Agius, deputado do parlamento europeu, pede ação da UE sobre a regulamentação dos jogos online

Traduzido por : Thawanny de Carvalho Rodrigues

A fragmentação da regulamentação da indústria na União Europeia voltou aos holofotes depois que o eurodeputado maltês Peter Agius (EPP, MT) pediu à Vice-Presidente da Comissão Europeia, Laurence Sejourne, que abordasse as inconsistências legais e regulatórias no setor de jogos online do bloco. Agius alertou que a inação da Comissão está ameaçando a livre circulação de serviços de jogos, incentivando práticas monopolistas e comprometendo a proteção dos consumidores.

Agius destacou que essa falta de ação coloca em risco o setor, especialmente os milhares de empregos gerados pela próspera indústria de jogos de Malta. “A liberdade europeia de circulação dos serviços de jogos online está se perdendo em batalhas legais e conflitos de jurisdição”, afirmou.

Ele criticou a Comissão por ter se afastado de seu papel de reguladora desde 2017, quando abandonou todos os processos por infração pendentes. “Até alguns anos atrás, a Comissão Europeia impunha medidas de proporcionalidade e não discriminação aos Estados-membros. Isso mudou em 2017, quando a Comissão recuou.”

Em declarações exclusivas à SiGMA sobre sua carta, Agius acrescentou: “A Europa defende a livre circulação e os direitos do consumidor. Ambos estão sob ameaça no setor de jogos online, onde empresas legalmente registradas enfrentam conflitos diários de jurisdição, enquanto operadores ilegais prosperam. A Comissão Europeia deve ser a guardiã dos direitos de livre circulação. A Europa não pode continuar ignorando o caos jurídico nos jogos online. É por isso que estou pedindo à Vice-Presidente Sejourne, responsável pelo Mercado Interno, e ao Comissário McGrath, responsável pelo Estado de Direito, que assumam suas responsabilidades e restabeleçam a ordem no mercado interno dos serviços de jogos. A ação da Comissão é essencial, não apenas para garantir justiça e segurança jurídica, mas também para proteger os consumidores, que se beneficiam dos altos padrões de proteção ao jogador adotados em jurisdições regulamentadas como Malta.”

Regulation of online gambling MEP Peter Agius
O deputado do parlamento maltês Peter Agius (EPP, MT).

Conflitos jurídicos na Áustria e na Alemanha

Agius mencionou a falta de harmonização da regulamentação de jogos online na UE, citando as disputas em andamento na Áustria e na Alemanha como exemplos dessa fragmentação. Ele ressaltou que decisões judiciais conflitantes expuseram vulnerabilidades no sistema, especialmente para operadores malteses. “Os recentes litígios e os conflitos de jurisdição nos processos movidos por operadores derrotados na Áustria e na Alemanha contra empresas de Malta mostram que chegou o momento de a Comissão agir urgentemente para proteger as liberdades da UE”, afirmou. Em 27 de fevereiro de 2025, o First Hall do Tribunal Civil de Malta decidiu contra a aplicação de sentenças de tribunais austríacos que ordenavam que operadores licenciados pela Autoridade de Jogos de Malta (MGA) reembolsassem perdas de jogadores.

Esses conflitos aumentaram as preocupações sobre a falta de harmonização entre os Estados-membros, algo que, segundo Agius, é fundamental para garantir um mercado justo e competitivo. O setor de jogos de Malta, que emprega milhares de pessoas e segue alguns dos padrões regulatórios mais rigorosos da Europa, tem sido particularmente impactado por esses desafios. Diante das disputas judiciais, o Parlamento maltês aprovou o Artigo 56A da Lei de Jogos de Malta, uma medida para proteger operadores licenciados pela MGA. A Autoridade Reguladora de Jogos da Alemanha (Joint Gambling Authority of the Länder – GGL) classificou essa medida como um “escudo protetor”. Advogados austríacos e alemães afirmam que a alteração legislativa é uma tentativa do governo maltês de enfraquecer o Estado de Direito na Europa e restringir os direitos fundamentais de cidadãos e residentes da UE.

O financiamento de litígios por terceiros

Na sua carta, Agius pediu à Comissão Europeia que interviesse para restaurar as liberdades do mercado interno nos jogos online. Ele também reiterou o apelo do Parlamento Europeu pela regulamentação do financiamento de litígios por terceiros (Third Party Litigation Funding – TPLF), um mecanismo que permite que operadores derrotados em processos judiciais unam recursos para ações conjuntas contra empresas maltesas. A prática tem sido criticada por explorar brechas jurídicas, e Agius argumenta que “esse mecanismo precisa ser regulamentado para evitar abusos que prejudicam consumidores e empresas.”

Impacto na economia de Malta

Agius enfatizou que proteger a indústria de jogos de Malta é fundamental para a sustentabilidade econômica do país. “Malta deve proteger e fomentar sua indústria de jogos para garantir a sustentabilidade econômica e a competitividade no longo prazo”, declarou. Ele pediu que a Comissão Europeia tome medidas decisivas antes que mais danos sejam causados.

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