Provedores de jogos suecos entram em confronto com regulador sobre regras de geobloqueio

Escrito por Jillian Dingwall
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

Uma disputa acirrada e crescente tomou conta do setor de jogos de azar online na Suécia, centrada na questão de se o geobloqueio é suficiente para evitar que provedores licenciados alimentem o mercado ilegal do país. A Autoridade Sueca de Jogos (SGA) adotou uma postura firme, afirmando que simplesmente bloquear jogadores suecos de acessar jogos em sites não licenciados não atende aos requisitos para a concessão de licenças a provedores.

Essa posição foi recentemente confirmada pelo Tribunal Administrativo Sueco, que, em 10 de abril, rejeitou um recurso da Hacksaw Studios, um provedor multado em maio de 2024, após seus jogos terem sido encontrados em dois sites não licenciados voltados para jogadores suecos.

A SGA explicou: “O Tribunal Administrativo concorda com a avaliação da Autoridade de Jogos de que a Hacksaw violou a Lei de Jogos e deve receber um aviso, além de haver razão para impor uma multa. Quanto ao valor da multa, o Tribunal baseou sua decisão no faturamento líquido reportado pela empresa e também levou em consideração certas circunstâncias atenuantes.”

Como resultado, a multa original de SEK 2,6 milhões foi reduzida para SEK 20.000 (aproximadamente £ 1.828), mas o aviso permanece em vigor. O tribunal observou que, embora a Hacksaw Studios tenha cooperado e tomado medidas para reduzir o risco do mercado ilegal, seus processos ainda foram considerados inadequados.

A Hacksaw Studios se defendeu, afirmando: “A Hacksaw Studios declara que não teve a intenção de desenvolver jogos ou softwares de jogos para operadores que visem o mercado sueco sem a licença necessária, nem tenta contornar a Lei de Jogos da Suécia. A Hacksaw Studios acredita que o geobloqueio minimiza as possibilidades de tal contorno.” A empresa argumentou que não pode ser responsabilizada pela conformidade regulatória de cada cliente e que “qualquer provedor que tenha processos adequados em vigor não deveria ser considerado em violação da lei de jogos e penalizado.”

Reivindicações da indústria por mudanças em meio ao crescente descontentamento

A interpretação rigorosa da responsabilidade dos provedores pela SGA gerou críticas contundentes de representantes da indústria. Gustaf Hoffstedt, secretário-geral do grupo de comércio online BOS, tem se manifestado de forma particularmente enfática: “É urgente que a SGA estabeleça que o geobloqueio é a medida aceita e aprovada para excluir consumidores de empresas de jogos não licenciadas”, afirmou. “Alternativamente, se a legislação sueca não permitir tal aprovação, é necessário trabalhar com urgência por uma mudança na lei nas discussões da autoridade com o governo.”

Hoffstedt também lamentou a abordagem atual para a concessão de licenças a provedores, dizendo: “Fomos e ainda somos favoráveis à concessão de licenças a provedores na Suécia. No entanto, acreditamos que a parte punitiva dessas licenças foi excessivamente utilizada, enquanto a oportunidade para diálogo com os licenciados, que as licenças B2B possibilitam, foi subutilizada.

“As jurisdições mais bem-sucedidas utilizam licenças de jogos, seja B2C ou B2B, principalmente como um instrumento para aumentar o diálogo com a indústria e os licenciados individuais.”

A SGA, por sua vez, reconheceu as preocupações da indústria. Em reuniões com provedores no início deste ano, o regulador relatou que os licenciados “sentem que, além das incertezas sobre o escopo de aplicação, há outras dificuldades na interpretação da legislação. Por exemplo, foi discutido o fato de que vários licenciados geobloqueiam o software de jogos fornecido a empresas de jogos não licenciadas. A Autoridade Sueca de Jogos avaliou que o geobloqueio não é uma medida suficiente.”

Um porta-voz da SGA esclareceu: “A SGA informou aos detentores de permissões que eles são sempre responsáveis pelo seu software de jogos, independentemente das violações contratuais cometidas por outros atores.” Apesar das frustrações, a SGA está satisfeita com o panorama atual de conformidade e alertou que ações de fiscalização adicionais seguirão caso as violações persistam.

O panorama geral: revisão regulatória e desafios do mercado ilegal

O regime de licenciamento de provedores da Suécia, introduzido em meados de 2023, foi projetado para combater o mercado ilegal, tornando os provedores responsáveis por onde seu conteúdo chega. No entanto, alguns especialistas jurídicos e insiders da indústria questionam se o sistema é robusto o suficiente. “Infelizmente, será bem fácil contornar isso se medidas adicionais não forem introduzidas no futuro”, afirmou Elvin Sababi, advogado da Nordic Gambling.

O governo está atualmente revisando a Lei de Jogos, com resultados esperados para setembro. Esta revisão visa fechar lacunas que permitem que operadores não licenciados visem jogadores suecos, às vezes operando em inglês ou utilizando euros em vez de coroas suecas.

Hoffstedt, embora tenha acolhido a revisão, continua cético quanto à sua capacidade de resolver os problemas subjacentes, alertando: “O que é ainda mais importante é liberalizar o mercado licenciado para torná-lo mais atraente para os consumidores.”

Enquanto o debate continua, uma coisa é clara: a tensão entre reguladores e provedores sobre como fiscalizar melhor o mercado de jogos de azar da Suécia está longe de ser resolvida. Os próximos meses serão cruciais, pois o governo se prepara para revelar suas recomendações, que podem reformular o panorama tanto para os jogos legais quanto para os não licenciados na Suécia.

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