- Conferências
- Notícias
- Fundação SiGMA
- Treinamento & Consultoria
- Tour de Pôquer
- SiGMA Play
- Sobre
Com a inteligência artificial e as criptomoedas transformando indústrias, a conformidade regulatória continua sendo uma preocupação essencial. No primeiro dia da AIBC Eurásia, o painel “Conformidade para IA e Cripto: Segurança em Primeiro Lugar” reuniu grandes especialistas jurídicos para debater os desafios regulatórios, prioridades de segurança e o cenário em constante evolução da conformidade nesses setores dinâmicos. Os participantes incluíram Cal Evans, sócio da Gresham International; Miroslav Duric, advogado da Taylor Wessing; Dr. Joseph Borg, sócio da WH Partners; e Joseph Collement, diretor jurídico do Bitcoin.com.
O evento e conferência AIBC Eurásia está sendo realizada de 23 a 25 de fevereiro na Festival Arena, em Dubai.
Desafios na regulamentação das criptomoedas
A discussão começou destacando as regulamentações da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA). A introdução de normas para promoções financeiras impõe desafios significativos para as empresas de cripto, exigindo linguagem específica e avisos legais, o que aumenta os custos operacionais e a complexidade do setor.
“Para uma empresa de cripto, o maior desafio atualmente é cumprir as novas regulamentações da FCA no Reino Unido. Eles estão tentando entender o setor conforme avançam, e isso cria dificuldades. Se você é apenas um site ou blog falando sobre cripto, não deveria ter que seguir essas regras. Muitas empresas estão presas nesse limbo regulatório”, afirmou Joseph Collement.
Cal Evans resumiu a situação de maneira contundente: “É como usar uma marreta para quebrar uma noz”.
Complexidade regulatória entre diferentes jurisdições
Os painelistas também abordaram os desafios relacionados à regulação internacional. Inicialmente, o Regulamento de Mercados de Criptoativos (MiCA) foi bem recebido por oferecer um quadro regulatório unificado. No entanto, novas exigências da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) estão tornando a conformidade ainda mais difícil, favorecendo as grandes empresas em detrimento das startups. Diferentes regulamentações no Reino Unido (FCA), na União Europeia (MiCA) e em outras regiões criam barreiras para empresas que operam globalmente, exigindo estratégias específicas de conformidade para cada jurisdição.
“Estamos notando dificuldades para clientes que operam em múltiplas jurisdições”, observou Miroslav Duric. “Os documentos recentes da FCA indicam que, se você oferecer criptoativos de forma transfronteiriça, não poderá reutilizar o mesmo white paper preparado para a UE.”
“Isso é um grande problema, especialmente para empresas menores, que precisariam manter uma equipe de advogados dedicada a cada jurisdição. Mesmo para negócios mais estabelecidos, essa complexidade é um desafio”, acrescentou.
Miroslav reforçou a questão: “Faz pouco sentido. Nem mesmo os Estados Unidos entendem completamente suas próprias regulamentações”.
O setor em um ponto de decisão
“Quando o MiCA foi introduzido, houve um olhar positivo sobre ele, pois representava o primeiro quadro regulatório pan-europeu, permitindo que serviços fossem passaporteados entre países”, explicou Joseph Borg. No entanto, ele destacou que a introdução das Regras Técnicas Regulatórias (RTS) complicou ainda mais a conformidade, e agora a ESMA continua emitindo diretrizes que dificultam o cenário regulatório.
“Estamos em um ponto crítico. Queremos ou não essa indústria? Temos a sensação de que a ESMA está tentando reduzir o setor. A concorrência é saudável em qualquer indústria, mas, se as regras continuarem tão rígidas, dentro de quatro ou cinco anos, apenas uma dúzia de grandes empresas dominará o mercado, sem espaço para pequenos operadores competirem.”
Navegando na incerteza regulatória
Joseph Collement destacou que empresas que optam por autocustódia (onde os usuários mantêm suas próprias chaves) podem evitar grande parte das obrigações regulatórias associadas aos serviços de custódia.
A escolha da sede da empresa também é crucial. Locais como Dubai e Suíça oferecem clareza regulatória, acesso a talentos e proximidade com investidores, tornando-se opções atraentes para startups de cripto. Além disso, evitar materiais de marketing enganosos e garantir a conformidade com os requisitos regulatórios pode ajudar as empresas a se manterem fora do radar das autoridades.
Estratégias para reduzir a exposição regulatória no setor de cripto
Começar pequeno e expandir: Empresas devem garantir licenças em uma jurisdição antes de escalar para outras.
Abordagem específica por jurisdição: Escolher a base regulatória com base no mercado-alvo, em vez de optar por jurisdições offshore mais permissivas.
Evitar exposição desnecessária: Estratégias agressivas de marketing e práticas não conformes aumentam o escrutínio regulatório.
A discussão ressaltou a natureza mutável das regulamentações para criptomoedas e como as inconsistências globais impõem desafios às empresas. Os painelistas enfatizaram que, embora a regulamentação traga legitimidade ao setor, regras excessivamente restritivas podem sufocar a inovação e a concorrência. As empresas precisam adotar estratégias inteligentes para equilibrar conformidade e eficiência operacional.