Disputa entre Loterj e Ministério da Fazenda sobre apostas esportivas pode chegar ao STF

Júlia Moura há 3 semanas
Disputa entre Loterj e Ministério da Fazenda sobre apostas esportivas pode chegar ao STF

A indústria das apostas esportivas no Brasil está no epicentro de uma confusão federativa, à medida que os estados e o governo federal divergem sobre a regulamentação desse setor. Mesmo enquanto aguarda uma regulamentação clara, o mercado já se tornou objeto de uma disputa entre a Loteria do Rio de Janeiro (Loterj) e o Ministério da Fazenda, com potencial de se desenrolar no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Essa divergência se concentra principalmente no alcance das loterias estaduais, cuja possibilidade foi aberta pelo STF em 2020 ao derrubar o monopólio da União. Enquanto a Fazenda defende que as apostas devem ser restritas aos apostadores locais, conforme determinado pela legislação recentemente aprovada pelo Congresso, a Loterj argumenta que as concessões estaduais devem ser respeitadas, especialmente as realizadas antes da regulamentação nacional por meio de uma Medida Provisória (MP). 

Essa batalha é também uma disputa por condições mais vantajosas para as empresas do setor. A Loterj oferece uma outorga mais acessível e uma taxa sobre a receita bruta de jogos (GGR) inferior à exigida pelo governo federal. No entanto, a preocupação da Fazenda é que a falta de limites territoriais possa acarretar em uma competição desenfreada entre os estados e a União, comprometendo os esforços de regulamentação nacional e reduzindo as receitas federais. 

Enquanto isso, a pasta do Esporte e a Fazenda travam uma disputa interna pela liderança na operacionalização das apostas esportivas, enquanto a Secretaria de Prêmios e Apostas se esforça para estabelecer uma agenda regulatória clara. A Advocacia Geral da União (AGU) está de olho na questão e poderá levar o caso diretamente ao STF, dada a sua natureza federativa. 

Em suma, o desentendimento entre a Fazenda e a Loterj em torno das apostas esportivas online reflete os desafios enfrentados na regulamentação deste mercado Brasil. As decisões tomadas terão implicações significativas não apenas para os estados, mas também para a arrecadação federal e para as operações das empresas do setor. 

Além disso, a questão suscita preocupações sobre o combate ao jogo ilegal. Enquanto a Loterj destaca a falta de ação efetiva por parte do Ministério da Fazenda nesse sentido, clamando por uma abordagem mais estratégica e coordenada envolvendo outros órgãos reguladores e de segurança pública, a pasta da Fazenda busca estabelecer uma estrutura regulatória que não apenas promova a legalidade, mas também proteja os interesses financeiros do Estado. 

Entretanto, o impasse vai além das disputas entre órgãos governamentais. Há também uma preocupação crescente entre os especialistas jurídicos e os próprios operadores do mercado quanto à segurança jurídica e à previsibilidade regulatória. A incerteza em torno do desfecho dessa controvérsia pode afetar não apenas os investimentos no setor, mas também a confiança dos consumidores, que buscam uma experiência de jogo transparente e regulamentada. Portanto, a resolução desse embate não apenas moldará o cenário das apostas esportivas no Brasil, mas também terá ramificações significativas para a economia, a política e a sociedade como um todo. 


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