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Macau aposta no “boom turístico” com reformulação das regras do jogo
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A indústria de jogos de Macau pode passar por uma transformação profunda com a implementação de regulamentações mais rigorosas sobre depósitos e restrições aos promotores de jogos. As mudanças, aplicadas nos últimos quatro anos, podem posicionar a cidade como um destino turístico voltado para o mercado de massa, reduzindo a dependência do segmento VIP de junkets, conforme estudo realizado pela Universidade de Macau.
De acordo com o estudo conduzido por João Ilhão Moreira e Yudi Zhou, da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, a reforma regulatória da cidade baseia-se em medidas equilibradas de responsabilidade solidária. Esse novo marco legal pode estimular os cassinos a monitorar as operações dos junkets, ao mesmo tempo que garante que não sejam excessivamente responsabilizados por ações fora de seu controle.
A Lei do Jogo de Macau (Lei n.º 16/2022) desempenhou um papel crucial na implementação dessas mudanças. A legislação criminalizou a captação ilegal de depósitos e impôs responsabilidade solidária às concessionárias de cassinos por atividades relacionadas a junkets, salvo prova de fiscalização diligente.
Macau se afasta das receitas VIP
Casos de má conduta financeira de alto nível, como os envolvendo Suncity e Dore, destacaram a necessidade dessas medidas mais rigorosas. Reformas como as atuais têm o objetivo de tornar o ambiente de jogos em Macau mais seguro e transparente.
Especialistas afirmam que as novas regras estão ajudando Macau a migrar de um modelo focado em apostas VIP para um modelo mais sustentável. Com maior supervisão e regulamentações mais severas, Macau busca se tornar um destino turístico que dependa de visitantes do mercado de massa, em vez de apostadores de alto valor.
Essa transição já apresenta resultados positivos: em 2024, as receitas de baccarat do mercado de massa atingiram MOP 137,9 bilhões (€ 14,1 bilhões), superando os números anteriores à pandemia. Em contrapartida, as receitas de bacará VIP caíram significativamente, representando apenas 24% do total da receita bruta de jogos no mesmo ano.
Altas expectativas para 2025
As autoridades de Macau também estabeleceram metas ambiciosas. O Escritório de Turismo do Governo de Macau (MGTO) revisou sua previsão, estimando agora entre 38 milhões e 40 milhões de chegadas de turistas em 2025. Esse intervalo sugere um aumento potencial de 5,6% em relação às projeções anteriores, aproximando-se do número de 39,4 milhões de visitantes registrado em 2019.
Essa perspectiva otimista é reforçada por mudanças políticas, como a flexibilização dos requisitos de visto de viagem para residentes de Zhuhai, na província de Guangdong, em vigor desde 1º de janeiro de 2025. Desde então, houve um aumento de 26,1% no número de viagens de Zhuhai para Macau, totalizando 257 mil visitas até agora.
Paralelamente ao aumento esperado no número de visitantes, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau prevê que a receita bruta de jogos (GGR) alcance MOP 240 bilhões (cerca de € 28,9 bilhões) em 2025. Esse número representa um aumento de 11% em relação à estimativa de 2024 e reflete a confiança na recuperação contínua da indústria integrada de turismo e lazer.
Analistas compartilham desse otimismo. O Goldman Sachs projeta um crescimento anual de 8% na GGR de Macau para 2025, impulsionado pelos gastos robustos dos turistas chineses. O banco de investimentos espera um aumento de 9% na GGR do mercado de massa e de 4% na receita VIP, resultando em um crescimento estimado de 11% no EBITDA da indústria.
Da mesma forma, a Seaport Research Partners prevê um crescimento de 7% na GGR para 2025, com operadores de grande porte, como Sands China e Galaxy Entertainment Group, sendo os mais beneficiados.
A S&P Global Ratings adota uma perspectiva ligeiramente mais conservadora, estimando um crescimento entre 5% e 6% na GGR para 2025.
A agência projeta que os jogos do mercado de massa ultrapassarão os níveis pré-pandemia em 15% a 20%, enquanto os volumes VIP devem permanecer próximos aos baixos níveis atuais, a menos que ocorram mudanças regulatórias.
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