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O universo das criptomoedas segue oscilando entre dois extremos: de um lado, a utopia tecnológica baseada em descentralização e desintermediação; do outro, a necessidade cada vez mais real de proteger os usuários e estabelecer um arcabouço regulatório sólido. No meio desse caminho estão os operadores que buscam construir pontes entre essas duas realidades – especialmente em mercados como o italiano, onde o ecossistema cripto ainda está em fase de consolidação.
Matteo De Angelis, Country Manager da YouHodler na Itália, conhece bem esse cenário. Nesta entrevista, ele compartilha as oportunidades e os desafios de um setor em constante transformação. Segundo De Angelis, o mercado cripto italiano avança em duas velocidades distintas. De um lado, o público de varejo ainda demonstra hesitação:
“O investidor médio está receoso. O mercado está em baixa e falta entusiasmo. As pessoas têm medo de entrar.”
Por outro lado, o segmento institucional segue avançando com convicção:
“A largada foi dada por Wall Street com os ETFs. Os bancos italianos estão começando a testar o mercado com pequenos investimentos. É uma verdadeira corrida de alta para os investidores institucionais.”
Nesse cenário dinâmico, a YouHodler se posiciona como um player híbrido – não é banco, não é exchange, nem um projeto puramente DeFi, mas sim um ecossistema regulado que oferece aos usuários acesso a ferramentas cripto como empréstimos com garantia, contas remuneradas e produtos estruturados de forma simples, segura e em conformidade com as normas da União Europeia.
A palavra-chave, segundo De Angelis, é simplificação:
“Muita gente reconhece o logo do Bitcoin, mas não sabe como comprar. Queremos ser esse primeiro passo: um acesso fácil e regulado ao universo cripto.”
E a regulação, para a YouHodler, não é uma barreira – é um diferencial competitivo. A empresa já atua como intermediária financeira licenciada na Suíça e está registrada como VASP junto à OAM na Itália, além de já ter iniciado o processo de obtenção da licença MiCA, reforçando seu compromisso de consolidar a presença no país.
A regulação MiCA (Markets in Crypto Assets), da União Europeia, marca um ponto de virada para todo o setor. De Angelis é direto ao comentar:
“É um avanço. Mas precisamos de cautela – regras demais podem afundar o setor. A Tether já saiu da Europa.”
Ele se refere ao fato de que a USDT, a stablecoin mais utilizada no mundo, não atende aos novos requisitos da MiCA (como manter reservas bancárias equivalentes a 60% do valor emitido). Por isso, a YouHodler decidiu excluir a USDT de sua funcionalidade Earn, mantendo apenas stablecoins que estejam em conformidade, como a USDC.
Ainda assim, De Angelis enxerga o lado positivo:
“A MiCA será um filtro natural para os players sérios. Adeus às empresas offshore e aos piratas do cripto. Só vai ficar quem realmente é responsável.”
Após o colapso de gigantes como a FTX, já não basta oferecer um bom produto – é preciso construir uma relação de confiança com os usuários.
“Não estamos aqui apenas para vender. Estamos aqui para explicar, apoiar e responder. É assim que se constrói confiança duradoura.”
A YouHodler aposta em parcerias sólidas – a mais notável com a Ledger Vault, que assegura a custódia de fundos até US$ 100 milhões – e conta com uma infraestrutura técnica que, desde 2016, nunca sofreu vazamentos de dados ou ataques de hackers.
Mas talvez o elemento mais decisivo seja a transparência operacional: custos claros, suporte acessível e zero surpresas. Em um mercado que muitas vezes se esconde atrás de termos técnicos e complexidade, a clareza vira um diferencial competitivo.
Um tema recorrente na entrevista é o papel da educação financeira. De Angelis admite que, na Itália, ainda há muito a ser feito:
“Estudei em um liceu científico, aprendi Latim, mas ninguém nunca me ensinou o que é uma hipoteca. Isso precisa mudar.”
A YouHodler criou uma seção educativa em sua plataforma, onde os usuários podem aprender conceitos como market cap, supply e as diferenças entre tokens e coins. O objetivo vai além de vender um serviço: é formar uma nova geração de usuários conscientes, que enxerguem as criptos não como uma aposta, mas como um investimento informado.
Olhando para os próximos 12 meses, De Angelis prevê uma desaceleração nas stablecoins e no staking CeFi, por conta das restrições trazidas pela MiCA. Por outro lado, ele vê na tokenização um dos segmentos mais promissores:
“É algo útil, tangível e com grande apelo para investidores institucionais. Graças à blockchain, podemos até dispensar cartórios.”
Além disso, a integração entre bancos e plataformas cripto, na visão dele, será o verdadeiro divisor de águas:
“O dia em que um assessor financeiro puder vender Bitcoin para o vizinho, vai marcar o começo de uma nova era. E espero que isso aconteça logo.””.
A YouHodler não é uma plataforma que tenta surfar na onda do hype. É um projeto construído sobre três pilares: conformidade, simplicidade e confiança – enfrentando um dos maiores desafios do nosso tempo: unir a inovação das criptos às regras da finança tradicional.
“A gente acredita. Acredita na Itália, acredita nas instituições. E queremos fazer parte dessa mudança.”
Com a obtenção da licença MiCA como meta de curto prazo e uma estratégia centrada na transparência, a YouHodler se posiciona como uma das candidatas a protagonizar o futuro do mercado cripto italiano. A revolução está em andamento – mas desta vez, com rosto, nome e licença.
Este artigo foi publicado originalmente em italiano em 18 de junho de 2025.