África do Sul considera “imposto do pecado” à medida que 70% dependem do jogo

Escrito por Ansh Pandey

Parlamentares da África do Sul estão propondo a introdução de um “imposto sobre vícios” para o setor de jogos de azar, semelhante às taxas aplicadas sobre o tabaco e o álcool. A iniciativa surge em resposta ao aumento significativo da atividade de apostas, levantando preocupações sobre o vício e as dificuldades financeiras enfrentadas pela população.

Para quem não está familiarizado, o “imposto sobre vícios” é uma tributação aplicada a bens ou atividades consideradas prejudiciais, como o consumo de álcool e tabaco.

Na África do Sul, legisladores defendem que os jogos de azar deveriam ser incluídos nessa categoria devido aos impactos negativos que causam no bem-estar social. O imposto proposto teria o objetivo de gerar receita adicional, que seria destinada ao financiamento de programas de tratamento para dependência em jogos e iniciativas de jogo responsável.

O parlamentar Makashule Gana tem sido um dos principais defensores da adoção de regras mais rígidas para o setor de apostas, argumentando que as leis atuais do país estão desatualizadas. Ele acredita que o marco regulatório vigente não aborda adequadamente os desafios impostos pelo cenário moderno de apostas, especialmente no ambiente online.

Gana também sugeriu a harmonização do Projeto de Lei de Jogos Remotos (Remote Gambling Bill) com a Emenda à Lei Nacional de Jogos (National Gambling Amendment Bill) para criar uma estrutura regulatória mais eficaz.

Regras mais rígidas à vista enquanto a receita bruta dispara

Uma das principais preocupações do parlamentar é a estratégia agressiva de marketing adotada pelos operadores de jogos de azar. Ele argumenta que a publicidade excessiva e a promoção por influenciadores passam a impressão enganosa de que ganhar é fácil.

Por conta disso, legisladores estão pressionando por restrições mais rigorosas à publicidade de jogos de azar, principalmente na televisão e nas redes sociais. As propostas incluem a limitação dos horários de exibição e a garantia de que os anúncios não sejam direcionados a grupos vulneráveis, como menores de idade e pessoas de baixa renda.

No ano fiscal de 2023/2024, os sul-africanos apostaram aproximadamente ZAR 1,1 trilhão (€ 54 bilhões), um aumento de 40,2% em relação ao ano anterior. A receita bruta do setor também teve um crescimento expressivo de 25,7%, atingindo ZAR 59,3 bilhões (€ 2,9 bilhões).

Embora esses números indiquem uma rápida expansão da indústria, também revelam um problema social crescente, já que os casos de dependência em jogos de azar estão aumentando rapidamente.

Jovens são os mais afetados pelo vício

Um estudo realizado pela Bettabets revelou que 70% dos apostadores jogam para lidar com o aumento do custo de vida, e não apenas como uma forma de entretenimento. Mais alarmante ainda, 27% dos vencedores gastam todo o dinheiro imediatamente, muitas vezes resultando em dificuldades financeiras.

Os jovens são particularmente vulneráveis ao vício em apostas. Outra pesquisa, conduzida pela InfoQuest, apontou que os sul-africanos mais jovens que participam de jogos online e apostas esportivas fazem isso, em média, 11 vezes por mês. Além disso, 36% dos ganhadores reinvestem seus prêmios em novas apostas, perpetuando um ciclo que leva à instabilidade financeira de longo prazo, problemas de saúde mental e queda no desempenho acadêmico.

Apesar dos riscos envolvidos, o setor de jogos de azar continua desempenhando um papel significativo na economia sul-africana. Os parlamentares seguem debatendo a proposta de taxação, ponderando seus benefícios potenciais em relação às preocupações levantadas pela indústria.

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