Combate aos danos do jogo: conselhos do Reino Unido propõem plano de ação

Escrito por Jillian Dingwall
Traduzido por : Thawanny de Carvalho Rodrigues

Uma coalizão formada por 38 conselhos locais e autoridades combinadas do Reino Unido está exigindo reformas urgentes na Lei de Jogos de Azar, pedindo mais autonomia para enfrentar os danos causados por esse setor nas comunidades. Em resposta, a Comissão de Jogos se comprometeu a implementar novas medidas no futuro, enquanto o governo reafirmou seu compromisso de combater os prejuízos relacionados ao jogo por meio de uma legislação atualizada.

Conselhos britânicos pedem mais poder para proteger suas comunidades

Liderados pelo Conselho de Brent, os representantes enviaram uma carta a Lisa Nandy, Secretária de Estado para Cultura, Mídia e Esporte, destacando seis áreas prioritárias para reforma. Entre elas está a solicitação de que os conselhos locais possam rejeitar pedidos de licença para estabelecimentos que ofereçam riscos ao bem-estar e à segurança das comunidades.

O conselheiro Muhammed Butt, do Conselho de Brent, ressaltou a urgência dessas mudanças:  “Temos muito em jogo para continuar ignorando os danos que as casas de apostas causam às ruas do Reino Unido, mas nossas mãos estão praticamente atadas por uma lei que já não acompanha a realidade. O Plano de Ação de Brent é nosso guia para a reforma, e esperamos trabalhar com nossa coalizão de conselhos e com o governo para tirar essas propostas do papel.”

As reformas sugeridas também buscam equiparar bingos e centros de jogos voltados para adultos aos estabelecimentos de apostas no escopo do Marco Nacional de Planejamento Urbano (NPPF, na sigla em inglês). O objetivo é impedir que operadores contornem as restrições dividindo seus espaços físicos. Além disso, os conselhos querem levar em consideração os níveis de endividamento das famílias locais ao avaliar pedidos para cassinos em regiões comerciais, e pedem que o governo suspenda planos de flexibilizar as regras para os centros de jogos adultos.

Um dos pontos mais contundentes da proposta é a proibição total de publicidade, promoção e patrocínio de jogos de azar. Segundo os conselhos, essas medidas são essenciais para proteger crianças e jovens da exposição a esse tipo de conteúdo.

Comissão de Jogos promete mudanças futuras

Em resposta aos apelos dos conselhos, a Comissão de Jogos destacou as recomendações que apresentou ao governo em 2023. Um porta-voz afirmou: “Assim que houver tempo parlamentar, serão introduzidos poderes que permitirão às autoridades locais realizar avaliações de impacto cumulativo. Com isso, esses órgãos poderão considerar fatores mais amplos, baseados em evidências, ao decidir sobre a concessão ou não de novas licenças para estabelecimentos de jogos de azar em determinadas áreas — incluindo, por exemplo, aspectos sociodemográficos.”

A Comissão também destacou que esse compromisso foi reafirmado no White Paper da Descentralização da Inglaterra, publicado em dezembro de 2024. As avaliações de impacto cumulativo darão aos conselhos ferramentas mais sólidas para analisar se um novo ponto de jogo realmente faz sentido para a comunidade em questão.

Governo apresenta medidas para mitigar danos

No dia seguinte ao recebimento da carta do Conselho de Brent, Lisa Nandy respondeu a questionamentos no Parlamento sobre os danos causados pelos jogos de azar. Ela reconheceu as preocupações relacionadas à publicidade e afirmou que o setor está sendo pressionado a elevar seus padrões “para garantir que os níveis de propaganda não agravem os danos — e continuaremos analisando as evidências.”

Nandy também destacou iniciativas já em andamento para reduzir os impactos negativos do setor. Uma nova taxa estatutária será introduzida na próxima semana, com expectativa de arrecadar cerca de £ 100 milhões por ano para financiar pesquisas, ações de prevenção e serviços de tratamento. Além disso, novas restrições para apostas em slots online entrarão em vigor em breve: um limite de £ 5 será aplicado a partir de 9 de abril, e um limite de £ 2 para jovens adultos entrará em vigor em 21 de maio. “Essa é uma medida central de redução de danos, focada nas pessoas mais vulneráveis ao jogo problemático”, afirmou a ministra.

Pressão por modernização da legislação

Com mais de 12 milhões de cidadãos representados pelos conselhos que pressionam por mudanças, cresce a cobrança sobre o governo e os órgãos reguladores para atualizar a legislação que rege os jogos de azar.

Embora a Comissão de Jogos tenha prometido reformas e o governo já esteja adotando medidas como limites de apostas e novas fontes de financiamento, muitos conselhos locais continuam defendendo maior autonomia — especialmente no que diz respeito ao controle de publicidade e à concessão de licenças. À medida que as discussões avançam, todas as atenções estarão voltadas para como essas propostas poderão se transformar em políticas concretas.

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