Parte 2 – Inovações e Dinâmica de Mercado no iGaming Brasileiro

Traduzido por : Thawanny de Carvalho Rodrigues

April 9, 2025

Parte 2 – Inovações e Dinâmica de Mercado no iGaming Brasileiro

Dando continuidade à discussão anterior, esta seção explora as inovações tecnológicas e as dinâmicas de mercado que estão moldando a indústria de iGaming no Brasil. O foco está em aspectos fundamentais como soluções de pagamento locais, conformidade regulatória e a importância de ferramentas de personalização e engajamento em um mercado voltado principalmente para dispositivos móveis.

Tecnologia essencial para o futuro do iGaming no Brasil

Quais inovações tecnológicas serão mais importantes para o sucesso a longo prazo no Brasil?

Tamas Kusztos: Oferecer opções de pagamento locais será crucial para o sucesso, considerando a estrutura de pagamentos do Brasil e garantindo uma transição fluida para o mercado regulado. O marco regulatório também dá prioridade à segurança do jogador, o que torna indispensáveis ferramentas de jogo responsável, como autoexclusão, limites de depósito e monitoramento em tempo real. Tecnologias com IA para detecção de fraudes e tokenização também reforçarão a conformidade e a privacidade dos dados.

Para além da segurança, funcionalidades voltadas ao engajamento, como torneios e jackpots, terão papel fundamental na inovação de produtos. Os fornecedores também precisam ser flexíveis para adaptar seus conteúdos às preferências únicas dos jogadores brasileiros.

Ihor Zarechnyi: Transações rápidas e seguras são vitais para o negócio, e os métodos de pagamento locais provavelmente serão predominantes como forma preferida para pagamentos instantâneos.

O engajamento não será um grande desafio, já que os jogadores brasileiros são naturalmente sociais e movidos por entretenimento. Como a maioria dos jogadores utiliza dispositivos móveis, é essencial ter uma experiência mobile fluida, além de personalização baseada em IA, para que os operadores se destaquem em um mercado competitivo.

Maximiliano Ramos: Uma das maiores prioridades no mercado regulado do Brasil é o jogo responsável, e a tecnologia terá papel central na garantia da conformidade. Os operadores devem seguir diretrizes rigorosas, desde os requisitos técnicos das plataformas até restrições mais severas sobre publicidade de apostas. Empresas licenciadas agora têm a responsabilidade de monitorar a atividade dos jogadores, identificar riscos de vício e lidar com comportamentos problemáticos.

A identificação facial é outro requisito regulatório central que afetará tanto a segurança quanto a experiência do usuário. Os jogadores precisam validar seus documentos e dados de cadastro para garantir uma verificação de identidade adequada e a prevenção de fraudes. Embora essas medidas aumentem a transparência e a confiança, sua implementação deve ser cuidadosa para que o processo de onboarding não se torne excessivamente restritivo.

Manu Gambhir: No Brasil, a principal prioridade é criar uma dinâmica de mercado saudável que equilibre os interesses de todas as partes envolvidas. Esse é um processo de aprendizado, que historicamente evolui de forma gradual. A jornada do Brasil já começou.

Plataformas de pagamentos e engajamento eram necessárias mesmo antes da regulamentação e continuam sendo vitais. No entanto, plataformas de compliance são uma novidade, com a geolocalização no centro. Mesmo nas primeiras semanas após a abertura do mercado, operadores mais avançados já começaram a perceber o valor de plataformas de nível empresarial.

Adaptando-se ao cenário regulatório único do Brasil

Como é operar no Brasil em comparação a outros mercados regulados? Que lições a indústria pode tirar de experiências anteriores?

Tamas Kusztos: Navegar com sucesso pelas complexidades do mercado regulado do Brasil exige preparação cuidadosa, adaptabilidade e planejamento estratégico. O sistema tributário é muito mais rigoroso do que em muitos mercados europeus, o que exige uma abordagem cautelosa. Além disso, as empresas precisam se ajustar à rápida evolução tecnológica do Brasil, que prioriza métodos de pagamento digitais.

O setor também deve estar preparado para imprevistos, pois o cenário regulatório do Brasil provavelmente passará por curvas de aprendizado semelhantes às que vimos na Colômbia. Por isso, a flexibilidade será fundamental.

Ihor Zarechnyi: O mercado de iGaming no Brasil está evoluindo rapidamente. Seu sucesso a longo prazo dependerá da capacidade de operadores e fornecedores de se adaptarem a novas tecnologias e exigências regulatórias.

O foco em dispositivos móveis é um diferencial. Como a maioria dos jogadores utiliza smartphones, a otimização mobile deixou de ser opcional – agora é essencial. A indústria deve priorizar interfaces amigáveis para dispositivos móveis, mecânicas de jogo leves e personalização baseada em IA para manter os jogadores engajados. Aqueles que conseguirem equilibrar conformidade, tecnologia e experiência do usuário conquistarão uma base sólida neste mercado dinâmico.

Maximiliano Ramos: O Brasil vai além de um país; cada região tem sua própria cultura e os padrões de comportamento dos jogadores variam significativamente. Compreender as idiossincrasias brasileiras é essencial, assim como entender a cultura governamental do país. O Brasil é vasto, o que apresenta o desafio de gerenciar recursos de forma eficiente.

Uma lição importante de outros mercados regulados é que as empresas precisam ser flexíveis e estar preparadas para se adaptar. Uma abordagem única para todos não funciona no Brasil, assim como não funcionou em outras partes da América Latina. Negócios que investem tempo para entender profundamente o mercado e seus jogadores são os que terão mais chances de sucesso.

Manu Gambhir: O Brasil apresenta um conjunto único de desafios em comparação com mercados mais maduros como os Estados Unidos. Sua diversidade geográfica e cenário regulatório em constante evolução exigem alto grau de flexibilidade e soluções localizadas.

Além disso, a colaboração estreita com reguladores locais e parceiros da indústria é essencial para garantir que a tecnologia não apenas cumpra as regras atuais, mas também antecipe mudanças futuras. Nossa experiência em outras regiões nos ensinou que uma abordagem proativa e adaptável é fundamental para entrar e operar com sucesso em mercados dinâmicos como o brasileiro.

O próximo capítulo da indústria de iGaming no Brasil

Quais tendências ou desenvolvimentos devem moldar o mercado brasileiro de iGaming nos próximos 12 a 18 meses?

Tamas Kusztos: Apesar da saída inevitável de alguns operadores que não conseguirão se estabelecer em uma região tão exigente, empresas que não conseguiram entrar no ar em janeiro devem marcar sua entrada tentando alcançar os concorrentes em um mercado já saturado. Com o tempo, os efeitos das novas regulamentações e exigências vão se consolidar, criando um ambiente regulatório estável – algo muito bem-vindo por operadores e provedores.

O futuro do jogo regulado no Brasil é promissor. Com as estratégias certas, tanto fornecedores quanto operadores poderão prosperar nesta nova e empolgante fase da indústria do país.

Ihor Zarechnyi: O mercado brasileiro de iGaming está prestes a crescer significativamente nos próximos meses. Enquanto as apostas esportivas continuarão dominando, espero ver uma expansão dos cassinos online, com uma oferta mais ampla de conteúdos. Devemos observar um aumento na presença de slots, jogos de mesa e mecânicas mais recentes, como jogos instantâneos, crash games e jogos de habilidade.

Conteúdo local será fundamental. Jogos que dialoguem com a cultura brasileira – especialmente os com temas esportivos – devem ganhar popularidade. Mas também não descartaria o apelo de temas internacionais. Por exemplo, alguns dos nossos slots com influências orientais têm feito grande sucesso na América Latina, e acredito que veremos algo semelhante no Brasil.

Além disso, o marketing com influenciadores e estratégias de marca focadas na comunidade – especialmente em plataformas como Twitch e YouTube – serão fundamentais para atrair novos usuários, mantê-los engajados e aumentar o reconhecimento da marca. No longo prazo, o mercado recompensará aqueles que criarem conexões sólidas com parceiros e jogadores locais.

Maximiliano Ramos: Na minha visão, as principais tendências que vão moldar o setor de iGaming em 2025 giram em torno do atendimento ao cliente, com forte ênfase na entrega de experiências personalizadas.

Outra tendência significativa será a integração de um atendimento omnichannel. Os consumidores de hoje esperam interagir com as empresas por meio de vários canais – redes sociais, aplicativos móveis e chats – sem interrupções. As empresas que conseguirem integrar esses canais de forma fluida terão uma grande vantagem ao atender às expectativas dos clientes. A transição entre plataformas, com os dados preservados, será essencial para oferecer uma experiência sem atrito.

Segurança e privacidade de dados também ganharão destaque. As empresas precisarão seguir rigorosamente leis de proteção de dados, como a LGPD. Ser transparente quanto ao uso das informações dos clientes será essencial para construir e manter a confiança dos consumidores.

Por fim, o BiS SiGMA Américas se consolida como o evento de iGaming mais aguardado da América Latina. Será um momento único em que o Brasil e a cidade de São Paulo receberão os principais nomes do setor de jogos, tecnologia e inovação digital.

A expectativa é que o evento dobre de público e aumente sua estrutura, oferecendo mais conforto para quatro dias intensos de networking e oportunidades de negócios. O Brasil segue se consolidando como a porta de entrada para o setor de jogos na América Latina, se destacando como uma das regiões de crescimento mais rápido no mundo.

Manu Gambhir: Olhando para frente, o mercado de iGaming no Brasil continuará evoluindo à medida que as diretrizes regulatórias se tornarem mais claras, dando mais segurança aos operadores. Com uma fiscalização mais rigorosa, a demanda por sistemas de geolocalização que estejam totalmente em conformidade com a legislação aumentará, junto com um foco maior na integração de dados de localização com pagamentos e prevenção de fraudes para uma abordagem de compliance mais completa.

Ao mesmo tempo, o aumento da concorrência impulsionará a inovação, com operadores e prestadores de serviço utilizando análise de dados para melhorar tanto o engajamento dos jogadores quanto os relatórios regulatórios.

À medida que o BiS SiGMA Américas 2025 chega à metade, as discussões têm girado em torno do impacto transformador das novas regulamentações implementadas no Brasil. Enquanto o setor ainda se adapta a esse cenário em evolução, os operadores enfrentam desafios e oportunidades na hora de atender às exigências regulatórias e às demandas de mercado. Em meio à busca por espaço em um mercado cada vez mais competitivo e saturado, a promessa de um ambiente regulatório estável oferece uma base sólida para o crescimento. Este momento decisivo ressalta a importância da adaptação, da inovação, do conteúdo localizado e de parcerias estratégicas para moldar o mercado de iGaming no Brasil.