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A Comissão de Jogos e Corridas da ACT (Território da Capital Australiana) aplicou uma multa de AUD 1,2 milhão ao Hellenic Club de Canberra por violar as regulamentações de jogos. A penalidade foi imposta após uma investigação aprofundada sobre o papel do clube no caso de Raimo Kasurinen, um jogador compulsivo que, tragicamente, tirou a própria vida em março de 2020. O caso reacendeu debates sobre a responsabilidade das casas de apostas na prevenção do vício em jogos e da ruína financeira dos clientes.
Raimo Kasurinen e sua esposa eram considerados gravemente viciados em jogos de azar. O casal teria gasto centenas de milhares de dólares no Hellenic Club, o que resultou em sérias dificuldades financeiras. O vício os levou a acumular uma dívida substancial e, em 31 de março de 2020, Kasurinen cometeu suicídio.
A investigação revelou que o Hellenic Club permitiu a prática de apostas excessivas sem adotar medidas de intervenção adequadas. Por exemplo, o clube não registrou diversos incidentes relacionados ao jogo compulsivo dentro do prazo exigido em seu relatório oficial. Além disso, permitiu que clientes sacassem mais de AUD 200 por transação em seu terminal de pagamento eletrônico (EFTPOS), possibilitando que jogadores compulsivos tivessem acesso a grandes quantias de dinheiro.
David Chambers, genro de Kasurinen, apresentou uma queixa à Comissão de Jogos e Corridas da ACT após a morte do sogro. Chambers alegou que o clube negligenciou seu dever de cuidado ao não proteger Kasurinen de comportamentos autodestrutivos relacionados ao jogo. Sua denúncia acabou levando à investigação regulatória que resultou na aplicação da multa.
Chambers afirmou ter feito reclamações diretamente ao clube em dezembro de 2019 e no início de março de 2020 sobre o vício do casal em jogos antes do suicídio de seu sogro.
Ele ainda declarou: “O Hellenic Club estava em total negação naquela época e continua em negação até hoje. Eles disfarçavam essas transações como cinco retiradas separadas de AUD 200, o que significava inserir o cartão de crédito repetidamente, digitar a senha e enganar a máquina, fazendo-a acreditar que cada retirada era de apenas AUD 200, quando na verdade estavam sacando AUD 1.000 em uma única operação.”
Após analisar a queixa, a Comissão de Jogos e Corridas da ACT concluiu que o Hellenic Club violou repetidamente a legislação sobre jogos de azar. Como consequência, o órgão aplicou a multa de AUD 1,2 milhão ao clube.
O Hellenic Club expressou desapontamento com a decisão e recorreu ao Tribunal Civil e Administrativo da ACT. Enquanto o processo legal está em andamento, o clube optou por não fazer novos comentários. Em um comunicado à ABC, o clube declarou que estava “desapontado com a decisão da Comissão de Jogos e Corridas da ACT de tomar medidas disciplinares contra eles”.
“O foco da investigação foi o registro de incidentes de jogo compulsivo no relatório oficial mantido pela Comissão e o cumprimento das regulamentações sobre os limites de saque que os clientes do clube podiam realizar via EFTPOS”, afirmou um porta-voz do clube.
O principal porta-voz da Aliança para a Reforma dos Jogos, Tim Costello, elogiou a decisão, destacando que 63 centavos de cada dólar gasto em máquinas de pôquer vêm de jogadores compulsivos. Ele ressaltou que chegou o momento de responsabilizar as casas de apostas pelos danos que possibilitam.
Costello declarou à ABC: “Sabemos, a partir de dois relatórios da Comissão de Produtividade sobre máquinas de pôquer, que 63 centavos de cada dólar que passa por uma máquina vêm de alguém viciado. Normalmente, nada acontece, e é por isso que, neste caso, algo aconteceu, e a multa foi significativa.”
O jogo compulsivo é uma preocupação séria na Austrália, causando impactos financeiros e emocionais devastadores para os envolvidos e suas famílias. Reguladores insistem que as autoridades do país reforcem as medidas de proteção contra o jogo excessivo e protejam os clientes mais vulneráveis.