Supremo Tribunal da Índia decide que distribuidores de loteria não são responsáveis por imposto sobre serviços

Escrito por Anchal Verma

O Supremo Tribunal da Índia, em 11 de fevereiro, decidiu que os distribuidores de loterias não são obrigados a pagar o imposto sobre serviços ao governo federal. Rejeitando um recurso da União, o tribunal manteve a decisão do Tribunal Superior de Sikkim, que anulou uma lei de 2010 que impunha esse imposto sobre atividades relacionadas à loteria.

Essa decisão traz alívio para empresas de loterias, incluindo a Future Gaming and Hotel Services Pvt. Ltd. O tribunal esclareceu que as loterias se enquadram em “apostas e jogos de azar”, os quais, de acordo com a Constituição da Índia, são de competência tributária exclusiva dos governos estaduais.

Distribuidores de loterias não prestam serviço tributável

Uma banca composta pelos juízes B.V. Nagarathna e N. Kotiswar Singh concluiu que os distribuidores de loterias não prestam qualquer serviço ao governo.

Ao ler o julgamento, a juíza B.V. Nagarathna afirmou:

“Não havendo agência, os contribuintes respondentes não prestam serviços como agentes ao Governo de Sikkim. Portanto, o imposto sobre serviços não pode ser aplicado às transações entre compradores de bilhetes de loteria e o Governo de Sikkim.”

O governo federal havia introduzido o imposto sobre serviços relacionado à promoção, marketing e organização de loterias por meio de uma emenda à Lei de Finanças de 1994, adicionando a Cláusula (zzzzn) em 2010. Essa emenda incluía atividades relacionadas à loteria na definição de “serviços tributáveis”. Contudo, o Supremo Tribunal confirmou a decisão do Tribunal Superior de Sikkim, afirmando que essas atividades não se qualificam como serviço sob a lei.

Divisão constitucional dos poderes tributários

A decisão do Supremo Tribunal foi fundamentada na divisão de poderes tributários estabelecida pela Constituição da Índia entre o governo federal e os estaduais. O Item 62 da Lista Estadual (Lista II) confere aos estados o direito exclusivo de impor impostos sobre apostas, jogos de azar e loterias. Além disso, o Item 34 da mesma lista dá aos estados o poder de regulamentar essas atividades.

O governo federal, no entanto, tentou impor o imposto sobre serviços com base no Item 97 da Lista da União (Lista I), que permite ao Parlamento tributar assuntos não contemplados na Constituição. O Supremo Tribunal rejeitou esse argumento, reafirmando que apostas e jogos de azar são assuntos de competência estadual, e apenas os estados podem tributar loterias.

Contexto do caso

A disputa teve início em 2010, quando o Parlamento emendou a Lei de Finanças de 1994 para incluir atividades relacionadas à loteria como serviços tributáveis. A Future Gaming and Hotel Services Pvt. Ltd., juntamente com outras empresas de loteria, contestou a emenda no Tribunal Superior de Sikkim.

As empresas de loteria argumentaram que suas atividades não se enquadram na definição de “serviço tributável” conforme a Lei de Finanças. Alegaram que a condução de loterias é uma forma de aposta e jogo de azar, de competência exclusiva dos estados. Também sustentaram que o Parlamento não pode tributar assuntos estaduais com base no Item 97 da Lista da União.

Em 29 de novembro de 2012, o Tribunal Superior de Sikkim decidiu a favor das empresas de loteria, anulando a disposição relevante da Lei de Finanças de 2010. O tribunal concluiu que os distribuidores de loterias não prestam serviços e, portanto, não são responsáveis pelo imposto sobre serviços.

Supremo rejeita recurso do governo federal

O governo federal recorreu da decisão do Tribunal Superior de Sikkim ao Supremo Tribunal. No entanto, o Supremo rejeitou o recurso, confirmando que nenhum serviço é prestado aos governos estaduais.

A decisão está alinhada com um julgamento de agosto de 2024, no qual o Supremo Tribunal determinou que a venda de bilhetes de loteria por um governo estadual não constitui um serviço tributável, mas sim uma atividade geradora de receita. O tribunal observou que os compradores de loterias no atacado não promovem ou comercializam um serviço prestado pelo estado, isentando-os da obrigação de pagar imposto sobre serviços.

Embora o Supremo tenha excluído o imposto sobre serviços, deixou claro que as empresas de loteria continuam obrigadas a pagar o imposto sobre jogos de azar imposto pelos governos estaduais, conforme o Item 62 da Lista Estadual.

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