BCLB aperta o cerco aos jogos crash

Escrito por Mercy Mutiria
Traduzido por : Thawanny de Carvalho Rodrigues

O Conselho de Controle e Licenciamento de Apostas do Quênia (BCLB) emitiu recentemente uma diretriz exigindo que todos os operadores licenciados submetam seus jogos do tipo “crash” para uma avaliação regulatória. O objetivo é promover justiça, transparência e a proteção do consumidor em um setor de iGaming que não para de crescer no país — especialmente com o aumento da popularidade desse tipo de jogo.

Um apelo por conformidade

De acordo com a nova diretriz, os operadores têm um prazo de sete dias para enviar uma lista completa dos seus jogos “crash”. Essa submissão deve incluir informações detalhadas sobre a mecânica de cada jogo, os processos de apostas envolvidos e os algoritmos que determinam os resultados. Além disso, os operadores precisarão apresentar certificações de auditorias independentes que comprovem a aleatoriedade dos jogos, bem como dados completos sobre os fornecedores dessas soluções.

O não cumprimento das novas exigências pode resultar na remoção imediata dos jogos em desacordo das respectivas plataformas. O foco da BCLB na transparência das operações é reflexo de uma crescente preocupação com a proteção dos consumidores, considerando os relatos cada vez mais frequentes de práticas irregulares e injustas dentro do setor.

No memorando publicado em 25 de março de 2025, a BCLB foi clara ao afirmar: “Aplicativos independentes de jogos do tipo crash não serão permitidos. Isso também vale para algoritmos não testados ou que operem fora das plataformas de apostas aprovadas.” A medida reforça o compromisso da entidade em regulamentar a oferta desses jogos e reflete a guinada do setor em direção a uma abordagem mais responsável.

Fim dos aplicativos independentes

Talvez o ponto mais marcante da nova diretriz seja a proibição dos aplicativos independentes de crash games. A regulamentação agora exige que esses jogos estejam integrados a plataformas de cassino online ou sites de apostas esportivas licenciados. Ao barrar os aplicativos autônomos, a BCLB fecha brechas que, até então, permitiam a atuação de operadores não regulamentados.

Essa decisão traz implicações significativas, especialmente para desenvolvedores e operadores que dependiam desses jogos como principal fonte de receita. A exigência de integração vai além de um avanço normativo — ela marca uma mudança de postura, com a regulamentação se tornando um pilar inevitável para a continuidade das operações. A medida visa garantir que os jogadores estejam protegidos contra os riscos associados a plataformas não licenciadas.

Exigência de transparência nas transações

Além do controle sobre os jogos, a BCLB também está impondo regras mais rígidas sobre a infraestrutura financeira e as transações relacionadas aos crash games. Agora, os operadores devem divulgar todos os números de contas e serviços de pagamento utilizados para essas atividades. Os termos e condições completos também devem ser apresentados de forma clara aos participantes desses jogos.

Essas ações têm como objetivo proteger os usuários de possíveis fraudes, ao mesmo tempo em que promovem a transparência das operações financeiras. O descumprimento das regras pode acarretar sanções severas, conforme previsto no Betting, Lotteries and Gaming Act (Cap. 131), incluindo a suspensão ou revogação da licença de operação. O aumento da fiscalização é mais um passo rumo a um ambiente de jogo mais seguro e confiável.

Casos reais mostram a urgência por regulamentação

A necessidade de regulamentação eficiente ficou ainda mais evidente com casos recentes de má conduta financeira relacionados ao setor. No início deste ano, um vice-diretor escolar da cidade de Choma foi preso por ter desviado KES 130.000 (cerca de US$ 1.005,80), valor destinado a beneficiários do programa Social Cash Transfer, para jogar aviator. Sylvester Malumani admitiu ter tentado multiplicar o dinheiro para quitar dívidas pessoais.

O caso, que veio à tona no dia 19 de janeiro, ilustra os perigos dos ambientes de jogo desregulados e reforça a urgência das novas medidas impostas pela BCLB.

Ao reforçar o controle sobre os crash games, a BCLB busca evitar novos episódios como esse e, ao mesmo tempo, estimular práticas mais responsáveis no universo das apostas.

O que esperar do futuro da indústria de jogos no Quênia

As ações mais recentes da BCLB refletem as transformações em curso no cenário regulatório da indústria de jogos do Quênia. Com a implementação de normas mais rigorosas e a proibição de aplicativos independentes, o órgão busca criar um ecossistema mais justo e seguro para os jogadores. Ainda que as novas exigências tragam desafios aos operadores não licenciados, elas são essenciais para assegurar que o setor siga pautado pela transparência e responsabilidade.

À medida que o Conselho de Controle e Licenciamento de Apostas consolida as bases legais das apostas no país, os próximos meses servirão como um teste para avaliar a eficácia dessas reformas em conter práticas irregulares e proteger os consumidores. 

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