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Um novo relatório expõe as tendências obscuras que impulsionam o crescimento do setor ilegal de apostas no Reino Unido. Em parceria com a Social Intent, o Relatório de Avaliação do Mercado Ilegal da Deal Me Out escancara os bastidores do universo não regulamentado das apostas. Os dados revelam uma realidade alarmante: grupos vulneráveis — incluindo crianças e pessoas com vício em jogo — estão recorrendo a plataformas ilegais como forma de escape.
Com dados de 1.250 crianças, 300 adultos e 10 criadores de conteúdo sobre apostas, o relatório aponta uma preocupante migração para plataformas não regulamentadas. A influência de criadores de conteúdo, o marketing agressivo e a falta de conscientização são fatores que alimentam esse movimento.
Um dos dados mais chocantes indica que mais de 420 mil estudantes no Reino Unido podem estar envolvidos com apostas ilegais. Isso se agrava quando se observa que 67% das pessoas inscritas voluntariamente no programa de autoexclusão Gamstop afirmam utilizar plataformas do setor ilegal para driblar as restrições.
Um dos principais fatores que atraem apostadores para o mercado ilegal é a popularização dos cassinos com criptomoedas e jogos simulados. Esses sites passam a impressão de anonimato, parecem livres de riscos e permitem aos usuários escapar das normas que regem as apostas regulamentadas. O relatório destaca o papel dos influenciadores na promoção intensa dessas plataformas — alguns vídeos chegaram a ultrapassar um milhão de visualizações em apenas um mês.
A ameaça representada pelo setor ilegal de apostas se torna cada vez mais evidente, como mostrou recentemente a SiGMA News, ao abordar um processo contra a Stake em Illinois, evidenciando as dificuldades enfrentadas por estruturas jurídicas em todo o mundo para acompanhar esse crescimento.
Jordan Lea, porta-voz do Deal Me Out, comentou:
“Estamos vendo um aumento significativo de cassinos cripto, jogos simulados e programas VIP promovidos por influenciadores que driblam as regulamentações do Reino Unido. As consequências de uma regulação bem-intencionada devem ser avaliadas com cautela — ou corremos o risco de empurrar consumidores vulneráveis direto para o setor ilegal. A regulação é fundamental, mas precisa ser constantemente reavaliada.”
Por trás dos filtros polidos e das vitórias relâmpago, os influenciadores tornaram-se os novos “porteiros” que abrem caminho para um submundo de apostas escondido à vista de todos. O Relatório de Avaliação do Mercado Ilegal descobriu que 84% dos criadores de conteúdo analisados estavam promovendo plataformas não regulamentadas.
Com mais de 1 milhão de visualizações em apenas um mês, um único influenciador evidenciou não só o alcance e a rapidez com que esse tipo de conteúdo se dissemina, mas também o papel fundamental que essas figuras exercem na propagação do problema.
Esses criadores, geralmente com grandes audiências suscetíveis, têm o poder de direcionar seguidores a plataformas ilegais. O crescimento de redes sociais como Instagram e YouTube permite que influenciadores escapem das regras tradicionais de publicidade, atingindo públicos vulneráveis com pouca ou nenhuma fiscalização.
Esse cenário tem levado à defesa de regras mais rígidas, com países como o Brasil propondo restrições à publicidade de plataformas não regulamentadas por influenciadores, na tentativa de proteger grupos mais expostos a riscos.
O que deveria servir como proteção pode estar fazendo o oposto. O relatório sugere que o sistema está tão rígido que está empurrando jogadores para o setor ilegal. Matthew Hickey, da Social Intent, explicou:
“Este relatório é uma atualização necessária sobre os impactos do setor ilegal nas pessoas afetadas pelos danos causados pelo jogo. Ele mostra como a regulação excessiva pode afastar o jogador da ajuda disponível, empurrando-o ainda mais para o mercado não regulamentado — algo que precisamos evitar a todo custo.”
O relatório aponta que, embora a regulação seja essencial, sua forma atual pode estar contribuindo para o problema. Ferramentas como o Gamstop e limites de depósitos — criadas para proteger os vulneráveis — podem estar levando esses mesmos usuários para o submundo que elas buscavam evitar. A promessa de maior liberdade, recompensas maiores e anonimato está sendo sedutora demais para muitos.
Isso gera um ciclo de retroalimentação prejudicial. As pessoas tentam se proteger ou limitar suas apostas, mas acabam frustradas, recorrendo a opções mais arriscadas. O resultado? Mais danos, e não menos.
Um dos pontos mais claros do relatório é este: a maioria dos consumidores não consegue diferenciar plataformas licenciadas das não regulamentadas.
Essa falta de clareza é extremamente perigosa. Golpistas e operadores ilegais se aproveitam disso para agir sem serem notados. Muitos apostadores caem em armadilhas por não saberem distinguir um site legal de um operador ilegal — e acabam se expondo a riscos sem nenhuma proteção.
Participantes da pesquisa relataram mais de £ 10 milhões em depósitos, com problemas recorrentes de prêmios não pagos, golpes e jogos falsos. Essas plataformas se aproveitam da ingenuidade dos consumidores, escondendo riscos sob uma falsa sensação de segurança enquanto operam em esquemas de fraude.
O mercado ilegal não para de crescer. Se isso não for um alerta para os reguladores e políticos do Reino Unido, o que mais será? Com o Gamstop sendo facilmente burlado e os cassinos cripto se espalhando nas sombras, impulsionados por influenciadores que transformam o risco em rotina e o caos em cliques, fica evidente que a regulamentação precisa evoluir constantemente para acompanhar essa nova realidade.
Os autores do relatório reforçam a importância de campanhas educativas mais eficazes. É fundamental que os jovens entendam os riscos de apostar em sites não regulamentados. E que os consumidores saibam diferenciar claramente entre opções seguras e perigosas para proteger os mais vulneráveis.
Iris den Boer, Chefe de Relações Públicas da Deal Me Out, destacou o papel essencial dos jovens, das pessoas com vivência direta do problema e dos criadores de conteúdo, cujas vozes deram vida ao conteúdo deste relatório:
“Este relatório marca um momento histórico para a Deal Me Out, e temos muito orgulho da colaboração e dedicação que o tornaram possível. Agradecemos profundamente aos jovens, às pessoas com experiência vivida e aos criadores de conteúdo que dedicaram tempo e voz a esse trabalho. Sua contribuição não só é valiosa — ela é essencial. Juntos, estamos ajudando a construir um futuro mais seguro e consciente para todos os afetados pelos danos do jogo.”
O Relatório de Avaliação do Mercado Ilegal da Deal Me Out tratou de uma crise crescente no Reino Unido. Crianças e pessoas com vício em jogo estão cada vez mais expostas a perigos reais.
É urgente agir. O tempo está acabando. Políticos e reguladores precisam intervir agora e investir na educação do público antes que seja tarde demais — porque o mercado ilegal vai além da perda de dinheiro. É uma armadilha que leva a roubos de identidade, vazamento de dados e a uma queda lenta que muitos só percebem quando já é tarde demais.
Como alertou Jordan Lea: “A regulação é importante, mas precisa ser constantemente reavaliada para não empurrar os consumidores vulneráveis para os braços do setor ilegal.” Este relatório é um chamado à ação — para que reguladores e a sociedade encarem de frente os efeitos reais que as políticas atuais de jogo estão tendo na vida dos consumidores no Reino Unido.