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Um grupo formado por três estudantes italianos de física da Universidade de Salento afirma ter ganhado mais de € 50.000 na loteria com a ajuda de um programa de inteligência artificial desenvolvido por eles mesmos — uma alegação que desafia toda a lógica matemática e o princípio da aleatoriedade.
A busca por prever os próximos sorteios não é nenhuma novidade. Muita gente estuda os resultados anteriores da loteria antes de escolher seus números, e diversos sites analisam o histórico de rodadas anteriores em roletas online. Se o número 9 não aparece há 21 dias, ele tem que sair a qualquer momento, certo?
Errado: cada sorteio é um evento independente, o que significa que os resultados passados não têm qualquer influência sobre os próximos. A probabilidade de cada número ser sorteado é exatamente a mesma a cada nova rodada. Nenhuma combinação é favorecida — a não ser que haja um defeito na máquina, algo extremamente raro e rigidamente fiscalizado. Em outras palavras: nenhum sorteio “se lembra” do anterior.
Apesar disso, acreditar no contrário é um erro bastante comum — tão comum que até tem nome: falácia do apostador, também conhecida como a falácia de Monte Carlo. O termo faz referência a um caso famoso ocorrido em 1913, quando uma roleta girou 26 vezes seguidas caindo na cor preta. A falácia do apostador é a crença de que, se um evento acontece com menos frequência do que o esperado num curto período, ele está “atrasado” e logo acontecerá para equilibrar as estatísticas.
Esses fundamentos matemáticos, no entanto, não desanimaram os estudantes de física, que decidiram alimentar a inteligência artificial com dados históricos na esperança de prever os próximos números vencedores. Mas em vez de programar o sistema para jogar com os números que estavam “atrasados”, eles fizeram justamente o contrário. A escolha foi baseada no conselho de um dono de casa de apostas, Diego Manca.
“Os três vieram falar comigo há pouco menos de um mês”, conta Manca, “perguntando sobre os números que estavam há muito tempo sem sair. Eles queriam saber se, pela minha experiência, valia mais a pena apostar nesses números. Eu disse que, na minha visão, poderia ser mais vantajoso focar nos que saem com mais frequência numa determinada roleta. Eles levaram isso em consideração e criaram um sistema matemático com base nessa ideia.”
“Nossa mira estava errada”, explicaram os três estudantes. “Passamos a mirar nos números mais frequentes, o oposto da estratégia tradicional, que aposta nos ‘atrasados’.”
Após testarem o programa pela primeira vez — com um ganho de € 4.500 —, os estudantes resolveram investir em uma operação maior e acabaram faturando outros € 43.000. Naturalmente, esses ganhos podem ter sido apenas sorte.
“Sabemos muito bem que a loteria é um sistema aleatório”, disseram os estudantes ao jornal La Repubblica. “Mas estávamos curiosos para ver se, com a ajuda do sistema de IA, conseguiríamos identificar padrões que pudessem ser úteis. Vimos nisso uma chance de transformar essa curiosidade em um pequeno experimento.”