíbrio e responsabilidade

A posição da AGOK reflete uma preocupação mais ampla do setor: a de que medidas excessivamente rígidas podem dificultar o avanço rumo a um ambiente de jogos mais seguro e transparente. A associação alerta que restrições tão abrangentes podem acabar empurrando os jogadores para operadores ilegais, que não estão sujeitos a fiscalização, não adotam práticas de jogo responsável e não contribuem com impostos.

“O que defendemos é a responsabilidade mútua, e não punições indiscriminadas”, afirmou um representante da AGOK. “Precisamos encontrar formas de regulamentar o setor de maneira responsável, ao mesmo tempo em que apoiamos os operadores legítimos que contribuem para a economia e mantêm padrões éticos.”

O que esperar daqui para frente

O setor de jogos do Quênia sempre esteve na interseção entre a rentabilidade e a responsabilidade social. Com o aumento da vigilância regulatória, os principais atores do mercado reconhecem que é essencial encontrar um equilíbrio — um caminho que proteja os consumidores sem sufocar negócios legítimos.

A defesa da AGOK por diálogo e regulamentação estruturada mostra que uma regulação sustentável só é possível com colaboração, transparência e responsabilidade compartilhada. Unindo esforços, reguladores, operadores e a sociedade podem construir um ambiente de jogos mais ético e seguro, em benefício de todos os quenianos.

Embora seja compreensível o esforço do governo para conter práticas irresponsáveis no setor, a AGOK reforça que o caminho deve ser justo e inclusivo. Somente com engajamento verdadeiro e fiscalização direcionada será possível construir um setor de jogos responsável no Quênia — que proteja a população sem penalizar operadores que seguem a lei.

Participe do movimento! Junte-se à maior comunidade global de iGaming com a contagem regressiva das 10 principais notícias da SiGMA. Inscreva-se AQUI para receber atualizações semanais, análises exclusivas e ofertas especiais para assinantes.