Como as Filipinas estão redefinindo a regulamentação e o domínio regional no iGaming

Naomi Day
Escrito por Naomi Day
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

À medida que o Sudeste Asiático se consolida rapidamente como um polo global de entretenimento digital, as Filipinas lideram esse movimento com reformas regulatórias arrojadas e um mercado de enorme potencial no setor de iGaming. Na SiGMA Ásia 2025, realizado em Manila, no SMX Convention Centre, especialistas da indústria se reuniram para analisar as forças que impulsionam esse crescimento explosivo, desde as mudanças nas políticas governamentais até os desdobramentos regionais.

O painel “Explosão do iGaming nas Filipinas: Reformas Regulatórias, Crescimento Recorde e Competição Regional” contou com a participação de quatro líderes do setor: Ivan Kurochkin, sócio e chefe de consultoria da 4H Agency; Kris Galloway, líder de produto iGaming da Sumsub; Paul Fox, cofundador e presidente da Claymore Solutions; e Brycan Dayao, vice-presidente de operações do Amused Group Philippines. Essas vozes, que representam diferentes vertentes do universo regulatório e do mercado de jogos, trouxeram insights valiosos sobre o florescente setor de iGaming nas Filipinas e sua crescente influência na região.

Principais impulsionadores do crescimento do iGaming

Paul Fox destacou que o mercado local ainda está em fase inicial, mas cresce a passos largos com a rápida expansão dos operadores. Kris Galloway, com bom humor, descreveu uma “corrida armamentista curiosa” na região, onde operadores do mercado cinza orientam os usuários a burlar as restrições — algo que ele acredita precisar ser enfrentado pelos governos.

Os participantes apontaram diversos fatores para a impressionante projeção de aumento de receita de 165% em 2024. Um dos motivos centrais é a redução de impostos, que torna a operação legal muito mais atraente em comparação aos riscos do mercado ilegal. Brycan Dayao comentou a ampla disponibilidade online, brincando que “até nas montanhas você pode apostar, desde que tenha conexão à internet”. Outro ponto importante é que os operadores legais agora exibem números claros e auditados, o que reforça a legitimidade crescente do setor.

Equilibrando regulação e inovação

O debate ressaltou os riscos de uma regulamentação excessiva, que poderia empurrar os jogadores para o mercado ilegal — um cenário que as Filipinas querem evitar a todo custo. Operadores offshore têm sido particularmente inovadores, fomentando um ecossistema fortemente enraizado na cultura do iGaming. Para os millennials, o jogo é o sétimo passatempo mais popular; para a geração Z, ocupa o segundo lugar, o que reforça a importância cultural do setor.

A adoção de criptomoedas é outra tendência crescente, especialmente entre os Filipinos que trabalham no exterior (OFWs), que cada vez mais utilizam moedas digitais para enviar remessas, impulsionando a aceitação dessas tecnologias no país.

A pandemia atuou como um catalisador, salvando o setor ao incentivar experimentações regulatórias. Brycan descreveu essa fase como a “terceira reinvenção” do iGaming filipino, ressaltando a disposição do governo em equilibrar regras rigorosas com a necessidade de manter o acesso facilitado para os operadores.

Repressão aos POGOs e desafios para a força de trabalho

O painel também abordou a repressão contra os Operadores de Jogos Offshore das Filipinas (POGOs). Enquanto a postura da China contra jogos online colocou o país numa lista cinza, críticas surgiram porque muitos POGOs não empregaram filipinos suficientes, apesar da reputação do país como capital mundial de BPO (Business Process Outsourcing).

Paul Fox contou que sua empresa, Claymore Solutions, firmou recentemente uma parceria com a Fanatics para lançar operações de back-office, aproveitando a realocação de trabalhadores filipinos deslocados do setor POGO. Kris Galloway enfatizou a necessidade de reestruturação organizacional para se adaptar, e Brycan destacou a resiliência da força de trabalho local. Apesar da perda de cerca de 80 mil empregos, muitos migraram para o trabalho freelancer online, assistência virtual e outras funções dentro da indústria de jogos, especialmente em segmentos em crescimento como o bingo.

Paul concluiu que este é um momento promissor para as Filipinas, já que empresas reguladas estão aumentando a contratação local, preenchendo as lacunas deixadas pelos fechamentos dos POGOs. A contratação de profissionais com profundo conhecimento do mercado local continua sendo essencial para o crescimento sustentável.

A cultura filipina ainda é fortemente ligada ao jogo presencial, mas aprimorar e ampliar as ofertas online está se tornando cada vez mais crucial. Como disse Brycan Dayao, “Estamos dispostos a mudar”. A indústria está comprometida em se reinventar e manter a competitividade no mercado em rápida transformação do Sudeste Asiático. Essa capacidade de adaptação e abertura à inovação será fundamental para garantir a posição das Filipinas como líder regional em iGaming.

À medida que os marcos regulatórios se tornam mais rígidos na Ásia, as Filipinas estão estabelecendo um exemplo progressivo e equilibrado, moldando o futuro do investimento, inovação e competição no setor de iGaming em toda a região. Para quem está inserido ou pretende ingressar nesse ecossistema, este é o momento ideal para traçar estratégias voltadas para o futuro dinâmico que está sendo desenhado no Sudeste Asiático.

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