Dominância das apostas esportivas na mídia brasileira

Lea Hogg August 27, 2024
Dominância das apostas esportivas na mídia brasileira

Esta semana, o The Brazilian Report examinou os efeitos do boom das apostas esportivas no Brasil. Plataformas de apostas esportivas e sites de notícias tornaram-se dominantes na mídia brasileira. Da televisão aberta às redes sociais, é impossível passar um dia sem ver um anúncio de uma das várias empresas que operam no país.

Na semana passada, 108 empresas (algumas com múltiplas aplicações) solicitaram ao Ministério da Fazenda a autorização oficial para começar a operar suas marcas no Brasil em 2025. As apostas esportivas e outros tipos de plataformas de jogos on-line foram legalizadas em 2018, mas a partir de janeiro, apenas aquelas que cumprirem as novas regulamentações poderão continuar operando. Se todas forem autorizadas, o governo arrecadará até BRL 3,4 bilhões (US$ 620 milhões) em concessões apenas este ano. Mais empresas devem se juntar a essa lista nos próximos seis meses, quando ocorrerá um novo lote de análises.

O relatório explica que todos os que receberem sinal verde terão que promover campanhas sobre apostas responsáveis e medidas preventivas para evitar o vício em jogos. Os efeitos adversos da atividade, no entanto, parecem estar rapidamente saindo de controle. Estudos recentes encomendados por varejistas e diferentes pesquisas com jogadores pintam um quadro preocupante que está longe de ser abordado pelas regulamentações em implementação.

Uma pesquisa com mais de 2.000 jogadores realizada este mês pelo Instituto Locomotiva mostrou que quase metade (46%) tem entre 19 e 29 anos, e 34% pertencem a famílias com renda mensal de até BRL 13.000 (ou USD 2.400). Apenas 25% têm rendimentos mais altos, o que significa que usuários de baixa renda são predominantes nas plataformas de apostas esportivas. Pior ainda, um terço dos apostadores está endividado e com o crédito comprometido. Mesmo assim, 37% possuem três cartões de crédito, o método de pagamento mais amplamente utilizado nas plataformas de apostas.

Custos ocultos da febre das apostas no Brasil

Em julho, outra pesquisa com mais de 1.300 pessoas, encomendada por uma grande associação de varejistas brasileiros, sugeriu que 63% tiveram sua renda comprometida por perdas em apostas, e 23% disseram ter deixado de comprar roupas para apostar. Até mesmo o varejo alimentício pode ter sido impactado pela febre das apostas no Brasil, com 19% dos entrevistados dizendo que deixaram de fazer uma compra no supermercado para apostar. Além disso, 11% dos entrevistados afirmaram ter deixado de adquirir um serviço de saúde ou medicamento por priorizar apostas.

O The Brazilian Report destaca que, enquanto o governo deve se beneficiar financeiramente da regulamentação das apostas esportivas, os custos sociais estão se tornando cada vez mais evidentes. A prevalência de anúncios de apostas e a facilidade de acesso às plataformas de apostas contribuíram para um aumento no vício em jogos, particularmente entre jovens adultos e famílias de baixa renda. As novas regulamentações exigem que as empresas promovam apostas responsáveis, mas ainda não se sabe quão eficazes serão essas medidas na mitigação dos impactos negativos.

O relatório também foca na necessidade de estratégias abrangentes para abordar os efeitos adversos das apostas esportivas. Isso inclui não apenas medidas regulatórias, mas também campanhas de conscientização pública e sistemas de apoio para aqueles afetados pelo vício em jogos. À medida que a indústria continua a crescer, é crucial que o governo e as partes interessadas trabalhem juntos para garantir que os benefícios não venham à custa das populações mais vulneráveis.

Embora o boom das apostas esportivas no Brasil apresente oportunidades econômicas significativas, também traz sérios desafios sociais. O The Brazilian Report pede uma abordagem equilibrada que maximize os benefícios ao mesmo tempo em que minimiza os danos associados a essa indústria em rápida expansão.

A Conferência SiGMA Leste Europeu, patrocinada pela Soft2Bet, acontecerá em Budapeste de 2 – 4 de setembro de 2024.

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