Licença inaugural para apostas esportivas é concedida no Rio de Janeiro

Content Team há 10 meses
Licença inaugural para apostas esportivas é concedida no Rio de Janeiro

Numa reviravolta histórica, a Rede Loto se tornou a primeira operadora no Brasil a receber uma licença inaugural de apostas esportivas.

A acreditação da loteria estadual do Rio permitirá que a operadora sediada em São Paulo opere apostas esportivas com odds fixas em todo o estado do Rio de Janeiro. A licença terá uma duração inicial de 5 anos e custou à Rede Loto R$ 5 milhões (aproximadamente US$ 1 milhão) em custos iniciais.

Essa decisão adiciona ainda mais complexidade à paisagem da legalização do jogo, com tentativas federais muito esperadas de trazer o jogo em todas as suas formas multifacetadas, incluindo as apostas esportivas, para toda a nação sul-americana.

Panorama legislativo no Brasil

Devido à Lei das Contravenções Penais (LCP), o jogo em quase todas as suas formas é ilegal desde 1941 em todo o território brasileiro.

Apesar disso, o Brasil é uma nação ávida por jogos de azar, principalmente por conta dos esportes e, portanto, as apostas esportivas são um aspecto incrivelmente popular, entrelaçado na cultura brasileira e na estrutura de sua sociedade. Tanto é assim que, em 2022, estima-se que mais de 46% da população do Brasil, a quinta maior do mundo, esteve envolvida em alguma forma de atividade de apostas esportivas.

Essa indústria, que vale mais de US$ 6 bilhões anualmente, só é verdadeiramente possível nessa escala devido ao surgimento e domínio de operadoras de apostas on-line que conduzem suas atividades para o mercado brasileiro a partir de bases fora do país.

Na verdade, essa não é uma prática ilícita, pois a LCP é aplicada a atividades realizadas dentro do Brasil do ponto de vista operacional. Operadoras fora do Brasil devem estar dentro dos limites legais de suas próprias jurisdições para fornecer ofertas de jogos de azar legais e válidas ao mercado brasileiro.

Embora isso satisfaça em grande parte o apetite da população apostadora no Brasil, isso afeta o país no sentido de que uma grande quantidade de receita fiscal está sendo perdida. Essa é uma perda significativa, pois o Brasil abriga talvez o maior mercado ilícito do mundo e potencialmente um dos maiores do mundo caso a legalização seja alcançada.

Esforços de legalização

Embora um esforço considerável esteja sendo feito pelo governo federal no Brasil, nas últimas semanas diversos obstáculos e entraves causaram um lamentável atraso, com líderes congressistas discutindo sobre a decisão de regulamentar as apostas esportivas em nível nacional ou específico de cada estado.

Inicialmente, o plano era uma regulamentação nacional por meio de uma chamada medida provisória de decreto de emergência, que era considerada mais iminente quando um rascunho dessa legislação foi divulgado para a indústria e a mídia.

No entanto, após uma reavaliação, está sendo considerado um projeto de lei mais padronizado com requisitos urgentes. Isso teria algumas diferenças, sendo uma delas uma medida provisória com efeito imediato após sua aprovação, enquanto um projeto de lei de urgência estaria sujeito a um processo de aprovação no congresso de 90 dias e, em seguida, exigiria ratificação.

Luiz Felipe Maia, especialista em legislação de jogos de azar e sócio-fundador do escritório de advocacia Maia Yoshiyasu em São Paulo, fez uma análise da situação pendente, afirmando que acredita que nenhuma licença em nível federal será concedida no futuro próximo.

No entanto, alguns estados, como é o caso do Rio, concederão licenças que permitirão que operadores atuem dentro das jurisdições estaduais. Isso ocorre porque as legislaturas estaduais não estão enfrentando os mesmos problemas que estão causando dificuldades nos processos federais.

Maia explicou:

“Por outro lado, teremos licenças no Rio, Paraná, Paraíba. Isso vai ser uma situação muito complicada para o governo. Em nível estadual, as coisas estão acontecendo bastante rápido.”

Ele mencionou que os estados de Paraná e Paraíba estão acompanhando de perto o exemplo do Rio e esperam implementar sistemas semelhantes para conceder às loterias o direito de incluir apostas esportivas em suas ofertas.

Alternativas a isso, como em Minas Gerais, também surgiram, em que os provedores de loteria estão estabelecendo acordos exclusivos com parceiros de tecnologia para lançar novos operadores dedicados de apostas esportivas.

Considerações e desvantagens

Estátua do Cristo Redentor, Rio de Janeiro, Brasil.

Embora a regulamentação estadual esteja avançando muito mais rápido do que a federal, talvez adquirir uma licença estadual não seja a escolha mais prudente neste momento, pois elas podem se tornar redundantes se as disposições nos projetos de legislação federal forem levadas em consideração.

Isso significa que os jogadores devem estar localizados apenas dentro do estado em questão para jogar os jogos de loteria esportiva on-line do operador, e, além disso, os estados serão proibidos de criar operações de loteria multi-jurisdicionais.

As desvantagens não param por aí, conforme afirmou o advogado de jogos da Bichara & Motta, Udo Seckelmann:

“A plataforma de pagamentos que os operadores acreditados serão obrigados a usar cobra taxas pesadas, como uma taxa de transação considerável para cada depósito e saque, o que, somado aos impostos e taxas de licenciamento, não é atrativo para os operadores com os quais conversei.”

Ele continua afirmando que outras medidas podem ser implementadas para evitar que os jogadores façam uso do mercado cinza, ou seja, atividades de jogo realizadas sem uma licença válida ou com uma licença estadual fora de sua jurisdição.

Isso seria implementado por meio de métodos como “o bloqueio de IPs e a restrição de provedores de pagamento para operadores sem licença e a proibição de publicidade no Brasil por operadores sem licença”.

Isso, é claro, é tudo especulação por enquanto, mas, mesmo assim, com essa licença inaugural sendo emitida, mais confusão foi adicionada a um cenário já complexo, que os operadores e reguladores devem considerar e reconsiderar com frequência, à medida que o Brasil começa a embarcar na exploração do que certamente se tornará uma indústria chave tanto localmente quanto globalmente.

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