Emirados saem da lista de risco da UE: especialista jurídico Portela de Carvalho explica o impacto para o setor de jogos

Garance Limouzy
Escrito por Garance Limouzy
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

A recente decisão da Comissão Europeia de remover os Emirados Árabes Unidos (EAU) da lista de países terceiros de alto risco com deficiências estratégicas em seus regimes de combate à lavagem de dinheiro (AML) e ao financiamento do terrorismo (CFT) está repercutindo fortemente em diversos setores — especialmente no de jogos. Em entrevista exclusiva à SiGMA News, Luís Portela de Carvalho, sócio da Lektou e especialista reconhecido nas áreas de direito dos jogos, mídia e entretenimento, explicou os impactos dessa medida para a indústria.

“A principal consequência da retirada dos EAU da lista de alto risco da Comissão Europeia é a redução expressiva de obstáculos regulatórios e de conformidade para operadores e investidores”, afirmou Portela de Carvalho. “Esse nível excessivo de escrutínio agora foi, em grande parte, eliminado, tornando o mercado dos EAU mais acessível e atrativo para operadores que desejam expandir ou firmar novas parcerias.”

A saída dos EAU da lista de risco da União Europeia segue sua exclusão da lista de monitoramento da Força-Tarefa de Ação Financeira (FATF), que ocorreu no início de 2024. Segundo Portela de Carvalho, essa sequência de eventos já era esperada.

“A decisão era amplamente antecipada”, observou. “Os avanços dos EAU na reformulação de seus marcos regulatórios e no fortalecimento de seus mecanismos de fiscalização foram amplamente divulgados, levando muitos profissionais do setor a preverem que a retirada da UE seria uma consequência natural da decisão da FATF.”

Virada regulatória

A exclusão dos EAU da lista de alto risco foi resultado de anos de reformas regulatórias rigorosas. Entre as medidas adotadas estão multas pesadas aplicadas a instituições financeiras, a promulgação de nova legislação sobre lavagem de dinheiro e o lançamento de uma estratégia nacional para o período de 2024 a 2027.

“As reformas abrangentes promovidas pelos EAU foram determinantes”, explicou Portela de Carvalho. “As multas divulgadas publicamente, aplicadas a bancos e casas de câmbio em 2023 e 2024, totalizaram milhões de dirhans, o que demonstra a seriedade das ações tomadas.”

Ele acrescentou que a reestruturação regulatória sinaliza “um compromisso com a transparência, a segurança e os padrões internacionais” — uma mensagem essencial para investidores que analisam riscos a longo prazo.

Embora alguns ainda recomendem cautela antes de considerar os EAU como uma jurisdição de risco reduzido de forma definitiva, Portela de Carvalho foi direto:

“Não me parece precipitado considerar os EAU como uma jurisdição de baixo risco”, afirmou. “A análise detalhada da FATF, seguida da confirmação pela Comissão Europeia, baseou-se em evidências concretas de conformidade com os padrões internacionais de AML/CFT.”

Ainda assim, ele alertou: “Os operadores devem manter vigilância constante, como fariam em qualquer outro mercado.”

Impulso para o setor de jogos

Para o setor de jogos, em especial, o momento não poderia ser mais favorável. Os EAU têm dado passos discretos, mas relevantes, em direção à liberalização das apostas, como a criação da Autoridade Reguladora Geral de Jogos Comerciais (GCGRA) e a emissão de diversas licenças nos últimos meses.

“Os EAU já eram uma jurisdição atraente para operadores de jogos online”, observou Portela de Carvalho. “A recente retirada da lista apenas fortalece a credibilidade do país ao eliminar preocupações com uma fiscalização mais rígida.”

Segundo ele, a combinação de maturidade regulatória e aprovação da UE representa “um endosso global da solidez regulatória dos EAU”, consolidando o país como “um dos principais polos regionais para operadores do setor de jogos”.

Barreiras caindo

Operadores e investidores com base na União Europeia devem notar mudanças significativas na forma como podem atuar junto a parceiros ou clientes baseados nos EAU.

“As empresas de jogos com sede na UE devem enxergar os EAU como um mercado muito mais simples e comercialmente vantajoso”, aconselhou Portela de Carvalho. “A flexibilização dos requisitos de diligência reforçada reduz os custos de conformidade e facilita transações internacionais.”

Além disso, ele destacou que a exclusão da lista “alinha os EAU a outras jurisdições que já desfrutam de maior fluidez comercial no ecossistema global de jogos.”

Fora da lista

Questionado sobre a probabilidade de os EAU reforçarem ainda mais sua estrutura legal para manter o novo status de jurisdição de baixo risco, Portela de Carvalho respondeu:

“A GCGRA já adotou uma postura proativa”, disse ele. “Dado o compromisso demonstrado pelos EAU com os padrões internacionais, é bastante provável que o país continue aprimorando suas diretrizes, políticas e marcos existentes.”

Para um setor global que busca jurisdições confiáveis, estáveis e com potencial de crescimento, a retirada dos EAU da lista vai além de um ajuste técnico — representa um sinal verde.

“Essa decisão envia uma mensagem clara à comunidade internacional de que os EAU mantêm padrões sólidos em integridade financeira e segurança”, concluiu Portela de Carvalho. “Isso deve reforçar ainda mais a confiança dos investidores e impulsionar um crescimento acelerado no setor.”

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