Nova York avalia limite diário para apostas esportivas

Escrito por Jillian Dingwall
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

Nova York, lar do maior mercado de apostas esportivas dos EUA, pode estar prestes a passar por uma grande reviravolta. Uma nova proposta do deputado estadual Robert Carroll, conhecida como Projeto de Lei A7962, está atualmente em análise pela Comissão de Corridas e Apostas da Assembleia. E ela já vem provocando fortes reações entre legisladores, operadores do setor e apostadores.

Limite diário para apostas

No centro do projeto está a preocupação com o combate à dependência em jogos e a proteção de apostadores vulneráveis. O ponto mais debatido é a proposta de limitar tanto os depósitos quanto as apostas a US$ 5.000 por dia. Além disso, os usuários poderiam realizar no máximo cinco depósitos em um intervalo de 24 horas. A ideia é conter gastos impulsivos e desacelerar padrões de apostas compulsivas.

O projeto também enfrenta diretamente o uso de cartões de crédito. Ele propõe a proibição total do uso desses cartões para financiar contas de apostas esportivas. Trata-se de uma mudança significativa em relação às regras atuais, que permitem esse tipo de pagamento dentro de um teto anual. Os defensores da proposta afirmam que a medida ajudaria os apostadores a evitarem o acúmulo de dívidas, especialmente considerando que muitas operadoras de cartão tratam essas transações como adiantamentos em dinheiro — com taxas elevadas.

Outro ponto-chave da proposta é a introdução de um mecanismo automático de segurança. Uma vez que o total de depósitos de um apostador ultrapasse US$ 2.500, a conta seria temporariamente suspensa. O operador, então, seria obrigado a solicitar que o jogador estabeleça limites de jogo responsável ou encerre a conta de forma definitiva. A intenção é incentivar os usuários a fazerem uma pausa e refletirem antes de continuar apostando.

Regras mais rígidas para publicidade

Mas o projeto não se limita ao controle dos gastos — ele também propõe mudanças drásticas na forma como as casas de apostas se comunicam com o público. Carroll defende uma regulamentação mais rígida sobre as estratégias de marketing dos operadores. Pelas novas diretrizes, termos como “bônus”, “aposta bônus” ou “aposta sem risco” seriam proibidos. Promoções como “impulso nas odds” também deixariam de ser permitidas.

Além do conteúdo, o horário dos anúncios também passaria a ser regulado. O projeto prevê a proibição da veiculação de propagandas de apostas esportivas entre 8h e 22h (horário local). Os anúncios também seriam vetados durante transmissões esportivas ao vivo — um golpe considerável para os operadores, que contam com esses momentos para alcançar o maior número possível de espectadores. Outras restrições ainda impediriam explicações sobre como fazer apostas ou até mesmo sobre o funcionamento básico das apostas esportivas, com o objetivo de reduzir o apelo junto ao público mais jovem e inexperiente.

Crescimento com cautela em Nova York

Essas mudanças estão sendo propostas num momento em que a indústria de apostas em Nova York continua a bater recordes. Em 2024, os moradores do estado apostaram mais de US$ 22 bilhões, gerando mais de US$ 2 bilhões em receita bruta e um valor histórico de US$ 1 bilhão em arrecadação de impostos. Desde a legalização das apostas móveis, em 2022, Nova York ultrapassou todos os outros estados e hoje conta com nove casas de apostas online licenciadas.

Apesar dos números impressionantes, há quem tema que o projeto vá longe demais. Alguns analistas da indústria alertam que regras mais rígidas podem empurrar apostadores de alto volume para estados vizinhos como Nova Jersey, onde as regulamentações são mais brandas. Como destacou um especialista: “Se os jogadores forem limitados a US$ 5.000 por dia, o volume geral de apostas pode cair — e, com ele, a arrecadação de impostos do estado.”

Enquanto isso, os dados que alimentam esse debate são difíceis de ignorar. Uma pesquisa recente indicou que cerca de 5% dos adultos em Nova York — aproximadamente 668 mil pessoas — apresentam comportamentos associados ao jogo problemático. Entre estudantes do 7º ao 12º ano, esse índice chega a quase 10%. Para os apoiadores do projeto, já passou da hora de alguma intervenção acontecer.

À medida que a proposta avança em Albany — passando primeiro pela Comissão da Assembleia, depois pelo Senado e, possivelmente, chegando à mesa da Governadora — a regulamentação das apostas no estado pode estar prestes a entrar em uma nova fase.

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