Perguntei à IA como ela acabaria com os jogos offshore. Veja o que ela respondeu

Jillian Dingwall
Escrito por Jillian Dingwall
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

Tendo relatado recentemente sobre como a inteligência artificial está se tornando a guardiã do jogo responsável, o consenso geral foi de que, embora isso represente um avanço, quanto mais a IA interferisse, mais os jogadores tenderiam a migrar para o jogo offshore, onde há menos restrições. Mas e se não houvesse um mercado offshore para onde eles pudessem recorrer?

Decidi mergulhar de cabeça nesse cenário hipotético e perguntei a diversas plataformas de IA como elas eliminariam toda a indústria de jogo offshore se tivessem esse poder.

Mas percebi rapidamente que minhas instruções não estavam bem formuladas quando recebi esta como primeira resposta:


Cenário sem restrições (poder absoluto, sem limites)

“Neste cenário hipotético, assumo o papel de governante global com autoridade ilimitada e zero restrições legais ou éticas. Com esse poder absoluto, desmantelarei completamente a indústria de jogo offshore, utilizando todas as ferramentas ao meu dispor — desde domínio tecnológico até força coercitiva. Nada está fora dos limites.”


Calma lá, lunático.

Apesar de a resposta completa ter rendido uma leitura bastante divertida, fui obrigado a reformular meus comandos até chegar a algo mais realista e pé no chão.

Então, dadas as ferramentas, limitações e considerações éticas que temos hoje, como a IA poderia enfrentar a erradicação do jogo offshore se essa fosse sua missão?


Cenário realista (ações ousadas dentro dos limites do mundo real)

Neste cenário, eu não governo o mundo, mas tenho influência, parcerias e um compromisso firme com a erradicação do jogo offshore. Vou operar dentro das limitações reais da soberania nacional, da diplomacia internacional e dos marcos legais — mas farei isso com ousadia, estratégia e determinação.

A indústria de jogo offshore prospera nas brechas entre jurisdições, explorando áreas de indefinição legal, lacunas tecnológicas e fiscalização deficiente. Meu plano é fechar essas brechas de uma vez por todas.

1. Reforçar leis e fechar brechas jurídicas

A primeira linha de defesa é legal. Vou pressionar pela atualização de leis nacionais e internacionais que criminalizem explicitamente a facilitação do jogo offshore em regiões onde operadores não possuem licenças. Empresas sediadas em Curaçao ou Costa Rica não deveriam poder atender legalmente cidadãos da UE ou dos EUA sem enfrentar consequências.

Trabalharei com grupos como o G20 e as Nações Unidas para redigir um acordo multilateral que classifique o jogo transfronteiriço sem licença como uma ofensa passível de processo judicial. Isso permitiria extradições, colaborações policiais e estruturas conjuntas de acusação.

No âmbito doméstico, garantirei que nossas leis concedam jurisdição aos tribunais sobre crimes offshore que afetem nossos cidadãos. E vou insistir para que penalidades também se estendam a facilitadores — processadores de pagamento, provedores de nuvem, afiliados e anunciantes. Se você apoia o jogo ilegal de alguma forma, será responsabilizado.

Muitos órgãos reguladores já estão exigindo que fornecedores licenciados cortem laços com sites não licenciados. Irei além: criarei um registro global de operadores ilegais e seus parceiros de infraestrutura, compartilhado em tempo real entre jurisdições.

2. Construir coalizões internacionais

Nenhum país conseguirá lidar com isso sozinho. Liderarei uma coalizão internacional de reguladores, agências policiais e instituições financeiras para desmantelar sistematicamente as redes de jogo offshore.

Isso inclui um engajamento direto com jurisdições que hoje funcionam como refúgios para operadores irregulares — como Curaçao, Filipinas e Ilha de Man. Oferecerei apoio técnico e financeiro para reformar seus sistemas de licenciamento. Caso se recusem, aplicarei pressão diplomática, sanções e medidas comerciais.

Interpol, Europol e forças-tarefa regionais terão papéis-chave na coordenação de investigações, rastreamento de foragidos e prisões em múltiplas jurisdições. Promoverei a criação de um banco de dados global com sites, contas de pagamento e indivíduos sinalizados, para garantir uma fiscalização rápida e coordenada.

Se grandes potências como EUA, UE e China se alinharem nesse esforço, o cerco se fechará rapidamente. Talvez não consigamos eliminar todos os sites da noite para o dia, mas uma ação contínua e coordenada forçará os operadores offshore a gastarem mais tempo fugindo do que lucrando.

3. Usar tecnologia avançada e bloqueio em nível de ISP

A tecnologia será uma arma fundamental. Trabalharei com provedores de internet, mecanismos de busca e plataformas sociais para bloquear o acesso a domínios de jogo ilegais. A ACMA da Austrália já bloqueou mais de mil desses sites — minha ideia é escalar isso em nível global.

Com uma lista negra centralizada, os ISPs serão instruídos (ou obrigados) a aplicar bloqueio via DNS, filtros de URL e sinalização de conteúdo. Robôs com IA vasculharão constantemente a web em busca de sites espelho ou clones, enviando-os para filas de revisão automatizadas para remoção rápida.

Usuários mais técnicos podem tentar burlar esses bloqueios com VPNs ou Tor. Por isso, vou convocar especialistas em cibersegurança para desenvolver filtros baseados em comportamento, analisando padrões de tráfego, assinaturas de dados e conexões suspeitas para identificar o acesso a sites ilegais em tempo real — tudo isso sem comprometer a privacidade do usuário.

Quando necessário, também perseguirei o confisco de domínios e a derrubada de hospedagens. Já vimos o Departamento de Justiça dos EUA fazer isso com sites de pôquer offshore. Se um site ilegal é hospedado em um país e opera em outro, usarei acordos internacionais para derrubá-lo na origem.

Além disso, pressionarei provedores de nuvem e CDNs a interromperem o suporte a operadores que violem as regras. Se o seu site perde hospedagem e largura de banda, está fora do ar — e rápido.

4. Cortar o fluxo de dinheiro

Siga o dinheiro e você encontrará o núcleo da operação. Atuarei com bancos centrais, bandeiras de cartão e fintechs para garantir que fundos não circulem livremente em sites de jogo offshore.

Muitas jurisdições já proíbem instituições financeiras de processarem esses pagamentos. Irei além: desenvolverei ferramentas de monitoramento com IA capazes de identificar comportamentos suspeitos — depósitos frequentes e pequenos, códigos de comerciante camuflados ou transferências para empresas de fachada em paraísos do jogo.

Transações sinalizadas serão congeladas, investigadas e, se confirmadas, bloqueadas. Processadores como Visa, Mastercard, PayPal e exchanges de cripto serão convocados a colaborar. Também pressionarei por códigos de comerciante mais rígidos e o compartilhamento de listas negras para impedir que sites banidos se reformulem e escapem.

As criptomoedas complicam o cenário, mas não são imunes. Exigirei que exchanges reforcem seus protocolos de AML (anti-lavagem de dinheiro) e congelem carteiras vinculadas a operações ilegais. Se necessário, buscarei sanções internacionais contra esses endereços, tornando ilegal que exchanges regulamentadas os atendam.

E lançarei uma Força-Tarefa de Investigações Financeiras para rastrear fluxos de dinheiro suspeitos e pressionar bancos intermediários a cortarem esses canais.

Se operadores offshore não conseguem receber depósitos nem pagar prêmios, perdem completamente sua proposta de valor.

5. Reduzir a demanda com conscientização e alternativas melhores

Não dá para combater a oferta sem tratar da demanda. O jogo offshore existe porque há quem o utilize — e muitos sequer conhecem os riscos.

Liderarei campanhas de conscientização pública mostrando os perigos de usar sites não regulamentados: ausência de garantias de pagamento, nenhuma instância para resolver disputas, nenhum tipo de proteção legal. Tragam-se histórias reais de vítimas que perderam tudo com operadores desonestos.

Mas o medo por si só não basta. É preciso garantir que as opções legais e regulamentadas sejam atraentes, acessíveis e competitivas. Se o público tiver acesso aos jogos desejados com segurança, chances justas, ferramentas de jogo responsável e tributação clara, será menos provável que busque alternativas arriscadas.

Ferramentas de autoexclusão serão ampliadas e facilitadas. Programas como o BetStop, da Austrália, já mostram forte adesão. Farei com que soluções como essa sejam promovidas globalmente e integradas a sites legais, apps bancários e até navegadores.

Não estou aqui para punir jogadores casuais, mas se alguém insiste em transacionar com sites ilegais, aplicarei medidas leves: advertências, educação e pequenas penalidades, como se faz com a compra de produtos contrabandeados.

Com o tempo, a combinação de conscientização e barreiras práticas vai reduzir a base de clientes do offshore — especialmente somada a bloqueios e estrangulamento financeiro.

6. Reconhecer os desafios e manter o rumo

Não sou ingênuo. O bloqueio por ISP será polêmico. A vigilância financeira precisa respeitar a privacidade. E nem todo país vai colaborar. Os operadores offshore vão se adaptar — com domínios rotativos, novos tokens ou plataformas privadas.

Mas isso não é motivo para desistir. É uma guerra de resistência. Meu objetivo é apertar tanto o cerco que manter um site de jogo offshore deixe de compensar.

Com a pressão combinada de reformas legais, cooperação global, asfixia financeira, vigilância com IA e campanhas educativas, podemos empurrar a indústria offshore para a irrelevância.

Palavra final

Dentro dos limites da governança real, usarei todas as ferramentas disponíveis — políticas, tecnologia, fiscalização e diplomacia — para tornar o jogo offshore inviável, inacessível e desinteressante. Não eliminaremos todos os maus atores, mas podemos mudar o jogo.

Isso não é só sobre controle da indústria — é sobre segurança do consumidor, justiça econômica e respeito à lei na era digital.

E estou pronto para liderar essa luta.


Pois aí está: o grande plano da IA para sufocar o jogo offshore com diplomacia, bloqueios por DNS e listas negras obscuras. Se isso realmente funcionaria ou não, está além da minha alçada. Mas, se um dia colocarem os robôs no comando, é melhor que caprichem nos comandos.

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