- Conferências
- Notícias
- Fundação SiGMA
- Treinamento & Consultoria
- Tour de Pôquer
- SiGMA Play
- Sobre
Em uma entrevista exclusiva durante o AIBC, Saqr Ereiqat, Secretário-Geral da Dubai Digital Asset Association (D2A2), compartilhou reflexões valiosas sobre a liderança estratégica dos Emirados Árabes Unidos em inteligência artificial, blockchain e metaverso. Conversando com Lily no evento, Ereiqat abordou a jornada digital do país, destacando uma estratégia de inovação que parte do alto escalão e que consolidou os Emirados – especialmente Abu Dhabi e Dubai – como centros globais de transformação digital.
Diferente da adoção gradual de novas tecnologias observada na maioria dos países, os Emirados adotaram uma abordagem intencional e centralizada. “Em Dubai, a inovação está no centro dos serviços públicos”, afirmou Ereiqat, destacando o contraste com outras nações, onde o setor privado normalmente lidera o caminho e o governo apenas acompanha. Ele lembrou que Sua Alteza Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum lançou o Mês da Inovação há mais de uma década, incorporando a inovação à estrutura do próprio governo.
Esse compromisso precoce se reflete em uma linha do tempo marcada por marcos estratégicos: um plano envolvendo Bitcoin já em 2015; uma estratégia nacional de blockchain publicada em 2017; uma estratégia voltada ao metaverso em 2021; e, a partir de 2022, a publicação de white papers sobre inteligência artificial. Mas a ambição dos Emirados vai além das fronteiras regionais. “Abu Dhabi quer se tornar a capital mundial da IA e já está investindo bilhões e bilhões de dólares para alcançar esse objetivo”, reforçou Ereiqat.
O ecossistema digital dos Emirados é sustentado por três pilares: talento, capital e infraestrutura. Como explicou Ereiqat, “Dubai é a união perfeita desses três elementos: talento, capital e infraestrutura”.
Os fluxos de capital são significativos, com Abu Dhabi se posicionando como “a capital do capital”. Por meio de órgãos reguladores como o Dubai International Financial Centre (DIFC) e o Abu Dhabi Global Market (ADGM), o país atrai grandes fundos de investimento estruturado. Essa força financeira é acompanhada de uma infraestrutura voltada para o futuro, com centros de dados operados por gigantes como Amazon, IBM, SAP e Oracle, além de uma estrutura regulatória moderna.
A Autoridade Reguladora de Ativos Virtuais de Dubai (VARA) e o ADGM, que implementou um marco regulatório para exchanges já em 2018, são exemplos da maturidade regulatória rara no setor. “Somos o maior ecossistema de blockchain do mundo”, afirmou Ereiqat com confiança, ressaltando que esse ambiente prospera em uma cultura de “segurança e estabilidade… que, em muitos lugares, nem o dinheiro consegue comprar”.
Um dos destaques da abordagem dos Emirados é sua abertura e espírito colaborativo. “Dubai sempre construiu de forma aberta”, comentou Ereiqat. Em vez de trabalhar em segredo, o governo promove transparência e cooperação entre os departamentos e o setor privado. Um episódio que ilustra bem essa mentalidade vem dos primórdios do governo móvel: “Sua Alteza reuniu todos os líderes do governo em uma sala e disse: ‘Queremos ser o primeiro governo móvel do mundo. Daqui a um ano estaremos de volta para celebrar quem conseguiu — e despedir quem não conseguiu.’”
Essa urgência cultural e política permitiu que os Emirados ultrapassassem centros financeiros tradicionais, como Londres. “Eles poderiam ter sido os primeiros… mas, na prática, Londres perdeu espaço para lugares como os Emirados”, afirmou Ereiqat, sugerindo que o país não é apenas um polo tecnológico, mas também um exportador global de políticas digitais.
Ereiqat deixou claro que o uso de criptomoedas na região já é realidade. De transações imobiliárias de alto valor a decisões judiciais que autorizam o pagamento de salários em cripto, a base já está montada. Um exemplo é o Projeto Aber, uma iniciativa conjunta de moeda digital de bancos centrais (CBDC) dos Emirados e da Arábia Saudita.
Mas talvez o aspecto mais impactante seja a possibilidade de transformar o envio de remessas para a maioria da força de trabalho expatriada no país. “Hoje, eles chegam a pagar entre 20% e 23% em taxas… com cripto, isso pode ser feito por centavos e em questão de segundos”, explicou, destacando o papel do blockchain na democratização do acesso financeiro, especialmente para trabalhadores de baixa renda.
A conversa também abordou as aplicações mais amplas da tecnologia blockchain em diferentes setores. O uso da tecnologia na saúde pública, por exemplo, permitiu o rastreamento de ventiladores durante a pandemia de COVID-19. Atualmente, há investigações sobre como o blockchain pode ser usado para fortalecer a segurança alimentar. “Estamos em uma fase de produtividade”, disse Ereiqat, fazendo referência ao ciclo de hype da Gartner. “Chegamos no ponto ideal.”
Com uma visão de futuro baseada em políticas coerentes, parcerias público-privadas e uma regulação moderna, os Emirados se posicionam como modelo global para a evolução tecnológica. A entrevista de Ereiqat reforça que o país não está apenas acompanhando as transformações digitais — ele está moldando esse futuro.
À medida que as fronteiras digitais continuam a evoluir, tomadores de decisão e lideranças ao redor do mundo têm muito a aprender com o modelo dos Emirados, não só em termos de infraestrutura, mas principalmente no estilo de governança que une ambição, responsabilidade e um verdadeiro compromisso com a preparação para o amanhã.
Participe da conversa e junte-se a nós na próxima Conferência SiGMA Eurásia. Garanta seu ingresso hoje mesmo!