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BiS SiGMA Américas 2025 – Palco Itaim | 8 de abril de 2025 | São Paulo, Brasil
A jornada do Brasil rumo a um mercado de apostas e jogos totalmente regulamentado foi o grande destaque do primeiro dia de conferências do BiS SiGMA Américas 2025, com autoridades públicas, especialistas jurídicos, órgãos de fiscalização e representantes da indústria reunidos no Palco Itaim para debater os próximos passos da regulamentação no país. Com três painéis de peso ancorando a programação do dia, o evento ofereceu não apenas insights, mas também diretrizes estratégicas sobre como o Brasil pretende estruturar e conduzir seu ecossistema de jogos em rápida expansão.
O que emergiu dos painéis foi uma narrativa clara e consistente: a regulamentação eficaz no Brasil deve se apoiar em três pilares fundamentais — conformidade como norma, cooperação interministerial como base estrutural e regulamentação como âncora da confiança e transparência.
O dia começou com um recado contundente: conformidade deixou de ser um exercício burocrático e passou a ser uma função estratégica que sustenta a legitimidade do mercado. Mediado por Roberto Armelin, Diretor Executivo de ESG, Risco e Conformidade do São Paulo Futebol Clube, o painel “Conformidade em Ação: o Pilar da Regulamentação Eficaz no Brasil” trouxe a intenção regulatória para um contexto prático e operacional.
Raiana Falcão, Secretária Adjunta de Ação Sancionadora do Ministério da Fazenda, detalhou as metas do governo de incorporar a responsabilização ao processo de licenciamento e fiscalização. Ela descreveu um modelo onde a transparência e os mecanismos de controle são os alicerces da confiança de investidores e consumidores.
Reforçando esse ponto de vista, Jacqueline Favraud, da Sportingtech, afirmou que a conformidade deve atuar tanto como escudo quanto como bússola — protegendo as operações de riscos reputacionais e guiando decisões estratégicas. Já Chantal Pillet, Managing Director Associada da Kroll Associates, levou a discussão adiante ao defender uma abordagem mais orientada por dados. Segundo ela, a análise em tempo real será essencial para antecipar violações regulatórias antes que se tornem riscos concretos.
Juntas, essas vozes mostraram a conformidade como uma função viva e em constante evolução — essencial para que o Brasil desenvolva um mercado bem regulamentado e atrativo para investimentos.
Se a conformidade representa a base operacional, a cooperação entre ministérios é o projeto arquitetônico. O segundo painel, “Caminhos para a Cooperação Interministerial no Avanço da Regulamentação”, mediado por Luiz Felipe Maia, sócio-fundador do escritório Maia Yoshiyasu Advogados, voltou-se para os desafios estruturais da formulação de políticas públicas em um cenário com múltiplas agências envolvidas.
Giovanni Rocco Neto, Secretário Nacional de Apostas Esportivas e Desenvolvimento Econômico do Esporte, destacou que as apostas esportivas não são apenas uma questão regulatória, mas também uma ferramenta de desenvolvimento socioeconômico. Ele defendeu um modelo de governança em que a receita gerada pelas apostas alimente o ecossistema esportivo mais amplo — algo que exige colaboração integrada entre os ministérios.
Nessa mesma linha, Regis Dudena, Secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, alertou para os riscos de políticas públicas desalinhadas, caso as autoridades reguladoras atuem isoladamente. Ele defendeu ações coordenadas em temas como fiscalização, tributação, licenciamento e impacto social — executadas por meio de estruturas compartilhadas e com supervisão sincronizada.
Trazendo uma perspectiva internacional, Martin Lycka, autoridade global em regulamentação de jogos, apresentou práticas de referência adotadas em outros países e recomendou que o Brasil evite a fragmentação regulatória. Ele destacou a importância de forças-tarefa, protocolos unificados de conformidade e governança centralizada de dados como caminhos práticos para mais eficiência.
Num país tão diverso e descentralizado quanto o Brasil, o consenso foi claro: a coerência nas políticas só pode emergir da coesão institucional.
O último painel do dia abordou talvez a questão mais crítica de todo o debate regulatório — como o Brasil pode encontrar o equilíbrio ideal entre fomentar o crescimento do mercado e proteger os consumidores?
Intitulado “O Poder das Regras: Próximos Passos para uma Regulamentação Assertiva”, o painel focou na execução legislativa, indo além das teorias para discutir as implicações práticas da filosofia regulatória.
Luiz Felipe Santoro, presidente da Comissão de Jogos da OAB-SP, deu início à conversa com uma mensagem direta: regulamentação assertiva não significa excesso, mas sim credibilidade. Ele defendeu que clareza e aplicabilidade sejam os pilares do novo marco regulatório do Brasil.
Pietro Cardia Lorenzoni, da ANJL, ressaltou a urgência de garantir segurança jurídica para os operadores. Segundo ele, os investidores buscam ambientes com regras transparentes, proporcionais e aplicadas de forma consistente.
Trazendo a visão legislativa, o Deputado Federal Newton Cardoso Jr falou sobre como a clareza regulatória se conecta à competitividade nacional. Com países vizinhos avançando em suas próprias legislações, ele alertou que o Brasil precisa legislar com propósito — ou corre o risco de perder protagonismo.
Os especialistas jurídicos José Francisco Cimino Manssur e Simone Vicentini encerraram o painel reforçando que a regulamentação precisa ser adaptável. Diante de um setor impulsionado por inovações tecnológicas, será essencial incluir mecanismos de revisão periódica e estruturas de licenciamento flexíveis, para evitar que o arcabouço legal se torne obsoleto.
Ao fim do primeiro dia do BiS SiGMA Américas, uma mensagem ficou clara: o Brasil não está apenas se preparando para regulamentar — está se preparando para liderar.
Com estruturas robustas de conformidade, governança coordenada e ação legislativa assertiva, o país está dando passos decisivos para transformar intenção regulatória em realidade institucional. O que vem agora é a execução — uma jornada que exigirá vontade política, precisão jurídica e colaboração contínua entre os setores público e privado.
Os olhares de todo o ecossistema de jogos e apostas estão voltados para o Brasil. A oportunidade está posta: construir um marco regulatório que seja não apenas exequível e ético, mas também admirado internacionalmente.
Fique atento à programação do evento para não perder nenhum painel!