Loteria de Porto Rico sob investigação: falhas ameaçam sorteios

Júlia Moura September 21, 2024
Loteria de Porto Rico sob investigação: falhas ameaçam sorteios

Um relatório interno do Governo de Porto Rico expõe falhas críticas nos controles da Loteria de Porto Rico, revelando uma série de deficiências que comprometem a integridade dos sorteios. As falhas, que variam desde a falta de regulamentação adequada até problemas na impressão de bilhetes, exigem medidas corretivas urgentes para restaurar a segurança e a transparência nas operações. 

O documento, emitido pelo Escritório do Inspetor Geral (OIG) em 10 de setembro de 2024, destaca a necessidade de que a administração da Loteria e seus colaboradores tomem ações imediatas para resolver as falhas identificadas. O relatório afirma que a falta de controles internos e a ausência de procedimentos adequados podem levar a sérias irregularidades e até à perda de confiança do público na Loteria. 

O relatório aponta que, nos últimos três anos, cerca de um terço dos sorteios foram realizados sem o quórum necessário, comprometendo ainda mais a validade dos resultados. A presença insuficiente de membros do Conselho de Loteria durante os sorteios levanta questões sobre a legitimidade dos processos e a supervisão adequada. 

Entre as principais deficiências identificadas, a falta de regulamentação formal para o controle de acesso físico e a autenticação dos sistemas são preocupantes. O relatório observa que o acesso a áreas críticas, como as seções de Impressão e Preparação de Bilhetes, é concedido a indivíduos sem a devida justificativa, o que cria um ambiente propenso a fraudes. A falta de um controle rigoroso para identificar e restringir o acesso apenas ao pessoal autorizado é um ponto fraco que deve ser corrigido o quanto antes. 

O setor de Impressão de Bilhetes, responsável pela produção de bilhetes para sorteios ordinários e extraordinários, apresenta deficiências significativas, como a falta de registros adequados sobre a manutenção diária e semanal das impressoras. Essa ausência de documentação torna difícil a monitorização e verificação dos procedimentos, aumentando o risco de erros que podem ser evitados. 

Um exemplo citando um erro crítico ocorreu em maio de 2023, quando um controle de qualidade inadequado resultou na impressão de 23.111 bilhetes com o preço incorreto. O valor impresso era de US$ 1,00 em vez do correto de US$ 2,00. Embora o erro tenha sido reconhecido, a situação expõe a fragilidade do sistema de verificação de qualidade. 

Outro exemplo é a duplicação de bilhetes. Entre janeiro de 2021 e agosto de 2023, quase metade dos sorteios (47%) teve bilhetes duplicados, uma falha grave que aponta para um problema sistemático no processo de impressão. O relatório menciona que, mesmo com procedimentos claros para evitar duplicações, os operadores frequentemente ignoram as diretrizes estabelecidas, comprometendo assim a integridade do sorteio. 

A ausência de um sistema de registro formal para documentar incidentes de falha nas impressoras também foi identificada. A maioria dos serviços técnicos não é formalmente registrada, dificultando a rastreabilidade e a identificação de problemas. A falta de dados como o nome do técnico, a data do reparo e as soluções adotadas só agrava a situação. O relatório destaca a importância da atualização dos regulamentos internos, muitos dos quais estão negligentes, com alguns não sendo revisados há mais de 20 anos. 

Os desafios se estendem também à seção de Preparação de Notas. A falta de um sistema formal para registrar e identificar notas defeituosas ou duplicadas é um problema que precisa ser abordado. O relatório ressalta que as práticas inadequadas e a ausência de supervisão eficaz têm levado à ocorrência recorrente de erros, como a impressão e o manuseio de bilhetes defeituosos. 

Em relação ao gerenciamento de notas descartadas, o relatório também aponta deficiências graves. Não há controle adequado sobre a destruição e o manuseio dessas notas, o que pode levar a possíveis fraudes. Essa falta de cuidado e supervisão aumenta o risco de uso indevido dos bilhetes descartados. 

O OIG classifica como “essencial” que medidas corretivas sejam tomadas imediatamente. O relatório recomenda a implementação de controles mais rigorosos, a atualização dos procedimentos internos e um treinamento adequado para o pessoal envolvido nas operações da Loteria. A supervisão eficaz deve ser reforçada para garantir que todos os processos sejam realizados em conformidade com as regulamentações vigentes, evitando assim possíveis irregularidades no futuro. 

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