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Na 1ª parte de nossa série exclusiva em três partes, exploramos o intricado labirinto de leis tributárias do iGaming nos diversos estados dos EUA e as crescentes pressões regulatórias que os operadores enfrentam. Agora, na 2ª parte, o foco se volta para as criptomoedas, um campo em que a inovação avança a passos largos, enquanto a regulamentação e a orientação fiscal ainda tentam acompanhar esse ritmo. Com a contribuição especializada de Robert Stoddard, Sócio Líder de Tributação da KPMG para a indústria de jogos nos EUA, analisamos como a ascensão dos ativos digitais está transformando os riscos, as regulações e as obrigações de reporte para os operadores de iGaming nos EUA, muito antes de as regras estarem devidamente estabelecidas.
Embora as criptomoedas ofereçam um enorme potencial de inovação para o setor de iGaming, o cenário tributário que as envolve ainda é nebuloso. O crescimento desse tipo de ativo é acelerado, mas as estruturas regulatórias e as legislações fiscais frequentemente ficam para trás. Os operadores ainda aguardam orientações oficiais dos reguladores norte-americanos sobre a aceitação de depósitos em criptomoedas. Além disso, a integração das criptomoedas nas operações de iGaming e apostas esportivas pode gerar uma série de complexidades, como dificuldades no rastreamento de depósitos, conversões, ganhos ou perdas, além da necessidade de cumprir com os requisitos de reporte das informações dos jogadores — exigências que tendem a se tornar ainda mais complexas à medida que o uso de criptoativos se expande.
À medida que as criptomoedas ganham espaço no iGaming, surgem diversas questões: os reguladores dos EUA permitirão seu uso? Como as normas sobre custódia de ativos impactarão os operadores que aceitarem depósitos em cripto? Quem será responsável pelo reporte dessas transações? Os operadores também podem enfrentar desafios para garantir conformidade, especialmente considerando a possibilidade de diferentes regras tributárias estaduais sobre transações com criptoativos no contexto dos jogos. Além disso, aceitar ativos digitais pode introduzir novos riscos operacionais que precisarão ser cuidadosamente gerenciados.
Um recente anúncio de um operador de cassino tribal físico nos EUA marcou a primeira vez que clientes puderam usar ativos digitais diretamente para financiar transações de jogo dentro de um cassino. A colaboração utiliza uma plataforma de pagamento regulamentada, amplamente empregada na indústria, e o único provedor que permite o acesso a fichas de cassino via criptomoeda. Assim, os clientes podem converter determinados criptoativos em fichas, eliminando um dos principais pontos de atrito bancário. Operadores de iGaming e apostas esportivas nos EUA acompanham atentamente esse movimento e avaliam o que ele pode significar para os próximos passos do setor. Como destacado recentemente pela SiGMA News, operadores tribais estão testando ativamente os limites da inovação digital — e as criptomoedas fazem parte dessa jornada.
O Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal dos EUA, atualmente classifica a criptomoeda como propriedade, e não como moeda. Isso significa que cada transação envolvendo cripto pode, potencialmente, gerar um evento tributável. Diferentemente das apostas com dinheiro tradicional, que tributam apenas os ganhos líquidos, o uso de cripto no jogo adiciona camadas extras de complexidade na caracterização e reporte das transações.
Cada estado pode tratar as transações com criptomoedas de maneira distinta. Se, ou quando, o uso de cripto for autorizado como fonte de fundos para jogadores de iGaming e apostas esportivas nos EUA, os operadores enfrentarão ainda mais incertezas regulatórias. O panorama tributário norte-americano, fragmentado estado por estado, já é um quebra-cabeça; e a cripto pode adicionar novas peças, inclusive em estados que, à primeira vista, parecem mais receptivos ao uso generalizado de ativos digitais. Sem uma abordagem uniforme, os operadores que atuam em múltiplos estados provavelmente terão que lidar com diferentes obrigações de conformidade, complicando ainda mais o reporte tributário.
As exigências de verificação de identidade (KYC) e Prevenção à Lavagem de Dinheiro (AML) já são rigorosas para transações tradicionais de iGaming e apostas esportivas, mas a adoção futura de criptomoedas tende a tornar esses processos ainda mais desafiadores.
Assim, os operadores devem garantir que seus métodos de reporte fiscal estejam alinhados com as regulamentações em evolução, evitando, assim, penalidades por descumprimento.
Atualmente, há mais oportunidades e foco em criptomoedas no setor de apostas online — e o movimento vem de cima. São estas as mudanças que merecem atenção caso, ou quando, os operadores norte-americanos forem autorizados a aceitar depósitos em cripto:
As leis tributárias relacionadas a cripto continuam sendo um alvo móvel. Os operadores precisam de planos tributários flexíveis que consigam se adaptar às regulamentações futuras, pois aguardar um quadro claro e consistente em todo o país pode fazer com que alguns fiquem para trás.
O setor de iGaming com cripto continua evoluindo, mas as leis tributárias ainda não acompanharam essa transformação. Contar com a esperança de que a situação será esclarecida não é uma estratégia. A mensagem é clara: resolva a questão agora ou prepare-se para que outro defina os rumos.
A falta de regras fiscais claras deixa a indústria no escuro — um cenário nada ideal. Os operadores fariam bem em concentrar-se nas oportunidades de mercado, identificar abordagens concretas para integrar a cripto aos seus planos operacionais, estabelecer processos para se adaptar às mudanças nas leis e regulações tributárias e definir suas estratégias com antecedência.
Na Parte 3, vamos expandir o foco e analisar como operadores do Reino Unido podem entrar no mercado dos EUA sem cair nas armadilhas fiscais transfronteiriças mais comuns.
*Robert é sócio da área de Serviços de Tributação Empresarial da KPMG em Stamford, com 23 anos de experiência em planejamento fiscal, conformidade e provisões de imposto de renda. Atende clientes nacionais e multinacionais em diversos setores e atualmente lidera a prática de Tributação para Jogos da KPMG nos EUA.