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Influência de doações de álcool e jogos de azar na política australiana é alvo de investigação
Um relatório recente da Comissão Eleitoral Australiana (AEC) gerou controvérsia ao revelar que empresas de álcool e jogos de azar doaram AUD 2,5 milhões a partidos políticos no ano fiscal de 2023-2024. Grupos de defesa, como a Fundação para Pesquisa e Educação sobre Álcool (FARE) e a Aliança para a Reforma dos Jogos de Azar (AGR), criticaram essas doações, alegando que comprometem políticas destinadas a proteger a população australiana.
Distribuição das doações políticas na Austrália
O Registro de Transparência da AEC divulgou que as indústrias de álcool e jogos de azar contribuíram juntas com quase AUD 2,5 milhões em doações políticas. Esse valor inclui AUD 998.000 da indústria do álcool, AUD 661.000 da indústria de jogos de azar e AUD 815.000 de contribuições mistas. Destas doações, 61% foram destinadas ao Partido Trabalhista Australiano (ALP) e 38% à Coalizão Liberal Nacional (LNP).
Empresas que lucram exclusivamente com a venda de álcool doaram quase AUD 1 milhão a partidos políticos. Críticos argumentam que essas contribuições historicamente atrasaram ou enfraqueceram políticas voltadas para reduzir os danos causados pelo consumo de álcool. Já as empresas de jogos de azar doaram AUD 661.000, gerando preocupações sobre a influência de lobistas na obstrução de reformas, como restrições a propagandas de apostas e regulamentação do setor.
Além disso, negócios ligados a ambas as indústrias destinaram AUD 815.000 ao processo político, demonstrando o poder de influência que utilizam para moldar políticas a seu favor.
Reações de grupos de defesa
A FARE e a AGR condenaram as doações, destacando seu impacto negativo nas políticas de saúde pública e segurança.
A CEO da FARE, Caterina Giorgi, afirmou que essas doações não são atos de boa vontade, mas estratégias para influenciar decisões políticas. Ela ressaltou que empresas de álcool têm usado repetidamente seu poder financeiro para bloquear ou adiar regulações que poderiam melhorar a saúde pública.
Giorgi declarou: “Quando empresas fazem doações a partidos políticos, elas o fazem para tentar influenciar a tomada de decisões. Precisamos de reformas sensatas que priorizem a comunidade e fortaleçam nossa democracia.”
O CEO da AGR, Martin Thomas, compartilhou preocupações semelhantes, afirmando que empresas de jogos de azar usam doações para impedir reformas, especialmente no esforço para banir propagandas de apostas. Ele observou que as doações aumentam significativamente quando mudanças regulatórias estão sendo discutidas.
Thomas acrescentou: “Nos últimos meses, vimos a influência e o excesso de poder dos grupos de lobby do setor de jogos de azar, que atrasaram o avanço de uma proibição de propagandas de apostas, algo que nossas comunidades exigem com urgência. As evidências mostram que essas doações atingem picos justamente quando reformas estão sendo consideradas. É uma tentativa descarada de minar mudanças regulatórias, atacando o processo democrático. Com vontade política, podemos excluir as indústrias de jogos de azar e álcool das doações — conseguimos fazer isso com o tabaco, agora precisamos fazer o mesmo com essas outras indústrias.”
Tanto a FARE quanto a AGR defendem uma proibição total das doações políticas por empresas de álcool e jogos de azar, seguindo o modelo já aplicado ao setor de tabaco. Segundo os grupos, essa medida é essencial para proteger a integridade democrática e evitar interferências corporativas na formulação de políticas públicas.
Chamado do senador David Pocock para investigação
O senador David Pocock reagiu ao relatório pedindo uma investigação sobre a influência da indústria de jogos de azar na política. Sua solicitação foi motivada por reuniões não divulgadas entre o primeiro-ministro Anthony Albanese e executivos de grandes ligas esportivas, como a Liga Nacional de Rugby (NRL) e a Liga Australiana de Futebol (AFL). Pocock exige explicações sobre essas reuniões e defende medidas mais rígidas para impedir o lobby encoberto.
O debate sobre doações políticas tem se intensificado recentemente, como parte de uma discussão mais ampla sobre regulamentação. Em Nova Gales do Sul, o governo local proibiu recentemente propagandas de apostas no transporte público.
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