Especialistas: setor de jogos do Sudeste Asiático cresce entre inovação e desafios regulatórios

Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

A indústria de jogos no Sudeste Asiático está passando por uma transformação, com os cassinos físicos se recuperando no pós-pandemia e o setor de jogos online ganhando cada vez mais força. De acordo com o relatório e-Conomy SEA 2024, publicado pelo Google, Bain & Company e Temasek, a região apresentou um desempenho sólido nos setores digitais, incluindo mídia online e jogos.

Em entrevista exclusiva à SiGMA News, Peter Johns, Diretor Comercial da IDX Games, e John Calderon, consultor de iGaming, discutiram o crescimento contínuo da indústria de jogos na região, os desafios e oportunidades que surgem e as perspectivas para os próximos anos.

A expansão do mercado e o retorno dos cassinos físicos

Johns destacou que “os cassinos físicos retomaram suas atividades na maior parte da Ásia após o período de retração causado pela pandemia de COVID-19”. Segundo ele, o mercado de jogos de Macau está se recuperando, apesar da queda no setor de junkets, com os operadores investindo em tecnologia para atrair jogadores do segmento de massa e alta renda.

Além disso, Johns ressaltou que o setor de jogos nas Filipinas continua em expansão, impulsionado por uma regulamentação progressista e a inauguração de novos cassinos. Enquanto isso, novos destinos de jogo, como Tailândia, Emirados Árabes Unidos e Sri Lanka, estão chamando a atenção do setor.

Para Calderon, o mercado de jogos no Sudeste Asiático está em plena ascensão, impulsionado pelo crescimento do público online e pela popularidade das plataformas digitais de jogos.

Desafios regulatórios e tecnológicos

Embora o setor esteja crescendo, os operadores enfrentam desafios regulatórios e tecnológicos. Um dos principais problemas é a proliferação de plataformas de jogos offshore. Calderon explica que esses operadores “nem sempre seguem as regras”, criando uma concorrência desleal para as empresas licenciadas.

O setor de Operadores de Jogos Offshore das Filipinas (POGO) foi amplamente desmantelado, mas, em seu lugar, surgiram os jogos transmitidos ao vivo pelas plataformas dos Operadores de Jogos Internos das Filipinas (PIGO). Johns destacou que essas plataformas estão registrando “um grande volume de apostas, principalmente entre os jogadores locais, e os cassinos físicos estão investindo fortemente nesse modelo”. No entanto, ele expressou preocupação com o impacto social dessas operações, afirmando: “Pessoalmente, não acho que isso seja positivo para a sociedade, pois o nível de controle e acesso varia muito.”

No início do mês, a Bloomberry Resorts Corp., operadora do Solaire Resorts and Casino, anunciou sua entrada no setor de jogos online com o lançamento de uma nova plataforma digital. A empresa informou que a plataforma deve entrar em operação no terceiro trimestre deste ano, com o objetivo de impulsionar a receita bruta de jogos (GGR), em resposta à queda nos lucros dos cassinos físicos.

Outro desafio significativo é a diversidade de regulamentações em toda a região do Sudeste Asiático. Calderon observa que as diferenças nos marcos regulatórios e nas atitudes culturais em relação aos jogos tornam a operação mais complexa. Em resposta, os operadores estão ajustando suas estratégias para cumprir as legislações locais e, ao mesmo tempo, acompanhar os avanços tecnológicos.

Crescimento e inovação no setor de jogos

A indústria de jogos no Sudeste Asiático está cada vez mais investindo em tecnologia para aprimorar a experiência dos jogadores e otimizar a operação dos cassinos. Recursos como smart tables, jogos de mesa eletrônicos (ETGs) e jackpots progressivos para mesas estão se tornando mais comuns, transformando a dinâmica dos cassinos físicos. Johns explicou que “os cassinos estão adotando smart tables para impulsionar a inovação e diversificar a oferta de jogos”. No momento, o foco está na eficiência, mas o objetivo a longo prazo é criar experiências mais envolventes, especialmente para atrair o público mais jovem.

A personalização e a adaptação ao mercado local também são tendências importantes. Calderon destacou que os operadores estão “oferecendo opções de pagamento regionais, aplicativos móveis e estratégias de marketing alinhadas às preferências do público local”. Johns complementou dizendo que os cassinos físicos estão garantindo que seus jogos sejam desenvolvidos sob medida para cada mercado, em vez de simplesmente replicar modelos de outras regiões. “Os fornecedores precisam adaptar os jogos e conteúdos à medida que o mercado local se torna mais sofisticado”, afirmou.

O uso de blockchain e criptomoedas também surge como uma oportunidade no setor de jogos. Calderon acredita que “explorar novas tecnologias como blockchain e criptomoedas pode ser um diferencial para a indústria”. Além disso, parcerias com empresas locais podem ajudar os operadores a consolidar sua credibilidade e aprimorar a experiência dos jogadores.

Perspectivas: cinco anos de transformação

Ambos os especialistas enxergam um crescimento sólido para o setor nos próximos cinco anos, impulsionado por mudanças regulatórias e avanços tecnológicos. Calderon prevê que as regulamentações continuarão evoluindo à medida que as autoridades buscam equilibrar o crescimento da indústria com práticas de jogo responsável. Ao mesmo tempo, a demanda por experiências personalizadas continuará impulsionando a inovação.

Johns acredita que as smart tables e os produtos ETG se tornarão “mais interativos e divertidos”, atraindo um novo público. Além disso, a incorporação de elementos de jackpot e bônus semelhantes aos de caça-níqueis nos jogos de mesa tradicionais pode aumentar ainda mais o engajamento dos jogadores.

Calderon mantém uma visão otimista sobre o futuro do setor, afirmando que “as perspectivas para a indústria de jogos no Sudeste Asiático são muito positivas, com amplo espaço para crescimento e inovação”. No entanto, ele também enfatiza a importância da adaptabilidade, pois a entrada de novos concorrentes e as mudanças regulatórias continuarão moldando o mercado.