Áustria: jogador é ordenado a devolver ganhos para operador não licenciado

Garance Limouzy August 12, 2024
Áustria: jogador é ordenado a devolver ganhos para operador não licenciado

O Supremo Tribunal da Áustria ordenou que uma mulher devolva parte de seus ganhos a um operador de jogos de azar on-line não licenciado. De acordo com as rigorosas regulamentações de jogos de azar da Áustria, tanto jogadores quanto operadores podem ser responsabilizados por participar de atividades de jogo não autorizadas.

A Áustria opera um mercado de jogos altamente regulado e monopolizado. Qualquer outra plataforma de jogos que vise jogadores austríacos é considerada ilegal.

Em 2021, uma decisão do Supremo Tribunal declarou que contratos com operadores estrangeiros e não licenciados eram inválidos, permitindo que os jogadores buscassem reembolsos por suas perdas.

Essa decisão levou a inúmeras ações judiciais contra operadores estrangeiros como 888 (agora Evoke) e William Hill, com jogadores buscando recuperar dinheiro perdido enquanto jogavam nessas plataformas.

No entanto, a última decisão introduz uma nova dimensão nessas batalhas legais, permitindo que os operadores apresentem contrarreclamações contra os jogadores.

O caso emblemático: jogador vs. operador 

O caso recente envolveu uma mulher austríaca que ganhou € 7.162 de um operador sediado em Malta e não licenciado entre maio e julho de 2020.

De acordo com o jornal austríaco Der Standard, a jogadora procurou recuperar suas perdas de jogo do cassino on-line Bet365. Em resposta, a Bet365 processou para recuperar aproximadamente € 7.000 em ganhos. Enquanto o Tribunal Distrital de Donaustadt inicialmente ficou ao lado da jogadora, o Supremo Tribunal reverteu esta decisão, favorecendo a Bet365 e ordenando que a jogadora devolvesse € 626,60 para cobrir as despesas legais do operador.

Explicando o veredicto do tribunal 

O Supremo Tribunal decidiu que contratos com cassinos on-line ilegais são “totalmente nulos e sem efeito”, necessitando seu cancelamento em ambas as direções.

Sem essa anulação mútua, os jogadores poderiam recuperar suas perdas enquanto retêm seus ganhos, efetivamente permitindo que eles “participem de jogos proibidos com impunidade.” O objetivo principal desta proibição legal é minimizar o apelo de participar em jogos de azar ilegais. Ao exigir que os jogadores devolvam seus ganhos, a lei efetivamente reduz esse incentivo.

O tribunal também observou que a jogadora havia ignorado os limites de aposta, o que contribuiu para sua decisão de evitar estabelecer um precedente que pudesse encorajar outros a contestar suas perdas em situações semelhantes.

O tribunal esclareceu que sua decisão não tinha como objetivo proteger os interesses do operador não licenciado, mas sim preservar a integridade das regulamentações de jogos da Áustria.

“Uma opção unilateral para os jogadores recuperarem suas perdas tornaria ainda menos vantajoso para os operadores oferecer jogos proibidos no mercado. No entanto, se o operador também puder recuperar os ganhos pagos ilegalmente, isso desencorajará os jogadores de jogar com tais operadores”, explicou o juiz.

Implicações mais amplas 

Esta decisão pode ter implicações de longo alcance, especialmente em outros países europeus com disputas legais semelhantes. Por exemplo, a Alemanha está atualmente lidando com um caso que questiona se os operadores de apostas esportivas devem reembolsar os jogadores por perdas ocorridas antes de o país ter regulamentado o mercado. O caso foi encaminhado ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que poderia influenciar casos semelhantes em toda a Europa.

PRÓXIMOS PASSOS: A Conferência SiGMA Leste Europeu, patrocinada pela Soft2Bet, acontecerá em Budapeste de 2-4 de setembro de 2024.

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