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Os jogos de azar têm raízes profundas na história do Japão, remontando ao período Heian (794–1185), quando jogos semelhantes ao gamão eram populares. Ao longo dos séculos, diferentes formas de apostas surgiram, muitas vezes operando em áreas jurídicas ambíguas.
Em 1711, o xogum Ienobu emitiu um decreto proibindo “qualquer tipo de jogo de azar”, refletindo preocupações sociais da época. Apesar dessas restrições, atividades como as loterias (takarakuji) continuaram a existir ilegalmente durante o período Edo (1603–1868). Na era Meiji (1868–1912), com a abertura do Japão ao mundo, jogos de cassino ocidentais, incluindo pôquer, começaram a ganhar espaço.
No entanto, em 1907, o Código Penal criminalizou a maioria das formas de jogos de azar, uma postura que permanece vigente até hoje. Apesar das leis rígidas, o fascínio pelo jogo persistiu, com exceções reguladas permitindo a existência de atividades como o pachinko e determinadas modalidades de apostas.
Sem um marco regulatório adequado, o Japão ainda trata os jogos de azar como uma atividade criminosa. No entanto, dados indicam que essa proibição está custando ao país bilhões em receita perdida.
O mercado de apostas ilegais online tem se expandido rapidamente no Japão. Uma pesquisa recente da Agência Nacional de Polícia (NPA) estima que cerca de 3,37 milhões de cidadãos japoneses participam de jogos de cassino online, movimentando aproximadamente ¥ 1,24 trilhão por ano (cerca de € 7,6 bilhões). Esses números sugerem que uma parcela significativa da população está envolvida nessas atividades ilícitas.
Um dado preocupante revelado pela pesquisa aponta que 43,5% dos entrevistados desconheciam que cassinos online são ilegais no Japão. Além disso, o levantamento indicou que 75,2% dos usuários que acessaram versões gratuitas de sites de apostas em seus smartphones acabaram migrando para versões pagas, apostando dinheiro real. Outro fator alarmante é que 59,6% desses jogadores relataram sinais de dependência em jogos de azar, impulsionados pela promessa de dinheiro fácil ou pela adrenalina das apostas.
A participação de figuras públicas na divulgação de jogos de azar tem gerado preocupação. Uma investigação recente identificou 110 cassinos online com versões em japonês, muitos dos quais utilizam celebridades para promover seus serviços. Esse fenômeno tem coincidido com um aumento expressivo nas consultas sobre vício em jogos de azar, passando de apenas oito pedidos de ajuda em 2019 para 91 em 2024.
A publicidade envolvendo celebridades é uma prática comum na indústria global de apostas para atrair novos clientes. No Japão, dois comediantes foram recentemente flagrados promovendo sites de apostas, apesar da proibição nacional. O uso de personalidades públicas nesse contexto gerou debates sobre as implicações éticas desse tipo de marketing, principalmente em relação à sua influência sobre grupos vulneráveis.
Diante dessa tendência, as autoridades japonesas aumentaram a fiscalização sobre celebridades envolvidas na promoção de jogos de azar online. Relatórios indicam que a polícia está investigando figuras públicas e esportistas que acessam cassinos online por meio de dispositivos móveis.
A legalização dos jogos de azar online continua sendo um tema controverso no Japão. Embora uma grande parte da população já participe dessas atividades, ainda há pouca discussão pública sobre o assunto.
Especialistas como Joji Kokuryo, gerente-geral da Bay City Ventures, afirmam que a regulamentação dos cassinos online no Japão ainda está longe de acontecer. No entanto, o alto índice de participação no mercado ilegal pode levar as autoridades a reconsiderar sua posição e iniciar debates sobre novas diretrizes regulatórias.
Até o momento, não houve grandes manifestações públicas em defesa da legalização dos jogos online. No entanto, o crescente número de jogadores sugere uma possível mudança de percepção ao longo do tempo.
A insistência do Japão em manter a proibição dos jogos de azar tem um preço alto. O país perde bilhões em arrecadação tributária, enquanto o mercado ilegal continua a prosperar. Além disso, a abordagem atual falha em combater o vício em jogos, já que os jogadores acabam migrando para plataformas não regulamentadas, onde não há nenhuma proteção ao consumidor.
Especialistas alertam que, se o Japão não reavaliar suas políticas, continuará deixando de lucrar com um setor altamente rentável, enquanto operadores ilegais aproveitam essa lacuna. A criação de um mercado regulado permitiria ao governo japonês exercer maior controle sobre a indústria, proteger os consumidores e transformar o setor de apostas em uma fonte legítima de receita.