Operadoras de apostas enfrentam desafios com prazos e regulamentações no Brasil

Júlia Moura June 3, 2024
Operadoras de apostas enfrentam desafios com prazos e regulamentações no Brasil

No Brasil, as operadoras de apostas estão enfrentando um cenário complexo, marcado por um prazo curto de 90 dias para solicitar licenças e por um ambiente regulatório em constante mudança. De acordo com uma portaria recente do novo regulador de apostas do país, as empresas são fortemente recomendadas a enviar seus pedidos de licença até 20 de agosto, para que possam obter uma resposta dentro de 180 dias. Isso permitiria que elas começassem a operar antes que as proibições às apostas online não licenciadas entrem em vigor em 1º de janeiro de 2025. 

Para as operadoras que apresentarem pedidos após os 90 dias iniciais, o processo de avaliação pode levar até 150 dias. Dessa forma, um pedido submetido em setembro pode não ser processado antes de fevereiro do próximo ano, o que pode impedir as empresas de se estabelecerem no mercado antes das novas restrições. 

Fernanda Meirelles, sócia do escritório FAS Advogados, destacou a complexidade do processo, afirmando que o prazo de 90 dias é desafiador para operadoras que ainda não iniciaram a preparação. Fabio Ferreira Kujawski, do escritório Mattos Filho, também apontou que o prazo apresenta desafios significativos, especialmente para empresas estrangeiras, devido ao tempo adicional de até 45 dias que o Ministério do Esporte pode levar para analisar os pedidos submetidos à Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda

O processo de regulamentação do mercado de apostas no Brasil está dividido em quatro fases, com a portaria atual representando apenas a primeira. Questões políticas cruciais, como a necessidade de um parceiro local que possua pelo menos 20% do capital social da operadora, ainda não foram completamente esclarecidas. Este requisito legal, segundo Caio de Souza Loureiro, sócio do escritório TozziniFreire, é um dos principais pontos de incerteza para as empresas estrangeiras interessadas no mercado brasileiro. 

Além disso, há preocupações sobre a exigência de hospedagem de dados no Brasil. De acordo com Meirelles, a obrigatoriedade de localização de dados imposta pela portaria de 3 de maio é uma questão ainda nebulosa, já que não está claro quais acordos de cooperação poderiam permitir que as operadoras evitassem essa exigência, que poderia ser financeiramente onerosa. 

Apesar das barreiras regulatórias e do cronograma apertado, o interesse no mercado brasileiro continua alto. A Betano foi a primeira operadora a enviar um pedido de licença, e outras 134 operadoras de diversas regiões, incluindo Europa, EUA e América Latina, manifestaram formalmente seu interesse durante um processo inicial de manifestação supervisionado pelo Ministério das Finanças no final de 2023. 

Enquanto as operadoras lidam com os desafios regulatórios e buscam se estabelecer no mercado brasileiro, a evolução contínua das regulamentações e a resolução de questões pendentes serão cruciais para definir o futuro das apostas no país.

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