Mercado de apostas online do Brasil em 2025

Escrito por Matthew Busuttil
Traduzido por : Thawanny de Carvalho Rodrigues

No dia 9 de abril, durante a BiS SiGMA Américas 2025, Ed Birkin, Diretor-Geral da H2 Gambling Capital, apresentou uma análise essencial sobre o mercado de apostas online e iGaming regulamentado no Brasil, que está se desenvolvendo rapidamente. Com o novo marco regulatório já em vigor, Birkin abordou tanto as oportunidades quanto os desafios enfrentados pelos operadores, destacando projeções de crescimento e a permanência de operadores ilegais no cenário nacional.

Crescimento do mercado e regulamentação

Birkin iniciou sua apresentação com um panorama do desempenho do setor no Brasil. Em 2024, o mercado brasileiro de apostas esportivas e iGaming gerou cerca de R$ 24 bilhões em receita bruta de jogos (GGR). Esse crescimento foi impulsionado pela tendência global de digitalização do entretenimento, especialmente após a pandemia da COVID-19. Apesar das oscilações provocadas pela conversão de moedas estrangeiras, Birkin destacou que o real é a melhor referência para avaliar o tamanho real do mercado e evitar interpretações distorcidas.

Com a entrada oficial do Brasil no regime regulado em janeiro de 2025, os primeiros dados ainda são limitados, mas as estimativas iniciais apontam para uma arrecadação de R$ 1,4 bilhão em GGR — uma queda de 20% em relação ao ano anterior. Segundo Birkin, operadores que rapidamente adotaram o domínio .bet.br enfrentaram grandes dificuldades com os processos de verificação de identidade (KYC), o que comprometeu a entrada de novos usuários e resultou, nas palavras dele, em um verdadeiro “banho de sangue”.

Domínio do iGaming e tendências de produtos

Embora os esportes estejam profundamente enraizados na cultura brasileira, o iGaming — especialmente os caça-níqueis online — lidera o mercado atualmente. Birkin estimou que o iGaming representa 55% do mercado brasileiro, mas acredita que essa fatia pode aumentar para 60% ou até 65% à medida que mais dados forem disponibilizados. Essa mudança segue a tendência global, em que o iGaming ultrapassa as apostas esportivas em geração de receita, mesmo em países tão apaixonados por futebol quanto o Brasil.

Além disso, os jogos no formato “crash” têm ganhado uma popularidade impressionante no Brasil, superando de longe seu desempenho em mercados mais desenvolvidos. Apesar da crescente atenção aos jogos de cassino ao vivo, os caça-níqueis continuam sendo o produto de maior destaque em escala global.

Persistência do mercado não licenciado

Um dos principais pontos da apresentação foi o desafio contínuo representado pelos operadores não licenciados. Birkin dividiu esse mercado ilegal em duas frentes: o mercado visível, que utiliza métodos tradicionais de afiliados, e o mercado invisível, que opera de forma discreta, por meio de influenciadores, links no Telegram e estratégias de marketing não convencionais. Enquanto o mercado visível é responsável por cerca de 28% da receita bruta, o invisível permanece mais difícil de mensurar, podendo representar entre 40% e 60% do mercado total, segundo Birkin.

Apesar da regulamentação, muitos consumidores continuam preferindo plataformas ilegais, motivados por melhores cotações, menos exigências de verificação e a possibilidade de usar cartão de crédito ou criptomoedas. Birkin também observou que os jogadores de alto valor — responsáveis por grande parte da receita do setor — tendem a utilizar sites não licenciados com maior frequência.

Perspectivas para o futuro

De acordo com as projeções de Birkin, o mercado regulamentado brasileiro pode atingir R$ 50 bilhões até 2029 (cerca de US$ 8 bilhões). No entanto, ele alertou que esses números não incluem o mercado invisível, que certamente continuará exercendo influência significativa no tamanho real do setor. Mesmo com o avanço da regulamentação, Birkin demonstrou ceticismo em relação ao índice de canalização — ou seja, a migração de usuários para operadores licenciados — atingir 90% nos próximos cinco anos.

A apresentação revelou um mercado em plena transformação, no qual a regulação cria novas oportunidades, mas também impõe desafios complexos. Os operadores precisarão se adaptar a questões como retenção de jogadores, segmentação de público e o enfrentamento contínuo do mercado ilegal. Como resumiu Birkin: “Não se trata apenas de conquistar clientes, mas de fazer com que queiram ficar.”

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