Regulamentação continua no iGaming — cumpra ou desapareça, alerta especialista

March 12, 2025

Regulamentação continua no iGaming — cumpra ou desapareça, alerta especialista

A indústria de iGaming sempre foi dinâmica, passando por constantes evoluções tanto nas mecânicas de jogo quanto nas estratégias de marketing. Além disso, é um dos setores digitais mais regulamentados no mundo.

Em conversa com a SiGMA News, Niko Belikov, fundador da RockApp e do RR Group, destacou que diversas jurisdições estão caminhando para a regulamentação do setor. “A regulamentação continuará sendo um fator determinante, e aqueles que não se adaptarem podem acabar em desvantagem”, afirmou. A RockApp é especializada em marketing de performance e gestão de tráfego.

“Veja o que aconteceu no Brasil. O mesmo padrão deve se repetir, como sempre acontece. O motivo é simples: operar sem licença no setor de iGaming é muito arriscado e pouco lucrativo”, disse Belikov. “Hoje, há menos mercados não regulamentados do que regulamentados. E mesmo em mercados regulados, ainda existem operadores sem licença, mas os mercados completamente não regulamentados estão cada vez mais raros.”

Com a constante evolução do iGaming, as estratégias de mídia também têm passado por transformações. Em mercados como o Reino Unido e a União Europeia, onde a regulamentação está em constante mudança, os operadores precisam ajustar suas abordagens de marketing digital para permanecerem em conformidade sem comprometer a lucratividade. Com oito anos de experiência no setor, Belikov compartilhou sua visão sobre o atual cenário do iGaming, o crescimento dos operadores sem licença e como as estratégias de marketing têm evoluído diante dessas mudanças regulatórias.

Confiança como melhor estratégia de proteção

Mesmo com um aumento nas regulamentações, mercados como Polônia e França ainda são dominados por operadores não licenciados. Para Belikov, a melhor maneira de os anunciantes enfrentarem essa concorrência é por meio da construção de marcas fortes e confiáveis. “Se o consumidor sentir que uma marca é confiável, ele vai escolhê-la em vez de operadores sem licença”, explicou. “A confiança é a melhor forma de proteção.”

Ele acredita que regulamentações mais rigorosas pressionarão os operadores a se adequarem, sob o risco de serem deixados para trás. Na sua visão, aqueles que priorizarem a conformidade, investirem em estratégias de marketing de qualidade e estabelecerem uma relação de confiança com os clientes terão uma vantagem competitiva em um mercado cada vez mais regulado.

Mudanças no marketing de afiliados

Belikov também comentou sobre como as empresas podem prosperar diante desse cenário regulatório em constante transformação. Especialista em desenvolvimento de negócios e gestão de relacionamento com clientes, ele destacou que as estratégias de marketing têm se adaptado, com muitas empresas apostando em formas mais tradicionais de publicidade, como anúncios no Facebook e em outras redes sociais. “O cenário está mudando”, afirmou Belikov, ressaltando que cada vez mais as pessoas procuram entretenimento como uma forma de distração positiva em meio ao noticiário, muitas vezes carregado de negatividade.

Essa mudança no comportamento do público também impacta a forma como as estratégias de marketing digital precisam ser desenvolvidas. “Os consumidores estão mais atentos”, observou. “Eles querem qualidade nos anúncios, e não táticas enganosas. O foco da publicidade precisa ser a experiência de jogar, não apenas a possibilidade de ganhar dinheiro.”

Investindo em criatividade de alto nível

Belikov também está otimista quanto às oportunidades de crescimento e inovação nos mercados regulamentados, especialmente para empresas que seguem as normas e investem em criativos de alta qualidade. No entanto, ele observa que o impacto da regulamentação na criatividade varia conforme o tamanho da operação, já que os recursos disponíveis são diferentes.

Para os grandes players da indústria, investir agressivamente em mídia pode ser uma estratégia viável, já que possuem orçamento para dominar o mercado com campanhas publicitárias de grande escala. Já os operadores de pequeno e médio porte precisam ser mais estratégicos com seus investimentos. Belikov recomenda que essas empresas combinem marketing de performance com construção de marca, para fortalecer a confiança do consumidor. “Os jogadores são cautelosos e precisam se sentir seguros”, destacou. “Não basta apenas fazê-los clicar em um anúncio – é preciso ganhar sua confiança.”

Sobre o impacto das regulamentações na liberdade criativa, Belikov reconhece que isso pode influenciar a operação em determinados mercados, mas acredita que, no fim das contas, leva a campanhas mais focadas e eficazes. Além disso, ele enfatiza que os operadores regulamentados sairão ganhando com essa mudança, já que as medidas contribuem para aprimorar a qualidade dos materiais publicitários.

O futuro dos mercados de iGaming

Quanto ao futuro do setor, Belikov acredita que a África e os Estados Unidos têm grande potencial de crescimento. No caso da África, ele ressalta que a região ainda está pouco explorada em comparação com mercados mais maduros. “A África ainda não foi totalmente aproveitada”, disse, acrescentando que o continente está apenas no início do desenvolvimento do setor de iGaming.

Já a China apresenta um cenário em rápida expansão, impulsionado por sua enorme população e crescimento econômico. “Muitos estão investindo lá porque o número de jogadores é alto e o valor de Lifetime Value (LTV) é significativo”, explicou. No entanto, ele alertou que a concorrência está se intensificando, tornando o mercado chinês cada vez mais consolidado e difícil para novos entrantes.

Mas o mercado mais promissor para os operadores de iGaming, segundo Belikov, é o dos Estados Unidos, que segue em expansão acelerada. “Os EUA são um mercado importante, representando cerca de 50% do setor de cassinos, e nem todos os estados regulamentaram as apostas online ainda”, explicou. Ele destacou que muitos estados, como a Flórida, devem legalizar os jogos online em breve, o que aumentará ainda mais o tamanho do setor no país.