Processo de fraude de US$ 65 milhões da EBET contra a Aspire desmorona: o que deu errado no tribunal?

Escrito por Sankunni K

A disputa legal entre a EBET, Inc., empresa de apostas online, e a Aspire Global International Limited, juntamente com sua controladora NeoGames, chegou ao fim após o Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Nevada arquivar o processo de fraude movido pela EBET. A decisão representa um desfecho significativo para um caso que se estendeu por mais de dois anos e envolveu acusações de deturpação financeira, práticas comerciais enganosas e disputas contratuais.

Este artigo traz uma visão detalhada do caso, desde sua origem em 2021 até a decisão final de arquivamento em janeiro de 2025.

Aquisição dos ativos B2C da Aspire pela EBET

Em 2021, a EBET buscou expandir sua presença no mercado adquirindo ativos business-to-consumer (B2C) da Aspire Global, uma das principais fornecedoras de software para cassinos online. A aquisição foi concluída em outubro de 2021 por meio de um Acordo de Compra de Ações (Share Purchase Agreement – SPA), no qual a EBET pagou € 50 milhões em dinheiro, € 10 milhões por meio de uma nota promissória e € 5 milhões em ações da EBET. Os ativos foram transferidos para uma nova entidade, a Karamba Limited, posteriormente adquirida pela EBET.

Na época, a transação parecia um movimento estratégico para fortalecer a posição da EBET no setor de apostas online. No entanto, a empresa alegou posteriormente que a Aspire teria deturpado fraudulentamente o valor e a viabilidade dos ativos B2C.

As acusações da EBET contra a Aspire e a NeoGames

Em 2023, a EBET alegou que a Aspire teria ocultado informações cruciais sobre a saúde operacional e financeira dos ativos B2C. A empresa argumentou que:

  • A Aspire reduziu artificialmente os custos operacionais para fazer com que os ativos parecessem mais lucrativos.
  • A transação fazia parte de um esquema mais amplo para inflacionar a avaliação da Aspire antes de sua venda para a NeoGames.
  • A Aspire não transferiu a quantidade prometida de contas de jogadores, reduzindo significativamente as receitas esperadas.
  • Os ativos B2C tiveram um desempenho abaixo do esperado após a aquisição, resultando em grandes prejuízos financeiros para a EBET.

Diante dessas acusações, a Aspire e a NeoGames negaram qualquer irregularidade e solicitaram o arquivamento do processo, alegando que o tribunal de Nevada não tinha jurisdição sobre os réus.

A batalha judicial

Imagem: EBET INC., Vs. Aspire Global International Limited

A EBET entrou com a ação no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Nevada, apresentando nove acusações, incluindo:

  1. Fraude na indução
  2. Anulação do SPA
  3. Anulação da nota promissória
  4. Anulação da liberação contratual
  5. Quebra de contrato
  6. Violação do princípio implícito de boa-fé e negociação justa
  7. Declarações negligentes
  8. Teoria do alter ego
  9. Violação da Lei de Práticas Comerciais Enganosas de Nevada

Os réus contestaram o processo com base em vários argumentos, incluindo a falta de jurisdição e uma cláusula de eleição de foro no SPA, que determinava que disputas deveriam ser resolvidas em Malta, e não nos Estados Unidos.

Decisão do tribunal: caso arquivado

Imagem: EBET INC., Vs. Aspire Global International Limited

Em 31 de janeiro de 2025, a juíza Gloria M. Navarro decidiu a favor da Aspire e da NeoGames, concedendo o pedido de arquivamento do processo. O tribunal concluiu que não tinha jurisdição sobre os réus, baseando-se nos seguintes fatores:

  • Ausência de operações comerciais em Nevada: O tribunal determinou que a Aspire e a NeoGames não tinham operações suficientes em Nevada para justificar a jurisdição. Embora a NeoGames estivesse registrada para atuar no estado, a Aspire não estava.
  • Cláusula de eleição de foro no SPA: O tribunal reforçou que o acordo previa a resolução de disputas em Malta, o que fortalecia o argumento de que Nevada não era o foro adequado.
  • Falta de contatos diretos com Nevada: A juíza concluiu que as atividades comerciais mínimas dos réus no estado não eram suficientes para estabelecer a disposição intencional (purposeful availment), um princípio jurídico que determina se uma empresa se envolveu deliberadamente em atividades comerciais em uma determinada jurisdição.

Como resultado, o caso foi arquivado sem prejuízo, permitindo que a EBET reabra o processo caso consiga apresentar fatos que sustentem a jurisdição do tribunal.

O que vem a seguir para a EBET?

A decisão do tribunal chega em um momento difícil para a EBET, que recentemente anunciou o encerramento de suas operações após um leilão de ativos. A empresa enfrenta instabilidade financeira, e a impossibilidade de obter reparação legal contra a Aspire pode agravar ainda mais suas perspectivas futuras.

A SiGMA News entrou em contato com o escritório de advocacia Pisanelli Bice, sediado em Las Vegas e representante da EBET, para obter comentários sobre o caso, mas não obteve resposta até o momento da publicação.

A NeoGames, controladora da Aspire Global, também não respondeu imediatamente às solicitações de comentários sobre a decisão judicial e possíveis ações futuras.

Para a Aspire e a NeoGames, o arquivamento representa uma grande vitória legal, permitindo que sigam em frente sem o peso de um litígio contínuo.

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