EUA condena multa de US$ 1,6 bilhão para CCA por fraude

Júlia Moura October 23, 2024
EUA condena multa de US$ 1,6 bilhão para CCA por fraude

A disputa judicial entre o desenvolvedor do resort-cassino Baha Mar, Sarkis Izmirlian, e a China Construction America (CCA) chegou a uma decisão final, com um tribunal dos EUA ordenando que a CCA pague US$ 1,6 bilhão em restituição. O caso se trata de acusações de fraude e sabotagem durante a construção do empreendimento de US$ 4,2 bilhões nas Bahamas, que enfrentou atrasos e acabou sendo retirado do controle de Izmirlian. 

De acordo com a decisão do juiz Andrew Borrok, da Suprema Corte do Estado de Nova York, a CCA, subsidiária da estatal China State Construction Engineering Corp, enganou a empresa Baha Mar Ltd., de Izmirlian, violando o acordo de investidores e desviando recursos que deveriam ser usados para a finalização do resort. O tribunal concluiu que as ações da CCA levaram diretamente ao atraso na inauguração do projeto e às dificuldades financeiras que se seguiram. 

O caso teve início em 2015, quando a Baha Mar Ltd. foi forçada à falência, deixando o resort inacabado. Izmirlian acusou a CCA de atrasar intencionalmente o projeto para ganhar influência sobre o governo das Bahamas e tirá-lo do controle. A decisão recente do tribunal valida essas alegações, com o juiz Borrok destacando múltiplos casos de fraude e violação de contrato por parte da CCA. 

Uma figura-chave no caso é Tiger Wu, vice-presidente executivo da CCA Bahamas e membro do conselho. Wu foi considerado culpado de violar seu dever de agir nos melhores interesses da Baha Mar Ltd., favorecendo, em vez disso, a CCA. Entre as ações fraudulentas, o tribunal apontou o desvio de recursos para projetos não relacionados, como uma obra da CCA no Panamá, além de seu envolvimento na aquisição de um hotel Hilton nas proximidades usando US$ 54 milhões dos fundos de Baha Mar, sem o conhecimento da empresa de Izmirlian. 

A decisão do tribunal também detalha como a CCA conduziu essa compra do Hilton como parte de uma estratégia para criar uma crise de liquidez em Baha Mar, o que resultou na expulsão de Izmirlian do projeto. Izmirlian havia investido US$ 845 milhões no empreendimento, mas, com os constantes atrasos e a pressão financeira, ele perdeu o controle. O governo das Bahamas interveio no processo de liquidação e vendeu a propriedade para o conglomerado de Hong Kong Chow Tai Fook, que finalizou o resort e o inaugurou em abril de 2017. 

A decisão do tribunal também lançou dúvidas sobre o papel do governo das Bahamas no caso, com alegações de corrupção e influência indevida de entidades estrangeiras. Izmirlian, em sua declaração após a decisão, demonstrou estar aliviado por ver a verdade revelada. Ele enfatizou que o projeto Baha Mar foi sua visão por mais de 20 anos, e que foi injustamente retirado de suas mãos quando estava prestes a ser concluído. Ele também criticou a atuação do governo bahamense, que, segundo ele, foi cúmplice na sua remoção do empreendimento. 

Por outro lado, a CCA afirmou que pretende recorrer da decisão, e o governo das Bahamas indicou que revisará as conclusões do tribunal antes de emitir qualquer comentário oficial. 

O caso Baha Mar atraiu atenção internacional devido às grandes quantias envolvidas, suas implicações geopolíticas e a participação de entidades poderosas, como o Export-Import Bank of China (CEXIM), que financiou grande parte da construção do resort. A decisão do tribunal pode também levar a uma maior fiscalização sobre como grandes projetos de construção internacionais são conduzidos, especialmente aqueles envolvendo empresas estatais. 

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