A pressão está aumentando sobre o governo trabalhista do Reino Unido, que enfrenta uma decisão crucial: priorizar o bem-estar público ou continuar permitindo a ampla promoção de apostas no esporte britânico.
De acordo com um relatório do The Guardian, ministros trabalhistas estão sob crescente pressão para implementar regulamentações mais rigorosas sobre a publicidade de apostas, especialmente no que diz respeito à sua relação com o esporte.Essa pressão é exercida por ativistas, parlamentares e figuras do esporte, que estão unidos em apelo ao governo atual para que reverta a decisão da gestão anterior de não intensificar o controle sobre a publicidade de apostas. O debate gira em torno da promoção generalizada das apostas, que, na visão de muitos, tem como alvo grupos vulneráveis, incluindo crianças.
Em uma conferência realizada perto do Parlamento, especialistas enfatizaram a necessidade urgente de controles mais rígidos sobre o marketing de apostas. O ex-líder conservador Iain Duncan Smith destacou o apoio público a uma proibição total dos anúncios de apostas, embora ele não tenha apoiado totalmente essa medida. Ele instou o governo a restringir incentivos de apostas, como “apostas grátis”, e a limitar a exposição de anúncios de apostas no esporte, como em patrocínios em camisas de futebol e propagandas em estádios.
Os clubes da Premier League, em uma medida voluntária, concordaram em remover os patrocinadores de apostas da frente de suas camisas até o final da temporada de 2024. No entanto, essa medida não abrange outros espaços publicitários, como placas de campo ou ligas de futebol de divisões inferiores. Mark Palios, ex-CEO da Associação de Futebol e presidente do Tranmere Rovers, criticou essa abordagem parcial, argumentando que crianças que apoiam clubes das divisões inferiores merecem a mesma proteção contra anúncios de apostas.
O Tranmere Rovers de Palios é um dos 40 clubes de futebol que apoiam a campanha The Big Step, que defende a rejeição completa dos patrocinadores de apostas. Além disso, em uma denúncia de 2022 pelo The Guardian, foi revelado que os clubes da English Football League lucravam com as perdas dos apostadores, evidenciando a natureza profundamente enraizada das apostas no futebol.
Chamada por regulamentações mais rígidas sobre anúncios de apostas
Ativistas também estão pressionando por uma proibição de anúncios de apostas antes das 21h, uma política apoiada pela GambleAware, uma importante instituição de caridade no Reino Unido. Novos dados da Comissão de Apostas sugerem que o problema dos danos causados pelas apostas pode ser muito maior do que se pensava anteriormente, afetando até 2,5% dos adultos britânicos.
Na conferência, o Lord Foster, parlamentar do Partido Liberal Democrata, criticou o fracasso do governo anterior em abordar a publicidade de apostas em suas reformas regulatórias de 2023. Embora o livro branco incluísse novas medidas, como um limite de £ 5 para apostas em máquinas caça-níqueis e verificações de acessibilidade, evitou abordar a publicidade, supostamente devido à falta de evidências que ligassem diretamente os anúncios aos danos causados pelas apostas.
No entanto, o relatório cita especialistas como a Dra. Heather Wardle, da Universidade de Glasgow, que argumenta que provas absolutas de danos causados pelos anúncios de apostas não são necessárias para uma ação. Ela comparou a situação atual à publicidade de tabaco, em que proibições foram implementadas com base nos impactos observados na sociedade, e não em evidências científicas conclusivas.
O comentarista de futebol Clive Tyldesley também se juntou ao debate, revelando que deixou seu cargo na TalkSport devido à promoção de apostas esportivas durante as transmissões. Enquanto isso, Guy Parker, CEO da Advertising Standards Authority, admitiu estar chocado com a prevalência de anúncios de apostas, mas enfatizou que a responsabilidade pela formulação de políticas cabe ao governo.
Em contrapartida, o Betting & Gaming Council defendeu sua colaboração com equipes esportivas, destacando seus esforços para promover mensagens de jogo responsável e limitar o apelo dos anúncios para crianças. No entanto, críticos argumentam que, apesar de medidas voluntárias como a proibição “whistle to whistle” durante as transmissões ao vivo de esportes, os logotipos de apostas ainda podem aparecer milhares de vezes em uma única partida da Premier League, enfraquecendo esses esforços.
Rob Davies, autor do relatório do The Guardian, também atuou como moderador na Cúpula sobre Apostas de Westminster, conduzindo discussões sobre a necessidade urgente de regulamentações mais rigorosas sobre a publicidade de apostas.
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