Greve é planejada devido ao aumento de impostos sobre corridas de cavalos na França

Garance Limouzy October 30, 2024
Greve é planejada devido ao aumento de impostos sobre corridas de cavalos na França

O plano do governo francês de aumentar os impostos sobre apostas em corridas de cavalos encontrou resistência de partes interessadas que temem o impacto na viabilidade financeira do setor. A proposta reacende debates sobre a tributação das receitas de jogos e levanta preocupações dentro do setor de corridas. Além disso, reflete a mudança de posicionamento do governo em relação a questões mais amplas sobre jogos de azar, incluindo a recente suspensão da legalização de cassinos on-line.

Impostos mais altos para um mercado em crescimento

A proposta do governo, reapresentada em 28 de outubro de 2024, busca ajustar impostos sobre apostas on-line e físicas. Como parte do Projeto de Lei de Finanças para a Seguridade Social de 2025, o governo sugere aumentar o imposto sobre a receita bruta de jogos (GGR) das apostas em corridas de cavalos de 6,9% para 7,5% para locais físicos, como hipódromos e pontos da PMU. Para apostas on-line, o aumento seria ainda maior, chegando a 15%. A emenda também inclui impostos mais altos sobre propagandas e promoções de jogos, com previsão de arrecadar mais €200 milhões para programas de saúde pública e bem-estar social, segundo estimativas do governo.

Esse aumento está ligado ao crescimento recorde da indústria de jogos na França. Em 2023, o setor gerou € 13,4 bilhões em GGR, um crescimento de 3,5% em relação ao ano anterior. As apostas on-line tiveram desempenho notável, somando € 2,3 bilhões em GGR, um aumento de 7,2%. O ministro do Orçamento, Laurent Saint-Martin, afirmou que o ajuste busca equilibrar o dinamismo do setor com preocupações de saúde pública, especialmente sobre o vício em jogos de azar.

Protestos planejados e reação do setor

A reação do setor de corridas foi imediata e intensa. Em 7 de novembro, jóqueis, treinadores e funcionários do setor planejam se mobilizar em todo o país para protestar contra o aumento de impostos. Stéphane Meunier, presidente da Associação de Treinadores e Jóqueis de Trote, declarou: “Esse será um dia sem corridas, uma manifestação contra uma política fiscal que ameaça nossa existência.”

Profissionais do setor alertam que a nova carga tributária pode devastar uma indústria já frágil, colocando em risco empregos dos 29.000 trabalhadores do setor. Pierre Préaud, secretário-geral da FNCH (Federação Nacional de Corridas de Cavalos), afirmou: “O nosso setor não é como o jogo convencional. Não temos acionistas para satisfazer, e nosso foco está em apoiar a agricultura local, gerar empregos rurais, reinvestir na criação de cavalos e fortalecer comunidades regionais.” Segundo a FNCH, o setor contribuiu com €830 milhões para as finanças públicas em 2023, incluindo € 138 milhões em contribuições sociais.

A singularidade do setor de corridas de cavalos

O setor defende que oferece um serviço público único, o que o diferencia de outros tipos de jogos, como apostas esportivas e cassinos. Diferentemente de outros setores, as corridas de cavalos supostamente apoiam a economia agrícola e o desenvolvimento rural, criando uma relação benéfica com o governo. De acordo com Préaud, o setor tradicionalmente desfruta de uma alíquota tributária reduzida. A remoção desse benefício fiscal, argumentam as partes interessadas, pode, na verdade, reduzir a arrecadação do governo a longo prazo.

Associações como a France Galop, a SETF (Sociedade de Incentivo ao Trote Francês) e a FNCH emitiram uma declaração conjunta criticando a proposta, afirmando que ela está “desconectada da realidade das apostas pari-mutuel”. As associações alertaram que o aumento de impostos “significa menos receita para os agricultores e menos empregos rurais”, ressaltando que uma queda na receita poderia desencadear “uma redução automática nas atividades e consequentes cortes de empregos”.

O resultado do protesto em 7 de novembro pode influenciar o futuro da emenda. Líderes do setor esperam que a oposição visível leve o governo a reconsiderar a proposta. Eles também buscam apoio de prefeitos rurais, cujas cidades se beneficiam economicamente dos hipódromos locais.

Um setor sob escrutínio

As corridas de cavalos permanecem controversas na França devido a preocupações com o bem-estar animal. Nos últimos anos, a indústria enfrentou críticas após a revelação de que 135 cavalos morreram durante corridas em 2019.

A recente morte do cavalo Haya Zark no prestigiado Prix de l’Arc de Triomphe, em outubro de 2024, reacendeu o debate sobre o tratamento dos animais. Este incidente, juntamente com a eutanásia de outro cavalo em Longchamp meses antes, gerou grande preocupação pública. Um treinador comparou as corridas a corridas de automóveis para justificar a eutanásia após acidentes não fatais: “É como um carro. Eu sou o motorista, mas se houver um acidente e for preciso trocar os pneus, é o dono quem decide.” Com as discussões sobre o bem-estar animal se intensificando, a indústria enfrenta pressão crescente para lidar com essas questões éticas.

Legalização adiada de cassinos on-line

A nova emenda surge logo após um debate sobre a legalização de cassinos on-line na França. A proposta, apresentada semanas atrás, enfrentou forte resistência de operadores de cassinos físicos, autoridades públicas e grupos de apoio ao tratamento de vícios. Em 27 de outubro, o ministro Saint-Martin anunciou a retirada da proposta, citando a necessidade de consultas mais amplas com as partes envolvidas.

A legalização, inicialmente proposta em 19 de outubro, permitiria a oferta on-line de jogos populares como roleta e blackjack. Com estimativas de que o mercado ilegal de jogos on-line gere até € 1,5 bilhão por ano, defensores da medida argumentavam que a legalização poderia conter a atividade ilícita e gerar quase € 1 bilhão em receita tributária anual.

Considerações sobre saúde pública

Além dos argumentos econômicos, o governo intensificou sua atenção sobre os jogos de azar devido a preocupações de saúde pública. A Federation Addiction, que representa especialistas em dependência na França, manifestou forte oposição à legalização de cassinos on-line, destacando os riscos de vício relacionados à jogabilidade rápida e apostas de alto valor.

O governo também citou essas preocupações ao justificar o aumento dos impostos sobre apostas em corridas. “Esta emenda busca melhorar a justiça do nosso sistema tributário enquanto combate o vício em jogos de azar”, declarou um porta-voz do governo.

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Bruna Garcia
2024-10-30 12:09:28