Witoldo Hendrich Junior analisa o papel das associações no mercado regulado de apostas no Brasil

Lygia Lais Rodrigues January 30, 2025
Witoldo Hendrich Junior analisa o papel das associações no mercado regulado de apostas no Brasil

O BiS SiGMA Americas 2025, o maior evento da indústria de iGaming no Brasil, está se aproximando, trazendo debates essenciais para o futuro do setor. Entre os temas centrais, destaca-se o papel fundamental das associações na construção de um mercado mais justo, regulamentado e sustentável. Para explorar essa questão, Lygia Rodrigues, Chefe de Conferências do BiS SiGMA, entrevista Witoldo Hendrich Júnior, presidente da Associação Brasileira de Jogos Online (ABRAJOGO), uma voz influente na promoção da colaboração e das melhores práticas na indústria.

Como Embaixador do evento para o tema “Associações”, o presidente enfatiza a importância de uma representação unificada no mercado regulado do Brasil, usando um caso recente envolvendo o Nubank para ilustrar os desafios e oportunidades que se apresentam.

Obrigado por estar conosco hoje. Você poderia começar compartilhando um pouco sobre a missão da ABRAJOGO e sua importância no cenário do iGaming?

É um prazer estar aqui, Lygia. A ABRAJOGO foi fundada com a missão de representar de forma abrangente o mercado de apostas e iGaming no Brasil. Nosso objetivo é integrar todos os agentes do setor – operadores, prestadores de serviço, reguladores e até profissionais dedicados à nossa indústria – garantindo que o crescimento ocorra de maneira responsável e transparente. Com o mercado em transição para um ambiente regulamentado sob leis como a 14.790/2023, associações como a nossa são essenciais para promover a colaboração, defender práticas justas e garantir que todos os participantes sigam os mais altos padrões.

Recentemente, a ABRAJOGO, junto com a AIGAMING e a ANJL, emitiu um comunicado condenando as ações do Nubank. Você poderia explicar o caso e suas implicações mais amplas?

Certamente. A situação envolvendo o Nubank destaca a importância do respeito ao arcabouço regulatório do Brasil. Ao emitir alertas para clientes sobre transferências para sites de apostas, o Nubank não apenas ultrapassou seu papel como instituição financeira, mas também violou um princípio fundamental do Sistema de Pagamentos Brasileiro, que proíbe práticas discriminatórias.

Por que emitir um alerta contra apostas e não contra açúcar, cigarros, álcool ou compras compulsivas? Essa ação do Nubank não apenas desrespeita princípios de liberdade econômica e igualdade, mas também enfraquece a legitimidade de um setor reconhecido pela legislação brasileira, que desempenhará um papel crucial na geração de arrecadação tributária e taxas de licenciamento – um fator importante no ajuste fiscal do país.

Como mencionado, estamos particularmente preocupados com a natureza seletiva desses alertas. O Nubank não emite avisos semelhantes para transações ligadas a setores com impactos sociais comparáveis. Isso cria um ambiente desigual, desencoraja o uso de operadores licenciados e, involuntariamente, impulsiona atividades ilegais. As repercussões de ações como essa podem desestabilizar o ambiente regulatório que estamos nos esforçando para construir.

Como associações como a ABRAJOGO enfrentam desafios como esse e defendem os interesses da indústria?

A colaboração é nossa base. Quando surgem questões como essa, unimos forças com outras associações, como a AIGAMING e a ANJL, para apresentar uma posição conjunta. No caso do Nubank, nosso comunicado enfatizou a importância de respeitar as leis vigentes e manter uma abordagem justa para todas as atividades econômicas legalizadas. Além de responder a incidentes específicos, buscamos ativamente engajar reguladores, legisladores e instituições financeiras para educá-los sobre as nuances do setor e sua contribuição para a economia.

Falando em contribuições, a indústria de apostas costuma ser vista de forma controversa. Como transmitir seu impacto positivo?

Ótima pergunta, Lygia. Uma indústria de apostas regulamentada tem um imenso potencial de contribuição para a economia do Brasil. Ela gera arrecadação tributária, cria empregos e impulsiona a inovação. Além disso, financia esportes, entretenimento e programas sociais. O desafio está em mudar a percepção pública. Promovendo o jogo responsável, garantindo transparência e destacando essas contribuições, podemos mostrar que a indústria é um ativo valioso para o país.

Aqui vai um dado interessante: empresas licenciadas abrem portas para profissionais como estatísticos e matemáticos. Quando foi a última vez que ouvimos falar de centenas de empregos sendo criados para essas qualificações, se é que isso já aconteceu antes? Os benefícios são inúmeros, não importa para onde olhemos.

O BiS SiGMA Americas 2025 terá uma sessão em 9 de abril dedicada exclusivamente ao tema Associações. Quais pontos-chave você pretende destacar?

Nosso foco estará em três pilares: representação, regulamentação e responsabilidade. A representação garante que todos os envolvidos, desde pequenos profissionais até grandes players, tenham voz na construção da indústria. A regulamentação fornece a base para um mercado estável e confiável, protegendo tanto os jogadores quanto os operadores. A responsabilidade envolve a promoção de práticas éticas, desde padrões publicitários até o combate a operações ilegais.

Também queremos enfatizar a importância da unidade. Quando as associações trabalham juntas, como fizemos no caso do Nubank, nossa voz coletiva se torna uma força poderosa para a mudança.

Olhando para o futuro, quais são os principais desafios e oportunidades para o mercado de iGaming no Brasil?

O maior desafio é lidar com as complexidades de um mercado recém-regulamentado. Isso inclui garantir conformidade, combater operadores ilegais e enfrentar percepções equivocadas do público. Por outro lado, as oportunidades são enormes. Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil representa um dos maiores mercados potenciais para o iGaming. Uma indústria bem regulamentada atrairá investimentos internacionais, impulsionará a inovação tecnológica e posicionará o Brasil como líder global no setor.

Precisamos garantir que o ambiente regulatório não se torne tão hostil a ponto de afastar os investidores estrangeiros que já ingressaram no nosso mercado ou desencorajar outros a virem.

Para finalizar, como os agentes do setor podem apoiar os esforços de associações como a ABRAJOGO?

O engajamento é fundamental. Incentivamos operadores, afiliados e prestadores de serviço a se tornarem membros e a participarem ativamente de nossas iniciativas. Seja comparecendo a eventos como o BiS SiGMA Americas, contribuindo para discussões ou aderindo às melhores práticas, cada esforço faz a diferença. Juntos, podemos construir uma indústria de iGaming próspera, responsável e respeitada no Brasil.

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