A indústria de jogos adota conformidade ESG: perspectivas de Reuben Portanier
Diante dos acontecimentos recentes, notadamente com a implementação da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) a nível da União Europeia e a introdução do Código de Boas Práticas Voluntário de Ambiente, Social e Governança (ESG) para o setor de jogos on-line pela MGA, a SiGMA News explorou, em uma entrevista exclusiva, a relevância da conformidade com os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança) na indústria de jogos. Reuben Portanier, Sócio Consultivo e de Conformidade da GTG e ex-CEO da MGA, o órgão regulador de jogos de Malta, compartilhou insights valiosos sobre esse cenário em constante evolução.
Necessidade de aumentar a conscientização
Portanier enfatizou a falta de conscientização entre os clientes sobre o impacto do ESG e do CSRD. Ele revelou que muitos clientes erroneamente acreditavam que não estavam sujeitos às regulamentações de ESG, levando à necessidade de aumentar a conscientização.
Abordando a motivação por trás das empresas que adotam o ESG, a SiGMA News perguntou se as organizações o adotariam como um fardo ou reconheceriam seu sentido nos negócios. Portanier reconheceu a complexidade dessa questão, sugerindo que entidades orientadas pelo lucro podem percebê-lo como um fardo, enquanto visionários dentro da indústria o veriam como um investimento no futuro. Portanier acrescentou que a indústria de jogos tem a base do ESG devido ao ambiente altamente regulamentado em que opera. Ele observou que, inadvertidamente ou por padrão, a maioria dos operadores já tem várias medidas de ESG em vigor.
A discussão então se voltou para o impacto mais amplo do ESG no comportamento do consumidor. Portanier observou que empresas com abordagens voltadas para o futuro consideram os efeitos de longo prazo de suas decisões comerciais, antecipando como os clientes as perceberão em um período de 5 a 10 anos. Ele citou exemplos no setor de cosméticos, onde empresas promovem ativamente suas práticas ambientais e éticas, influenciando as decisões de compra dos consumidores.
Apenas uma estratégia de marketing?
Questionado se havia valor genuíno no ESG além de ser uma estratégia de marketing, Portanier afirmou que, embora possa haver benefícios imediatos de RP, o valor a longo prazo é determinado pelo aumento das vendas. Ele enfatizou a importância do ESG para maximizar investimentos, influenciar o comportamento do consumidor e criar uma imagem positiva para a empresa.
A conversa então abordou o paradoxo na implementação do ESG, onde empresas menores (visionárias) podem não ter os meios financeiros para adotar práticas de ESG, enquanto empresas maiores enfrentam desafios devido ao seu tamanho. Portanier sugeriu que empresas maiores, apesar das dificuldades em mudar, são compelidas a fazê-lo por legislação, impulsionando um ritmo mais rápido de mudança.
A entrevista concluiu com foco na percepção do setor de jogos e o papel do ESG em alterá-la. Portanier destacou a percepção negativa da indústria, alimentada por protestos públicos e reações políticas. Ele argumentou que o ESG oferece uma oportunidade para o setor de jogos demonstrar práticas responsáveis e mudar positivamente a percepção pública.
A discussão enfatizou a jornada da indústria de jogos em direção à conformidade com o ESG, reconhecendo-a não apenas como um requisito regulatório, mas como uma jogada estratégica para moldar uma imagem positiva e promover a sustentabilidade a longo prazo.
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