Engano com deepfake atinge apps de apostas enquanto UKGC mira falsos representantes

Escrito por David Gravel
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

Aplicativos ilegais de apostas estão utilizando inteligência artificial e identidades falsas para enganar jogadores, alerta Andrew Rhodes, chefe da Comissão de Apostas, enquanto empresas de tecnologia correm para retirá-los do ar. Segundo Rhodes, CEO da Comissão de Apostas do Reino Unido, há um crescimento alarmante no uso de vídeos deepfake, aplicativos falsos e lojas virtuais fraudulentas, o que representa uma ameaça à segurança dos jogadores no país.

Em resposta a uma investigação da Sky News, Rhodes confirmou que o órgão regulador tem trabalhado em conjunto com a Apple para remover rapidamente esses aplicativos da App Store, após a identificação de uma rede de operadores ilegais que utilizavam identidades falsas e marcas clonadas para atrair usuários.

“Temos observado um aumento nos chamados ‘falsos pontos de venda’”, afirmou Rhodes. “Operadores ilegais estão usando domínios de instituições de caridade, fingindo estar em endereços listados no Google Maps ou até se associando a aplicativos e marcas fictícias.”

A reportagem da Sky News revelou que vídeos com jornalistas criados por inteligência artificial estavam sendo usados em anúncios para promover esses aplicativos fraudulentos. Depois de instalados, os apps direcionavam os usuários a cassinos offshore não licenciados por meio de interfaces sofisticadas. Alguns se disfarçavam como aplicativos de bem-estar ou finanças, só revelando sua real função após a instalação.

A Comissão de Apostas informou que tem conseguido retirar esses aplicativos do ar rapidamente após denúncias, mas alertou que o problema está longe de ser resolvido. “Isso mostra como a natureza da ameaça está em constante evolução”, comentou Rhodes em uma publicação no LinkedIn, pedindo uma colaboração mais ampla entre plataformas de tecnologia e órgãos reguladores.

De instituições de caridade a celebridades

Os golpes vêm se tornando mais sofisticados nos últimos meses. Alguns operadores chegam a utilizar nomes semelhantes aos de organizações reais voltadas à saúde mental ou à infância para ganhar a confiança do público. Outros geolocalizam falsamente endereços no Google Maps ou afirmam, sem autorização, ligação com veículos de comunicação britânicos e com lojas conhecidas do varejo.

O jornalista da Sky News Tom Cheshire foi uma das vítimas dos deepfakes: sua imagem foi usada, sem consentimento, em um vídeo publicitário incentivando os espectadores a baixar um aplicativo aparentemente legítimo. Na realidade, o app redirecionava para um site de cassino não licenciado, operando no Caribe.

O caso levanta questões sérias sobre a fiscalização de conteúdo de apostas online — especialmente quando disfarçado de conteúdo inofensivo em lojas de aplicativos ou redes sociais como TikTok e Instagram.

Comissão pede mais controle

A Comissão de Apostas declarou estar intensificando o monitoramento de táticas de marketing ilegal e cobrando que tanto a Apple quanto o Google aprimorem seus sistemas de triagem.

Apesar de ambas as empresas já possuírem estruturas para identificar aplicativos fraudulentos, o uso de IA generativa e credenciais forjadas tem permitido que alguns apps passem despercebidos durante o processo de revisão. Em certos casos, os aplicativos chegam a utilizar certificados clonados ou credenciais roubadas de desenvolvedores legítimos para evitar bloqueios.

Enquanto isso, Rhodes afirmou que o foco da Comissão é combater essas ameaças por meio da aplicação da lei e de parcerias tecnológicas. Ele classificou a remoção rápida pela Apple como “um passo positivo”, mas enfatizou a importância de se buscar soluções de longo prazo para impedir que esses aplicativos cheguem aos usuários.

Impacto na indústria e riscos

Para os operadores licenciados, o crescimento desses aplicativos representa um risco à reputação e uma distorção na concorrência. Operadores ilegais não seguem normas de jogo responsável, não pagam impostos e não respeitam restrições publicitárias — o que lhes proporciona uma vantagem injusta frente às marcas legalmente estabelecidas e altamente reguladas no Reino Unido. Esse movimento crescente de enganação vai além das identidades falsas: também inclui jogos falsificados, com versões manipuladas de caça-níqueis populares que praticamente anulam as chances de vitória.

A Comissão alerta que os jogadores correm o risco de perder toda a proteção legal caso usem sites que retenham ganhos ou façam uso indevido de seus dados pessoais.

“Estamos falando de proteção ao consumidor”, destacou Rhodes. “Os jogadores precisam ter certeza de que estão interagindo com plataformas seguras, licenciadas e responsáveis.”

O uso de deepfakes na promoção de apostas deve se tornar uma preocupação ainda maior à medida que ferramentas de IA generativa se tornem mais acessíveis e potentes. A Comissão reforçou que continuará trabalhando com veículos de mídia, plataformas tecnológicas e autoridades policiais para expor esquemas ilegais e evitar novos casos de abuso.

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